Como não sei escrever tão bem e falar tão bonito quanto o mestre Cinéas Santos, peço licença ao mesmo Cinéas para fazer uso de seu texto sobre André Pessoa: “André Pessoa é um cidadão que se enquadra perfeitamente na categoria dos “indispensáveis”, naquela acepção concebida por Brecht. Quando o conheci, em meados da década de 90, ele já andava embrenhado nas caatingas do Piauí, fotografando, registrando, defendendo tudo o que, porventura, estivesse ameaçado. Ao longo desses anos todos, nunca baixou a guarda, nunca fez concessões. Continua incômodo como um espinho de mandacaru, cutucando a consciência dos que têm o dever de cuidar da coisa pública e não o fazem por incompetência, medo ou conveniência. Embora não seja piauiense, conhece cada palmo do chão do Piauí. Como um Quixote contemporâneo, é capaz de sair no tapa em defesa de um olho-d’água minguante ou de uma lagarto ameaçado de extinção . Sua luta em favor da Serra Vermelha, que os “sábios” piauienses querem transformar em simples carvoaria, é digna de todos os aplausos. Mas André não persegue aplausos; quer a nossa participação em defesa da vida.
Sozinho ou na companhia da repórter Tânia Martins, a que não desiste nunca, André Pessoa empreendeu campanhas em defesa do bioma caatinga, um dos mais ameaçados do Brasil. Seu sonho mais caro era criar uma fundação ou uma ONG para divulgar e, principalmente, defender a caatinga e os seres que vivem nela, incluindo o homem que, a exemplo dos cactos, teima em sobreviver em meio à adversidade. André foi um dos primeiros a defender a criação do Parque Nacional da Serra das Confusões, região que conhece como ninguém.
Durante alguns anos viveu em São Raimundo Nonato onde “comprou briga” com meio mundo, de Niède Guidon a prefeitos de todos os matizes ideológicos, sempre em defesa da vida. Mais que um simples fotógrafo, André Pessoa é um cidadão, na acepção plena do termo, ou seja, é alguém que se importa com o outro, principalmente quando o outro é a parte mais fraca, mais vulnerável. E tantas fez, que acabou tornando-se cidadão do mundo. Hoje, seu trabalho repercute nos grandes centros culturais do mundo.
Tenho a honra de ter contribuído para que se realizasse, em Teresina, a sua primeira exposição de fotografias. Agora, fotógrafo de prestígio internacional, André Pessoas realiza exposição individual – CRISE DA BIODIVERSIDADE -, a partir de hoje, no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Mas que ninguém se iluda: as belas imagens captadas por sua câmara esperta são, acima de tudo, denúncia. André é ser incorrigível. Graças a Deus!”.
Fotos de André Pessoa
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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