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Colunista João Carvalho
GP1

Nascido há 36 anos, pouco tempo para os mais velhos e muito tempo para os mais jovens, sinto uma certa saudade das antigas campanhas eleitorais. Ainda me lembro da minha feliz infância, em São Pedro do Piauí. Era um tempo de uma política dura, mas ao mesmo tempo romântica. A dureza se dava nas relações pessoais. Quem era “Badé” (nome dado ao grupo político formado pelas famílias Carvalho e Montanha) não passava nem na calçada dos adversários, os “Ferreiras”. As desavenças políticas eram tão extremas que moças e rapazes das duas famílias eram proibidos de namorar. Casar?Nem pensar! Mas mesmo com o voto de cabresto, as fraudes eleitorais, a compra de votos e o clientelismo imperando, havia um interesse real da população pela política. Não se trata de defender o coronelismo, mas de mostrar que naquele tempo a eleição tinha “alma”. A apuração, que não raro levava dias, era uma novela de capítulos emocionantes com direito a voltas e reviravoltas em verdadeiras “noites de agonias”. Hoje o processo eleitoral é infinitamente mais justo. E os resultados da votação eletrônica saem poucos minutos após a conclusão do pleito. Os coronéis, ou caciques políticos, são espécies praticamente extintas. Na atualidade as “vedetes” são os líderes comunitários e sindicais, eles é que lideram a massa no processo eleitoral. O velho e bom comício já não é o grande cabalador de votos, a bola da vez é o palanque eletrônico. A propaganda, no Rádio, na TV e na Internet são os grandes cabos eleitorais dos candidatos. Os showmícios, que marcaram época em campanhas como as das “Diretas Já”, foram banidos e hoje constituem crime eleitoral. Um absurdo!Mas absurdo maior eram os desvios de recursos feitos para bancar os ídolos que se dispunham a subir nos palanques eleitorais. Em resumo: Mesmo com todas as histórias de “Caixa 2”, as eleições se tornaram mais transparentes e honestas e, sem sombra de dúvidas, mais frias. A eleição deixou de ser uma festa e passou a ser um processo, complexo, caro e cada vez mais necessário.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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