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Estamos diante de fortes indícios de espionagem ilegal para constranger cidadãos que fazem oposição


Não basta o governador Wellington Dias afirmar que lamenta o ocorrido e espera a investigação da Polícia Federal sobre esse caso do policial e do cinegrafista que foram presos, pela Polícia Federal, quarta-feira passada, quando estavam rondando o local onde mora o ex-assessor da Emgerpi, Jaylles Fenelon, que fez sérias denúncias de prática de corrupção contra a presidente da Emgerpi, Lucile Moura.

Também afirmar que “que não aceita e não compactua com nenhum ato de cercear a liberdade de ir e vir nem de bisbilhotar a vida das pessoas” não apaga as dúvidas sobre este outro grave escândalo. Afinal o soldado PM Alan Aléssio Araújo Cruz, preso na tarde de quarta-feira pela Polícia Federal, estava servindo no Batalhão da Guarda do Palácio de Karnak.


A prisão do militar Alan Aléssio Araújo Cruz e João Sousa constitui em indício da prática de grave crime praticado por um policial que estava servindo no Batalhão da Guarda do Palácio de Karnak, ou seja, no local onde o governador do Piauí despacha diariamente. Em todos os governos que antecederam a este nunca ocorreu fato igual a esse. Nem mesmo nos governos que serviram ao chamado regime militar se tomou conhecimento de espionagem ilegal feita por militar da guarda dos governadores.

A toda pessoa é garantido o direito universal de ir e vir, estabelecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e incorporado à Constituição brasileira. Esses dois indivíduos presos estavam repetindo o que fez o Serviço Nacional de Informações (SNI) , criado no regime militar e que foi o principal e originário órgão opressor e de informações dos que faziam oposição ao governo militar.

Estamos vendo no Piauí a repetição das ações de um sistema de inteligência instalado durante a ditadura militar, que foi considerado o mais poderoso da América Latina ditatorial e até mesmo, em certo sentido, do mundo.

A investigação da Policia Federal, dessa tenebrosa máquina de espionagem que começa a ser descoberta no Piauí, precisa ser acompanhada por órgãos internacionais, pois a história do Brasil mostra que nessas espionagens sempre houve um processo de predominância do controle governo sobre atividades dos seus opositores.

Estamos diante de fortes indícios de espionagem ilegal para constranger cidadãos que fazem oposição ao governo. São novas e assustadoras realidades de espionagem oficial até então nunca vista no Piauí. Não há nenhuma lógica dizer que o soldado PM Alan Aléssio Araújo Cruz e o cinegrafista João Sousa agiam por conta própria. Denunciarei este caso para a Anistia Internacional.

*Por Antônio de Deus Neto, advogado e jornalista (istoepiaui.blogspot.com)

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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