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*Júlio César Cardoso
Imagem: GP1Júlio Cesar Cardoso (Imagem:GP1)Júlio Cesar Cardoso
Reportagem da Folha de S.Paulo (23/9) revela que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez várias viagens ao Rio de Janeiro, entre 2003 e 2014, quando era governador de Minas Gerais, usando aviões oficiais. Segundo sua assessoria de imprensa, as idas e vindas ao Rio de Janeiro, majoritariamente, eram para visitar sua filha adolescente, e que o senador agiu exatamente igual à presidente da República em seus deslocamentos ao Sul do país para visitar familiares e de acordo como prevê a legislação de outros estados brasileiros.

Independentemente de partido, contra fatos não há argumentos. As viagens de Aécio ao Rio de Janeiro foram realizadas.  Todavia, qual o político brasileiro que não tem rabo preso por algum deslize praticado durante o mandato? Alguns deslizam menos, mas a maioria escorrega na maionese e com muita desenvoltura. Falta ao político nacional consciência dos princípios constitucionais, como legalidade, impessoalidade, moralidade, probidade e economicidade.

A verdade é que os nossos políticos não têm cerimônia de misturar o público com o privado, usam e abusam das mordomias nos cargos que exercem e se esquecem de que do outro lado existe um Brasil real de miseráveis, de famintos, de cidadãos sem eira nem beira, que não têm direito à educação de qualidade, a serviço público de saúde de dignidade humana, à segurança pública etc. porque o dinheiro da nação é desviado para suprir os gastos perdulários da classe política.

Se o dinheiro saísse do bolso de cada político para bancar a orgia dos gastos que praticam a débito do Erário, com certeza a coisa seria arrostada de forma diferente, e o dinheiro público (do contribuinte) seria mais bem respeitado.

O que destrói este país é a esperteza de nossos políticos de tirar vantagem da coisa pública. Dilapidam o Tesouro indecorosamente e ainda encontram justificativas esfarrapadas e desavergonhadas para persuadir a sociedade de que são honestos. Quando são tachados de larápios do Erário ficam melindrados e sem razão, pois os atos que praticam  provam que são incompatíveis com a conduta que se espera de um político sério.

O Brasil, infelizmente, é comandado por políticos inescrupulosos, que não medem esforços de meter a mão no dinheiro da nação. Usar aeronaves oficiais para seus deleites particulares já se tornou uma prática viciada de nossos políticos oportunistas, e os noticiários estão fartos de denunciar.

O nosso tecido político é muito encardido e precisa passar por uma lavagem ética e de moralidade pública. Lamentavelmente, a solércia política é uma especialidade nacional que ainda não foi combatida. Veja como Euclides da Cunha, de forma crítica, se reportou ao político solerte: “o político tortuoso e solerte que (...) faz da política um meio de existência e supre com esperteza criminosa a superioridade de pensar.”

*Júlio César Cardoso é Bacharel em Direito e servidor federal aposentado

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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