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Cachoeira - Bahia

Pesquisadores da UFPI descobrem cemitério de povos indígenas na Bahia

O sambaqui está localizado abaixo de um cemitério colonial, situado ao lado de uma igreja.

Pesquisadores do Laboratório de Osteoarqueologia da Universidade Federal do Piauí (LOA-UFPI) e discentes e docentes da graduação e pós-graduação em Arqueologia, participaram da descoberta de um cemitério de povos indígenas, chamado de sambaqui, na cidade de Cachoeira, na Bahia. O local está localizado abaixo de um cemitério colonial, situado ao lado da Igreja Matriz de Santiago do Iguape.

A construção desses sambaquis remete há milhares de anos, e também ajuda a identificar alguns costumes das pessoas que viveram no período pré-colonial e colonial. A descoberta dessas construções é realizada em parceria com a empresa piauiense Totem Arqueologia e a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (CONDER).


Foto: Divulgação/Acervo Totem ArqueologiaBolsista do projeto em escavação do Sítio Arqueológico da Igreja Matriz de Santiago do Iguape
Bolsista do projeto em escavação do Sítio Arqueológico da Igreja Matriz de Santiago do Iguape

O trabalho, que teve início em abril, proporcionou o achado de diversos elementos que caracterizam o estilo de vida dos povos que habitaram aquela região, tanto durante o período colonial, como no pré-colonial.

Segundo a doutora Rosivânia Aquino, coordenadora geral do projeto de intervenção arqueológica do Sítio Arqueológico da Igreja Matris de Santiago do Iguape, a descoberta compreende as particularidades de cada período histórico. “Isto é uma situação singular, pois temos um cemitério cristão sobre uma construção indígena, um sambaqui, que também serviu para o enterro de pessoas em período pré-colonial”, afirmou.

Achados no cemitério dos povos indígenas

Em outubro, a descoberta do cemitério de povos originários desvendou que, junto aos esqueletos enterrados, havia objetos feitos com ossos e dentes de animais, possivelmente instrumentos utilizados no cotidiano dessas pessoas. Estes artefatos também podem ter uma simbologia religiosa.

Foto: Divulgação/Acervo Totem ArqueologiaPonta de seta em osso encontrada junto a indivíduos provavelmente pré-coloniais
Ponta de seta em osso encontrada junto a indivíduos provavelmente pré-coloniais

Acima desse sambaqui, o cemitério colonial, onde os objetos encontrados junto aos esqueletos já possuem relação com práticas religiosas cristãs, assim como artefatos que remetem às crenças de matriz africana. Segundo a professora Claudinha Cunha, coordenadora do LOA-UFPI e responsável pelo estudo dos remanescentes humanos do sítio, o que chamou a atenção dos pesquisadores tem relação direta com os aspectos íntimos da vida dessas pessoas.

“Na sepultura de uma criança, por exemplo, foi encontrado o que resta de uma boneca ou anjo cuja cabeça é feita de porcelana e o corpo de tecido que há muito degradou. O que vemos em um caso desses é uma evidência concreta do amor dos pais pela criança morta. O desejo era que fosse acompanhado por um objeto carregado de afeto. É importante lembrar que no período pré-industrial, objetos como este seriam caros, herança de famílias passadas de uma geração para outra. Colocar isso no túmulo da criança é no mínimo tocante. Para a criança morta, a boneca foi sua última companheira”, afirmou a professora.

Foto: Divulgação/Acervo Totem ArqueologiaFragmento de boneca ou anjo em porcelana encontro junto com uma criança
Fragmento de boneca ou anjo em porcelana encontro junto com uma criança

Convênio com laboratório internacional

O Laboratório de Osteoarqueologia da UFPI irá firmar um convênio com o laboratório de DNA antigo da Emory Universitu, nos Estados Unidos. A iniciativa leva em conta a dimensão e frutos históricos importantes da descoberta, e a partir da parceria, será feita a análise genética das pessoas enterradas no sambaqui e no cemitério colonial, assim como as doenças que os afligiam.

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