Li ontem a matéria do jornalista Toni Rodrigues (portal 180graus) sobre a “intimidação” do procurador regional eleitoral, Marco Aurélio Adão, para com o jornalista Daniel Silva. Primeiro, defino a situação não como intimidação por quê pelos relatos o representante do Ministério Púbico Federal (MPF) não se utilizou do cargo para barrar, ou replicar a matéria. Não houve qualquer ostentação, ou abuso de poder. Defino a situação como imposição a um constrangimento público.
Mas voltamos ao caso. O jornalista Daniel Silva, posso falar deste rapaz com propriedade por que ele foi um dos melhores profissionais que já passou pelo GP1, é um jornalista sério, ético e de formação profissional sólida. Da sua turma, que recebeu o nome do saudoso professor Gustavo Trindade e da qual fui patrono, Daniel foi o aluno laureado (formando que obteve o melhor desempenho acadêmico durante o período de integralização da sua graduação) e com bastante humildade foi ovacionado pelos colegas de turma durante a solenidade de formatura.
Imagem: jornaldeluzilandia.com.brMarco Aurélio Adão, atuante procurador do Ministério Público Federal
Pelo que vi houve um descompasso de comunicação entre Daniel e Marco Aurélio Adão. Daniel esperou por mais de três horas para ouvir o procurador eleitoral, mesmo tendo em mãos documentos oficiais que embasavam a matéria como destaca no texto de forma precisa Toni Rodrigues. “O portal publicou o conteúdo principal da informação para aguardar a decisão do procurador em se pronunciar. Um detalhe importante em toda essa discussão é que o portal não tem que pedir autorização ao procurador para publicar qualquer informação que seja, principalmente se dispõe de um documento oficial para atestar o conteúdo publicado”, relata Toni.
Todo este episódio revela um problema crônico da comunicação pública, o não conhecimento do time da mídia.
O procurador não tem o dever de saber, mas seus assessores deviam tê-lo alertado que veículo de comunicação algum, tendo documentos oficiais em mãos, vai deixar de publicar uma matéria por falta de uma declaração e ainda, que comunicação é tempo. As redações têm um horário de fechamento e o que é um escândalo ao meio dia pode não ter importância alguma a meia noite.
O que faltou ao procurador foi senso de oportunidade, não vi dolo na ação do procurador. Não foi oportuna a abordagem do jornalista no meio dos seus colegas. Ninguém gosta de ser reprimido em público, ainda mais quando a reprimenda não procede.
O que se espera deste episódio é que ele não atrapalhe a relação entre o Ministério Público Federal e a Imprensa. O MPF, em especial o do Piauí, é formado por homens como Marco Aurélio Adão, de reputações ilibadas, que empreendem uma verdadeira guerra contra os gestores ímprobos e corruptos e contra os grupos criminosos organizados.
Está querela deve ser deixada de lado, ninguém tem nenhum reparo acerca da conduta profissional de Marco Aurélio Adão e de Daniel Silva. Espero que não fomentem esta discórdia.
Ainda acredito que vou ver Daniel, na sua labuta diária, com sua voz mansa e sua postura íntegra, tomando um cafezinho no Tribunal Regional Eleitoral do Piauí com o atuante procurador Marco Aurélio Adão. É o melhor pro Poder Judiciário, pra Imprensa, pra os dois e pra sociedade, que ganha quando o parquet federal mostra o seu valoroso trabalho e se impõe para deixar claro que existe alguém que atua em prol do cidadão fiscalizando a aplicação das leis e as condutas dos gestores públicos.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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