*Arthur Teixeira Júnior
Os tempos mudaram. Antigamente, quando rebaixavam minha nota na escola, minha mãe me dava um cascudo (ela chamava de crock) e me colocava de castigo (geralmente proibindo de assistir TV). Rebaixaram a nota do Brasil e eu não vi ninguém dando um cascudo na Dilma. Nem pondo ela de castigo. O que vejo é o Levi dando explicação na TV: Ligo no Jornal Nacional, lá está o Levi. Mudo para a Band e lá está ele também. Só não o vejo naquele canal que passa exorcismo o dia inteiro (talvez esteja na hora dele aparecer por lá).
No rádio, na revista, no Congresso, na internet, é Levi em todo o lugar. Mas como ele consegue? Será que ele não almoça, não vai ao banheiro, não se cansa de dar as mesmas explicações? Lembra-me a Zélia Cardoso na época do confisco das poupanças... Mau sinal.
Em uma das entrevistas que assisti, o Levi citou como medida para contenção de despesas um maior rigor na concessão de licenças médicas pelo INSS. Ao invés de combaterem as fraudes e os desvios, vão cortar os benefícios. Doravante, atestado para faltar ao serviço, só se for de óbito.
Avisei ao dono do mercadinho aqui da esquina que neste mês vou pagar minha conta em parcelas: 50% dia 5, 30% dia 15 e o restante no final do mês, do jeitinho que alguns governos estaduais estão fazendo com os salários dos servidores. Pois ele não topou e fechou minha conta, cortando o crédito. Gozado, uns podem e outros não podem.
Fiquei sabendo que meu empregador não repassa faz meses os valores que desconta de meu salário a título de plano de saúde para a cooperativa médica. Ou seja, cobra (confisca) de mim, não repassa os valores e fica por isso mesmo. Logicamente fiquei sabendo disso da pior maneira possível, quando negaram minha consulta que demorei meses para agendar. Mas se deixo de pagar a conta de luz, a concessionária corta o fornecimento antes de vencer a próxima.
Silvinha avisou que precisa de aumento salarial ou não vem mais a partir do fim do mês. Tentei explicar que recebo o mesmo salário desde 2.006 (9 anos) mas a pensão alimentícia que pago, vinculada ao salário mínimo, é corrigida anualmente. Sem falar das contas de água, luz, combustível, aluguel, alimentação, etc. Ela respondeu que lascado não é para ter secretária.
Dilma estourou o cartão de crédito e nós pagamos a conta? E agora querem subir os impostos para resolver a situação. Já temos a proposta de cobrar os impostos em dólar. O trabalhador recebe em real e paga em dólar. Vou trocar o apelido do meu bilau para “imposto”, para ver se sobe.
Quem deve estar aliviado é o Aécio, pois se livrou de uma boa.
Para não dizer que nada cai neste país, o Piauí resolveu dar o exemplo. Começou a derrubar os telhados das escolas estaduais. Aluno não leva mais “bomba” na escola. Agora leva sarrafada. Estudante ia para escola a pé, sem celular, descalço (para não ser assaltado) e agora vai de capacete. Tem professor pedindo adicional de periculosidade.
Está na hora de alguém “rodar a baiana”!
Para quem não sabe: no início dos desfiles de carnaval no Rio de Janeiro, as integrantes das “alas das baianas” por vezes eram molestadas por alguns espectadores que insistiam em apalpar seus traseiros. Alguns blocos, então, fantasiavam capoeiristas como baianas, incorporando-os ao bloco. Quando algum engraçadinho desavisado apalpava os glúteos errados, recebia um portentoso “rabo de arraia” nas fuças. Era a baiana rodando e nocauteando o inoportuno.
Telefonei hoje de manhã para a empresa da qual aluguei minha cadeira de rodas pedindo instruções para efetuar o pagamento. A atendente respondeu que eu teria de ir lá pessoalmente. Como? Aluguei uma cadeira de rodas, para uso próprio, supõe-se que eu seja um cadeirante, além do que meu médico disse-me que festejei o Dia da Pátria, mas o Dia da Criança... Imagina eu chamando um taxi (que faça fiado), metade da vizinhança ajudando-me a embarcar no taxi, acomodando as sondas e os drenos sobre o painel, a Silvinha indo no banco de trás carregando o monitor cardíaco, o cilindro de oxigênio e segurando o tubinho de soro, indo feliz pagar uma conta... Que empresário é esse cujo cliente, que é cadeirante, cardíaco e jurado de morte, telefona para pagar e ele cria dificuldades? Um empresário que vai ficar no prejuízo!
Hoje consegui enxergar como ficou a minha perna. A cicatriz parece o resultado de uma necropsia. Caso me recupere, não haverá Cicatricure que dê jeito. Vou ter que apelar para massa corrida.
Só porque falei do Vasco na crônica anterior, ele ganhou o primeiro jogo depois de meses levando surras. Tem vaiscaindo encomendando artigos meus até para publicar em missais.
