A Coluna obteve acesso exclusivo ao depoimento de Jéssica Paes de Sousa, apontada pela Polícia Civil do Piauí como acusada do assassinato de sua sobrinha de 5 anos, Maria Eduarda Vitória Oliveira de Sousa, que foi torturada até a morte no último sábado (14), no município de Uruçuí.
Em seu depoimento, Jéssica Paes de Sousa explicou um pouco da rotina diária com seus três filhos, de 14 anos, 7 anos e 4 anos, além dos sobrinhos [Maria Eduarda, 5 anos, e D. E. de S., de 3 anos de idade]. Em diversos trechos ela confirmou que deixava seus filhos e sobrinhos sob os cuidados de sua filha de 14 anos e que, no fatídico dia da morte de Maria Eduarda, estava na residência ao lado, onde ela trabalha com cuidadora de uma idosa.
“Na hora que aconteceu o ocorrido, a minha filha mais velha [14 anos] foi ao fundo [da casa] e falou: ‘mãe, a Maria Eduarda está passando mal de novo’. Na mesma hora eu fui para casa e ela [Maria Eduarda] estava em cima da cama. Eu estava trabalhando na casa da dona Nady, que fica do lado da minha casa. Na hora que eu cheguei, ela [Maria Eduarda] estava em cima da cama, eu coloquei a mão nela e não vi sinais. Foi nessa hora que eu saí desesperada e pedi para a minha filha chamar um mototáxi e a dona Nady falou que o filho dela nos levaria para o hospital”, contou Jéssica Paes de Sousa.
Permaneceu em silêncio
Ao ser indagada sobre qual razão a sobrinha Maria Eduarda foi encontrada com diversos hematomas, inclusive, com manchas de sangue e olhos roxos, Jéssica Paes de Sousa ficou em silêncio. A mesma atitude a investigada adotou ao ser indagada por qual motivo o irmão de Maria Eduarda, D. E. de S, que tem 3 anos de idade, não fora localizado no imóvel onde vivia com a irmã, mas sim na casa de seu cunhado, com hematomas semelhantes aos da irmã, que faleceu.
Mãe obrigava filha menor a fazer tarefas domésticas diariamente
Durante busca à residência, autorizada pela investigada, os policiais encontraram no imóvel uma lista com atividades a serem executadas pela filha da acusada, de 14 anos. Jéssica Paes de Sousa confirmou que escreveu a lista com as supostas "obrigações", que foram lidas por um agente de polícia durante o depoimento da investigada.
“Tomar café, lavar a louça e limpar o fogão. Limpar o banheiro e a casa, arrumar quarto, roupas todas dobradas, sem fazer bagunça, todos os dias. Limpar os tênis, lavar roupas da escola, pegar o lixo todos os dias, limpar a casinha da mel todos os dias e manter o quintal limpo. E só vai usar o celular depois que tiver feito todas as coisas para quanto for sete e meia da noite poder pegar o celular”.
Indagada se as tarefas eram de responsabilidade da menor, Jéssica Paes negou.
Sobrinhos sequer recebiam tratamento médico para ferimentos
Sobre os diversos hematomas encontrados nos corpos de Maria Eduarda, de 5 anos, e seu irmão de 3 anos, a ria Jéssica Paes de Sousa atribuiu os ferimentos a recorrentes quedas, injustificadas, e mesmo diante da gravidade das lesões, como as encontradas nas rótulas dos joelhos que estavam em “carne viva”, Jéssica Paes afirmou que utilizava uma pomada para cuidar dos ferimentos, mas nunca levou os sobrinhos ao hospital para trata-los com o auxílio de um médico.
Ao ser questionada por qual razão sua sobrinha Maria Eduarda sofreu um traumatismo craniano, que a levou à morte, a acusada não soube responder.
O depoimento, que durou 20 minutos, foi acompanhado de um advogado.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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