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Muitos não vão gostar, mas discernimento e responsabilidade estão faltando àqueles que comungam com a realização da Copa do Mundo no Brasil. País carente de quase tudo de essencial à maioria dos cidadãos, não pode se dar o luxo de sediar magno evento esportivo, principalmente num momento de situação de crise financeira mundial.

Se o Brasil tem tanto dinheiro disponível para aplicar em eventos esportivos e não o utiliza socialmente, em saúde pública, educação, segurança, saneamento básico de cidades onde o esgoto ainda corre a céu aberto etc., deixa transparecer muita irresponsabilidade de seus dirigentes.


Com licença aos amantes do futebol, eu sou um deles, a explicação para tal realização vem acompanhada de muitas espertezas: para satisfazer inconfessáveis interesses políticos de se mostrarem na vitrine pública eleitoreira; para atender à ganância dos empresários ávidos nos lucros dos eventos e em licitações públicas irregulares; para encher o bolso dos realizadores do evento - dirigentes esportivos, políticos, prefeitos, governadores etc. - com bondosas "comissões amigas"; para financiar, a juros baixos, os estádios e agregados com recursos públicos, com prazos de pagamento a perder de vista etc.

Só que depois quem vai realmente pagar a conta é o contribuinte brasileiro, mediante aumento da carga tributária. A ufania nacional pelo futebol deveria ter limite. Primeiro, deveríamos preparar o País com infraestrutura social para que nenhum torcedor brasileiro fosse, por exemplo, ridicularizado pelas lentes da mídia nacional e internacional ao arreganhar a boca em expressão de descontentamento por um gol perdido ou de riso por uma jogada bem-sucedida, expondo a sua incompleta arcada dentária, o que é característico de um cidadão de país que não se preocupa com os problemas sociais.

Vozes responsáveis, entretanto, se levantam, como a do médico de Feira de Santana (BA) Dr. Eduardo Leite, que em seu site eduardoleite.blogs.pot faz a seguinte observação:

"O Brasil, conduzido pela mídia interessada ou desinformada, vangloria-se de sediar a copde futebol em 2014. Tem-se a impressão que será a salvação para os doze Estados que sediarão esse mega evento, que faz a alegria dos grupos privados que exploram o futebol. Aqui, na Bahia, fala-se em investimentos que passarão dos três bilhões e meio de reais. Isso mesmo: 3.500.000.000,00 de reais. Podendo chegar a mais. Com certeza, chegará.

Estranhamos essa cifra, considerando os jogos Pan Americanos, que englobam quase todos os esportes e exigem maior logística, foram alvos de críticas por custar mais de dois bilhões de reais, incluindo toda a estrutura de segurança, hospedagem, e transporte. Resultou, inclusive, numa desconcertante vaia ao presidente Lula, quando da abertura oficial.

Só na demolição e construção da nova Fonte Nova, estima-se em mais de 500 milhões de reais ou mais, pois só a reforma do estádio de Pituaçu custou 55 milhões de reais, o equivalente a dois hospitais pediátricos com capacidade de 280 leitos, cada um.

Surpreendente, a declaração do coordenador estadual para a Copa na Bahia, Fernando Schmitt, ao declarar que será muito bom para a Bahia todo esse sacrifício-investimento, pois a FIFA fará exigências que trarão benefícios para a população soteropolitana, em relação à segurança, turismo, com a revitalização do Pelourinho, hotelaria, logística urbana nos transportes, na educação(?) e pasmem: para a saúde pública, pois será exigido do Estado a construção de hospitais e postos de saúde, além de obras em saneamento básico.

Pior ainda é tentar iludir aos fanáticos admiradores de futebol, e aos não fanáticos, que todo esse bilionário investimento será à custa de investidores privados e com baixa participação de verbas públicas.

Se assim fosse, melhor seria extinguir o Ministério Público e outros órgãos, incluindo o governo, que têm a obrigação de que seja cumprida a Constituição Federal e colocar a FIFA sob coordenação de Ricardo Teixeira, como gestor do nosso Estado.

É pertinente lembrar que o futebol passou a ser manipulado por grupos empresariais que só visam o lucro, por grupos da máfia que exploram as apostas, da intermediação de venda de grandes jogadores, lavagem de dinheiro e outras jogadas duvidosas.

Para quem acredita em Chapeuzinho Vermelho, Mula-Sem-Cabeça, Xupa Cabra e Papai Noel, é só torcer, alegrar-se e depois pagar a conta dessa Copa, com cabeça, pescoço, tronco e membros de mais um tremendo UM SETE UM."

*Julio César Cardoso, bacharel em Direito e servidor federal aposentado

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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