*Arthur Teixeira Júnior é colaborador
Imagem: GP1Arthur Teixeira Júnior
Os tempos mudaram. Antigamente, quando rebaixavam minha nota na escola, minha mãe me dava um cascudo (ela chamava de crock) e me colocava de castigo (geralmente proibindo de assistir TV). Rebaixaram a nota do Brasil e eu não vi ninguém dando um cascudo na Dilma. Nem pondo ela de castigo. O que vejo é o Levi dando explicação na TV: Ligo no Jornal Nacional, lá está o Levi. Mudo para a Band e lá está ele também. Só não o vejo naquele canal que passa exorcismo o dia inteiro (talvez esteja na hora dele aparecer por lá).
No rádio, na revista, no Congresso, na internet, é Levi em todo o lugar. Mas como ele consegue? Será que ele não almoça, não vai ao banheiro, não se cansa de dar as mesmas explicações? Lembra-me a Zélia Cardoso na época do confisco das poupanças... Mau sinal.
Em uma das entrevistas que assisti, o Levi citou como medida para contenção de despesas um maior rigor na concessão de licenças médicas pelo INSS. Ao invés de combaterem as fraudes e os desvios, vão cortar os benefícios. Doravante, atestado para faltar ao serviço, só se for de óbito.
Avisei ao dono do mercadinho aqui da esquina que neste mês vou pagar minha conta em parcelas: 50% dia 5, 30% dia 15 e o restante no final do mês, do jeitinho que alguns governos estaduais estão fazendo com os salários dos servidores. Pois ele não topou e fechou minha conta, cortando o crédito. Gozado, uns podem e outros não podem.
Fiquei sabendo que meu empregador não repassa faz meses os valores que desconta de meu salário a título de plano de saúde para a cooperativa médica. Ou seja, cobra (confisca) de mim, não repassa os valores e fica por isso mesmo. Logicamente fiquei sabendo disso da pior maneira possível, quando negaram minha consulta que demorei meses para agendar. Mas se deixo de pagar a conta de luz, a concessionária corta o fornecimento antes de vencer a próxima.
Silvinha avisou que precisa de aumento salarial ou não vem mais a partir do fim do mês. Tentei explicar que recebo o mesmo salário desde 2.006 (9 anos) mas a pensão alimentícia que pago, vinculada ao salário mínimo, é corrigida anualmente. Sem falar das contas de água, luz, combustível, aluguel, alimentação, etc. Ela respondeu que lascado não é para ter secretária.
Dilma estourou o cartão de crédito e nós pagamos a conta? E agora querem subir os impostos para resolver a situação. Já temos a proposta de cobrar os impostos em dólar. O trabalhador recebe em real e paga em dólar. Vou trocar o apelido do meu bilau para “imposto”, para ver se sobe.
Quem deve estar aliviado é o Aécio, pois se livrou de uma boa.
Para não dizer que nada cai neste país, o Piauí resolveu dar o exemplo. Começou a derrubar os telhados das escolas estaduais. Aluno não leva mais “bomba” na escola. Agora leva sarrafada. Estudante ia para escola a pé, sem celular, descalço (para não ser assaltado) e agora vai de capacete. Tem professor pedindo adicional de periculosidade.
Está na hora de alguém “rodar a baiana”!
Para quem não sabe: no início dos desfiles de carnaval no Rio de Janeiro, as integrantes das “alas das baianas” por vezes eram molestadas por alguns espectadores que insistiam em apalpar seus traseiros. Alguns blocos, então, fantasiavam capoeiristas como baianas, incorporando-os ao bloco. Quando algum engraçadinho desavisado apalpava os glúteos errados, recebia um portentoso “rabo de arraia” nas fuças. Era a baiana rodando e nocauteando o inoportuno.
Telefonei hoje de manhã para a empresa da qual aluguei minha cadeira de rodas pedindo instruções para efetuar o pagamento. A atendente respondeu que eu teria de ir lá pessoalmente. Como? Aluguei uma cadeira de rodas, para uso próprio, supõe-se que eu seja um cadeirante, além do que meu médico disse-me que festejei o Dia da Pátria, mas o Dia da Criança... Imagina eu chamando um taxi (que faça fiado), metade da vizinhança ajudando-me a embarcar no taxi, acomodando as sondas e os drenos sobre o painel, a Silvinha indo no banco de trás carregando o monitor cardíaco, o cilindro de oxigênio e segurando o tubinho de soro, indo feliz pagar uma conta... Que empresário é esse cujo cliente, que é cadeirante, cardíaco e jurado de morte, telefona para pagar e ele cria dificuldades? Um empresário que vai ficar no prejuízo!
Hoje consegui enxergar como ficou a minha perna. A cicatriz parece o resultado de uma necropsia. Caso me recupere, não haverá Cicatricure que dê jeito. Vou ter que apelar para massa corrida.
Só porque falei do Vasco na crônica anterior, ele ganhou o primeiro jogo depois de meses levando surras. Tem vaiscaindo encomendando artigos meus até para publicar em missais.
*Arthur Teixeira Júnior é colaborador
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
Ver todos os comentários | 0 |