A crise dos mercados nessa semana levou para a ruína três instituições centenárias de Wall Street: Lehman Brothers, Merrill Lynch e a seguradora AIG. Todas elas sobreviventes da depressão de 1929.
As informações são de Toni Sciarretta, repórter do caderno Dinheiro da Folha.
O jornalista diz que desde 1997 o mercado financeiro brasileiro não via uma crise de confiança tão grande. "Depois que o Lehman Brothers quebrou e a Merrill Lynch foi vendida, alguns analistas se perguntam quem será o próximo. As apostas eram Goldman Sachs e Morgan Stanley. Os dois últimos sobreviventes entre os bancos puramente de investimento seriam a bola da vez", comenta.
Segundo o repórter, esse tipo de desconfiança é a matéria-prima do pânico, que motiva negócios sem qualquer racionalidade econômica como a negociação de dívida com juro negativo nos EUA.
"O que é isso? É o fundo de pensão que decidiu, digamos, pegar US$ 1.001 nessa semana e comprar um título para receber US$ 1.000 daqui três meses. Ele rasgou dinheiro, que teria perdido menos valor se ficasse debaixo do colchão. Só que esse fundo não pode deixar dinheiro parado, muitos deles são obrigados pelo estatuto a colocar o dinheiro em algum lugar", afirma.
De acordo com o jornalista, esse é apenas um exemplo de conta que não fecha. Até terça-feira (16), o Federal Reserve (Fed, o BC americano) era criticado porque iria deixar a AIG, a maior seguradora do mundo, quebrar.
"Pois bem, o Fed foi lá e socorreu da pior maneira possível, que foi estatizando a empresa. E, no dia seguinte, quanto todos pensavam que acalmaria o mercado, o pessimismo era ainda maior. Isso porque, na cabeça de muita gente, a idéia era que se o Fed colocou US$ 85 bilhões na AIG, é que a coisa é realmente feia mesmo e tem outros bancos para quebrar", analisa.
Para Sciarretta isto cria um ciclo vicioso. "Se não ajuda, piora a situação. Mas se ajuda, coloca mais lenha na fogueira", conclui o repórter.
Fonte: Blog de Toni Sciarretta - Folha online
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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