Imagem: blogdoclovisborbaClique para ampliarA maioria dos jornalistas morre de medo de ganhar desafetos poderosos
Toda semana registro aqui na coluna as melhores, ou a melhor, piada da semana na seara política. Hoje, não registro um fato, mas uma constatação. A imprensa do Piauí é uma piada, de mau gosto, mas é. Esta semana pude perceber realmente como se comportam a quase totalidade dos meios de comunicação do nosso estado e digo sem medo de errar, se os leitores soubessem de metade das patifarias que acontecem nos bastidores da nossa imprensa não leriam jornais, portais e muitos menos acompanhariam as coberturas no rádio e na TV. E olha não se trata de censura não, é vassalagem mesmo. A maioria dos jornalistas morre de medo de ganhar desafetos poderosos e este temor os leva a agir como asseclas contumazes. Esta semana, aqui na coluna, publiquei uma matéria mostrando a ficha do deputado federal Ciro Nogueira, que postula uma vaga no Senado Federal e que vem fazendo uma campanha na qual se proclama o “novo senador”. O jovem parlamentar é considerado no Congresso o príncipe do “baixo clero”, mas fora isso a produção legislativa de Ciro Nogueira Filho é forte que só um “caldo de peteca”. Pra completar, mesmo sem ter exercido sequer um cargo público, o deputado responde a mais de uma dezena de processos por improbidade. A matéria assinada por mim não foi feita com base em especulações, denúncias ou invencionices, como quase sempre acontece nas redações locais, a matéria foi feita com base na sentença de um juiz federal e no relatório de processos emitido pela Justiça Federal.
O fato de um candidato a senador responder a tantos processos por improbidade é um “fato relevante”, mas por medo, condescendência, cumplicidade, ou por venalidade mesmo, o assunto foi tratado como proibido nas redações. Ninguém quer desagradar Seu João, ou melhor, a maioria vive é de bajulá-lo. O temor do braço forte do Grupo Claudino é tanto que muitos fogem do assunto até no twitter e vamos ser sinceros, não se trata de uma ação orquestrada por Seu João ou qualquer dos seus auxiliares, é uma Lei não escrita: “Não se pode criticar Seu João”. Devia até constar na Constituição Estadual por quê está pleno vigor e não há qualquer iniciativa no sentido de mudá-la.
Isso me deixa preocupado com a possibilidade do seu herdeiro, o senador João Vicente Claudino, chegar a assumir o comando do Palácio de Karnak. Não por ele, João Vicente, que nasceu rico, cresceu rico e deve morrer rico, mas é uma das pessoas mais simples que conheço. Não tem qualquer traço de arrogância. É um exemplo humildade e de bom caráter. A minha preocupação nasce do modo que a imprensa local encara, ou melhor, do modo como ela se curva ao Grupo Claudino.
Não se trata aqui de querer satanizar JVC ou Cirim, por que os políticos que estão perdendo espaço pra eles são na sua maioria menos preparados que os dois, se trata da constatação de uma realidade. Não acho que Seu João seja melhor ou pior que ninguém. João Claudino Fernandes é um empresário de indiscutível sucesso, cujas qualidades empreendedoras são também indiscutíveis, mas a sua relação com a imprensa é lastreada na força da sua publicidade e não numa base institucional, onde o interesse público e jornalismo devem mediar as relações. Quem entra na política tem que está preparado para o debate e para o embate e com os Claudinos não pode ser diferente.
Mas, caro leitor, o episódio teve o seu caráter didático, serviu para mostrar os atrelamentos políticos e financeiros dos meios de comunicação do Piauí. Portais que se dizem independentes, livres, isentos e aguerridos tiveram suas máscaras arrancadas à fórceps e deixaram claro a serviço de quem estão. Fica aqui a indagação, qual a credibilidade de um veículo de comunicação no qual a crítica só é permitida aos menos abastados e onde a conduta dos poderosos está a salvo de qualquer reparo?
Como bem disse o jornalista Heródoto Barbeiro, “Jornalismo é o ato de contar a uma parte da sociedade o que a outra parte está fazendo”.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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