Fechar
Blog Opinião
GP1
Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: Divulgação/GP1Clique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Divulgação/GP1)Deusval Lacerda de Moraes
Uma verdade deve ser dita, os piauienses têm muita esperança. É um povo forte, batalhador, esperançoso. Às vezes, até demais. Alguns, inclusive, chegam a esperar pelo que não vem e a depositar esperança em quem não deveria. A esperança é um sentimento preponderante na alma dos piauienses. É, por assim dizer, o fio condutor que mantém acesa a chama de dias melhores no porvir, pois acreditamos que aqueles que prometem e não cumprem são desvanecedores da esperança, instalam o descaso mesmo e, quem sabe, ainda seremos uma sociedade com uma classe dirigente que não esgarce a esperança dos coestaduanos.

Temos esperança no que as pessoas de boa-fé são capazes de fazer pelo bem de todos e temos os que vivem de semear esperança e que muitos acreditam para não se desiludirem desse sonho, dessa força interior que realimenta a existência humana. E nessa direção, o governador do Piauí, em sua mensagem na Assembleia Legislativa, em 4 de fevereiro de 2013, disse que “a esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem”. Ainda destacou que o Piauí passa pela maior transformação na sua história: “traduzido em um crescimento econômico acima da média nacional e distribuição de renda que faz do Estado o maior caso de inclusão de pessoas do país”.

É fato que o governador piauiense proferiu discurso para uma plateia de amigos e correligionários em que estavam presentes políticos que dão sustentação ao seu governo e assessores que acompanhavam a sua comitiva, e que por isso qualquer frase brilhante ou não teria o mesmo efeito, qual seja, o aplauso efusivo dos áulicos, dos palacianos, porque no Piauí o seu discurso está dessintonizado com a ação governamental. A frase de Santo Agostinho tem o sentido de dizer que é da natureza humana se indignar contra fatos impróprios e que se deve ter a coragem de mudar a realidade desses mesmos fatos. Se o governador fizer uma pesquisa de avaliação do seu governo, verá que o povo piauiense na sua maioria está indignado com a atual gestão e, como em outras ocasiões, está encorajado até a reprová-la nas urnas.

Sobre a frase lapidar de que o Piauí está passando pela maior transformação da sua história, o que está acontecendo não tem nada a ver com a governança do Piauí, ao contrário, os investidores domésticos e os de fora que estão aportando no Estado são unânimes em reclamar da falta de infraestrutura e da letargia oficial do Piauí. Aí, sim, são históricas. Vejamos alguns dados. Primeiro não fez o que todo desenvolvimentista faz ao iniciar um governo, empreender reforma administrativa que priorize planos de gestão que promovam o desenvolvimento com recursos humanos e financeiros e que azeite a máquina estatal para enfrentar os constantes desafios.

Depois não fez o básico de qualquer administração eficiente, impor austeridade financeira para gerar liquidez para investimentos que dê retorno à sociedade. Endividar por endividar, apenas para deleite momentâneo, prejudica o presente e compromete o futuro do Estado - período onde fecunda a esperança. O presente, porque funciona mais ou menos quando se recorre a agiota, toma-se emprestado qualquer dinheiro disponível, não importa o valor nem o custo financeiro e nem quando se vai pagar (renegociação), porque às vezes nem é pago. Neste caso, quem paga não é o tomador, mas os próximos governantes. O futuro, porque o custo do dinheiro é escorchante e danoso às gerações governativas e governadas seguintes. Enfim, faz exatamente o que não deveria ser feito quando se trata de administração com desenvolvimento.

Também não foi o que pregou Dom Juarez Sousa da Silva, bispo da diocese de Oeiras, no dia 24 de janeiro último em solenidade das comemorações alusivas ao 190º Aniversário de Adesão do Piauí à Independência do Brasil, em pronunciamento que admoestou o governador piauiense (que estava acompanhado do presidente Elmo Vaz da Codevasf) pela total ausência do poder público estadual contra o flagelo da seca que desestabiliza a economia e deixa um rastro de miséria na população atingida que causa a migração forçada da juventude e pessoas de meia idade para, segundo outras fontes, capinar a lavoura de feijão na Bahia, ser boia-fria nos canaviais de São Paulo, suportar sacos de 60 kg na cabeça para carregar carretas e subir em andaimes com carecos de argamassas nas costas como serventes de pedreiro em outras regiões do Brasil.

Desta forma, contrariamente à retórica do governador falta ensino no Piauí. O IBGE divulgou que o Piauí é o primeiro lugar na falta de estudo da população de 25 anos ou mais, formando um contingente de 64,08% de analfabetos (Correio Braziliense de 20 de dezembro de 2012). Ademais, o Piauí é um dos estados que mais emigra gente para outros estados, e que representa saldo líquido de quase 35 mil pessoas anuais (Jornal O Globo, Caderno O País, edição de 16 de julho de 2011). O quadro piorou com a seca. Pois é como diz os textos bíblicos “é bom ter esperança, mas é ruim depender dela”, visto que não faltam as pessoas que, para continuarem a viver no poder oriundo do povo, não esquecem em falar que os outros nunca devem perder a esperança quando lhes foi dada a missão de transformar esperança em realidade. Assim, é bom!

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

Curta a página do GP1 no facebook: //www.facebook.com/PortalGP1


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.