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Colunista João Carvalho
GP1

Governador Wellington Dias não enfrenta a greve, provoca crise entre as polícias e coloca vida de cr


O confronto na manhã de ontem entre as Polícias Civil e Militar do Piauí, em frente ao Instituto de Medicina Legal (IML), teve como culpado os policiais civis? Os policiais militares que foram enviados para lá e que estavam apenas cumprindo ordens? É Claro que não. Nem um deles têm culpa. Nem mesmo o secretário Robert Rios tem culpa. A culpa é do governador Wellington Dias que mesmo com demonstrações de boa vontade do Sindicato do Policiais Civis do Piauí (SINPOLPI) e a insistência do presidente da OAB, Sigifrói Moreno, para que abrisse um canal de negociação com os grevistas, continuou agindo como um tirano tentando debelar o movimento grevista através da força. Cadê o Wellington Dias que participava de greves? E que no início do seu governo enfrentava as greves da maneira muito mais democrática? Este Wellington sumiu? Ao que parece sim. Ao enviar a tropa de choque para o IML apenas para ostentar força o Governo errou feio. Primeiro, o IML não tem importância estratégica alguma e a maioria dos seus funcionários continuava trabalhando. Segundo, quem conhece o entorno do IML sabe que qualquer ato de violência naquela região pode gerar uma tragédia, já que na área existem inúmeros colégios, entre eles o maior do Piauí, o Diocesano, os dois espaços públicos mais movimentados da Capital, as praças Saraiva e Pedro II, e ainda um fluxo imenso de populares que desembarcam no Centro e seguem para os bairros da Capital. Alguma cabeça pensante do Governo já imaginou o que poderia ter acontecido caso o conflito se alastrasse para as áreas próximas ao IML? Eu imaginei e fiquei preocupado por que pouco depois do tiroteio estava pegando a minha filha Ana Carolina no Colégio Diocesano, localizado a menos de 20 metros do IML. Caso o confronto entre os policiais civis e militares tivesse se alastrado e durado mais alguns minutos, centenas de alunos, crianças e adolescentes, do Colégio Diocesano estariam no "olho do furacão" e o resultado do confronto poderia ser de dezenas de feridos e até mortos, já que, diferente dos policiais, os alunos jesuítas não estão preparados para enfrentar situações de risco. Os disparos com arma de fogo feitos no confronto, seja lá quem seja o autor, ou autores, não foi somente um ato de violência, mas de irresponsabilidade. No meio desta verdadeira baderna uma ação é digna de elogios: A atitude dos três promotores de Justiça do Ministério Público Estadual, que cientes de suas funções institucionais e constitucionais interviram de forma decisiva para o "cessar fogo". O que os promotores de Justiça, na condição de fiscais da Lei, fizeram foi suprir a falta de ação do Executivo, ou seja, do governador Wellington Dias, que para não dialogar com os grevistas e ainda fugir dos conflitos da trincada base aliada foi se refugiar em Brasília, segundo sua assessoria, para conseguir mais recursos para o Piauí. Será que existe alguma coisa mais importante para um povo que ter um Governo que lhe garanta segurança?
Imagem: ReproduçãoGovernador Wellington Dias(Imagem:Reprodução)Governador Wellington Dias
Acho que não, mas o governador Wellington Dias já mostrou que Segurança não é prioridade para ele. Sua Excelência prefere asfaltar rodovias do que garantir ao cidadão o direito de transitar nelas com segurança. Esta semana mesmo Dias, em plena greve da Polícia Civil, através de um decreto, retirou recursos da Segurança Pública para garantir obras de asfaltamento no interior do estado. É como me disse um auxiliar do Governo: "estrada dá voto e comprar pistolas e coletes à prova de balas não. Ninguém agradece por ser preso". Assisti perplexo uma entrevista do secretário Robert Rios, que tem se esforçado para estruturar a Segurança através de convênios com o Governo Federal, mas no Govero do Estado é tratado a pão e água. Robert prometeu rigor contra os policiais que usaram suas armas indevidamente, tratando logo, antes de qualquer apuração, de disparar acusações contra os policiais civis. Parece que Rios, sempre bem informado sobre tudo e todos, não tinha informações sobre a condução da greve. A verdade, é que, o policiais civis ligados ao comando de greve não portavam armas e a presença de policiais civis armados se deu somente quando estes, que estavam trabalhando, tomaram conhecimento de que colegas tinham sido baleados pela Polícia Militar. Os policiais que chegaram armados, com o direito que a Lei lhes assiste, se dirigiram para o IML não para reivindicar aumento e melhores condições de trabalho, mas para mostrar que a Polícia Civil, independente de qual seja o governo, é uma corporação altiva e que não se acovarda frente à pressões políticas, ou de qualquer natureza. Já existe uma rixa natural entre policiais civis e militares e este episódio vai azedar ainda mais esta tempestuosa relação, o que não é nada salutar por quê esta desintegração entre as forças policiais dificulta ainda mais a garantia de condições mínimas de segurança à nossa população. Mais tarde o delegado Bonfim Filho, presidente da Comissão Investigadora do Crime Organiza do e "filiado" ao PPC (Partido da Polícia Civil), revelou que um dos policiais civis baleado, que pertence a CICO foi alvejado não por bala de borracha, como havia declarado Robert Rios, mas por munição de verdade, metálica, provavelmente por uma pistola Ponto 40. Tenho as melhores referências do GATE como sinônimo de preparo e capacidade operacional, mas o seu comandante, o combativo coronel Márcio Oliveira, deve apurar quem fez os disparos com munição metálica. Os que fizeram disparos com munição de borracha e soltaram bombas de efeito moral agiram com rigor, mas dentro de um princípio de razoabilidade. Já quem efetuou disparos com munição original agiu no mínimo com imprudência, colocando em risco a vida de transeuntes, policiais civis e até mesmo dos policiais militares por quê não há como prevê as consequências de um disparo com arma de fogo no meio de uma multidão.

A lição que se tira deste episódio, é que, não adianta o governador fugir do diálogo com os grevistas por quê esta atitude, além de não ser digna, colocou toda a sociedade em risco.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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