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Eu devia ter uns dez anos de idade quando ouvi uma conversa entre dois adultos. Um homem e uma mulher. Ele, insatisfeito por conta de um comentário meio infeliz [e que eu não me lembro qual] olhou pra ela e disse: Cuidado, você tem dois filhos.

Então… tenho uma irmã de cinco anos em casa. Apegadas ao extremo, já chegamos àquela fase em que eu só arredo o pé de casa depois que ela dorme. Eu dou banho, faço comidinha, arrumo a cama, ponho pra dormir, vejo filminho com ela, pago escola, pego na escola, me viro nos trinta pra responder perguntas escabrosas, levo pra passear, visto e calço - essas três últimas eu divido com a nossa mãe. Mas, acima de qualquer coisa, dou carinho e amor incondicional.

Serei eternamente grata à Dina, que deu o número do meu telefone para a diretoria do Lar e à Cynthia, que reforçou que era aquela menininha tímida [uma, entre as tantas do Lar Maria João de Deus], fofa, porém gripada [o que me deu um certo receio], que eu deveria levar pra passar o Natal comigo [o ano era 2007]. Enfim, ela – que se chama Ana Júlia – pra mim, está em primeiro lugar, na frente de tudo e de todos. É como se fosse minha. Não é a mim que ela chama de mãe, mas é como filha que eu a tenho [e chamo]. Mas, para a maioria, é irmã mesmo.

Desde o dia em que percebi tal afeto [esse, que é mais forte, parecido com o de mãe], acho que de um ano pra cá, eu passei a tomar cuidado com certos detalhes. Sim, os detalhes que, aos olhos dos outros, são sempre mais difíceis de serem vistos, já que a maioria das pessoas só consegue enxergar e guardar o que é ruim. Pra ser mais clara, me refiro a palavras e opiniões que, eventualmente, posso dar sobre as pessoas e suas ações – falo, especificamente, sobre quem eu deixo e quem eu ja deixei ter proximidade comigo.

Com ela, eu não estou perdendo nenhum minutinho do meu tempo. Está sendo uma experiência cheia de altos e baixos. Mas tão incrível e tão natural quanto parir. Danado seria se eu fizesse como tantas outras: parisse e não aprendesse com o que a vida tem pra me ensinar, não aprendesse com o que o amor tem para me oferecer [o que inclui muita ocupação] e, simplesmente, ignorasse o que eu citei nas primeiras linhas desse texto. É como eu disse: ouvi, sem querer, quando eu ainda era uma criança. Carrego comigo até hoje e o melhor é que aprendi a colocar em prática.

Ainda é tempo pra desejar um feliz Dia das Mães. Para mim, pra minha mãe, pras mães dos meus amigos e amigas, e pras minhas amigas mamães.

Leia mais no Ser Compreendida é Um Luxo

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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