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Em meio aos inúmeros problemas causados pela tão discutida crise financeira mundial, o meio ambiente foi um dos poucos a lucrar com a situação. O diretor do Centro de Pesquisas para Diminuição das Mudanças Climáticas da Universidade de Cambridge (Londres), Terry Barker, informou recentemente que a recessão pode causar, até 2012, uma redução de 40% a 50% nas emissões de carbono. O número é maior do que os 35% ocorridos na Grande Depressão entre 1929 e 1932.

Outra alternativa para ampliar a economia mensal das empresas e contribuir para o meio ambiente é o investimento em energia limpa. Segundo relatório divulgado pela McKinsey Global Institute (MGI), os países em desenvolvimento poderiam investir cerca de US$ 90 bilhões anuais nos próximos 12 anos, em melhorias de eficiência energética, com retornos positivos. A análise revela, ainda, que se gastaria ao menos US$ 2 trilhões, no mesmo período, para expandir a oferta de capacidade adicional para os 22% do consumo de energia que poderia ocorrer sem uma melhoria na produtividade da energia.


Tal estudo comprova que medidas preventivas custam bem menos aos cofres das empresas do que as corretivas. É preciso enxergar a longo prazo e, nessa visão mais ampla, é possível constatar que a falsa economia que se tem hoje irá gerar graves e irreparáveis prejuízos futuramente. No estudo da MGI, verificou-se, também, que a procura energética no grupo de países emergentes conhecidos como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) aumentará em 65% até 2020, representando 80% do crescimento da demanda mundial, da qual essas nações representam mais da metade — e esta participação crescerá para 60% em 2020, sem novas ações.

O Brasil é um dos países com mais recursos naturais para alternativas de energia limpa. Entretanto, falta empenho das empresas e iniciativas privadas em investir em tecnologia para tornar viável o uso da eletricidade por captação de luz solar e eólica.

O consumo consciente é outro item que ganhará espaço na sociedade com a redução forçada de gastos. A queda nas compras fará com que se produza menos lixo, diminuindo consideravelmente a quantidade de produtos desperdiçados e de resíduos materiais. A quantidade de lixo gerado por meio do consumo exagerado é responsável por 61,5 milhões de toneladas por ano, só no Brasil, o que representa um terço de todos os produtos comprados. Por essas razões é imprescindível que a população se conscientize da importância de adquirir apenas o necessário e evitar usar sacolas de plástico e adotar o velho novo hábito da sacola de tecido.

Em meio a tantos prejuízos causados pela crise, os bens naturais serão poupados e medidas alternativas, inteligentes e eficientes serão criadas para diminuir os custos e, consequentemente, ajudar na conservação do meio ambiente e das gerações futuras.

* Eduardo Annunciato é presidente da Fenatema (Federação Nacional das Empresas de Energia, Água e Meio Ambiente) e secretário geral do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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