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Eleições 2022

Candidata Madalena Nunes apresenta propostas para o Governo do Piauí

A candidata ressaltou a importância de dar visibilidade às minorias na gestão.

Dando continuidade à série de entrevistas com os candidatos ao Governo do Estado do Piauí, ao Senado Federal e a deputado estadual e federal, nesta segunda-feira (22), a TV GP1 traz a candidata ao Governo do Estado do Piauí Madalena Nunes, pelo PSOL. Ela falou sobre a importância da visibilidade das minorias e expôs seus projetos para uma possível gestão no Palácio de Karnak. A entrevista completa da candidata está disponível em vídeo e em texto abaixo. 

Leia a Entrevista na íntegra: 

Vamos começar falando sobre alternância de poder, nós temos 20 anos do governo do PT no Palácio de Karnak, e qual a importância para a senhora dessa alternância de poder?

É muito importante, para nós essa alternância de poder, um dos pilares da democracia porque é exatamente a partir de uma construção democrática que vamos apresentar alternativas para se fazer e garantir essa alternância. O que nós assistimos ao longo da história do Brasil, e também do Piauí, é que não apenas esses 20 anos do PT, mas temos uma classe dominante que não saiu do poder quando o PT foi eleito, então o PT continua aliado a classe dominante que sempre dominou o nosso estado e sempre governou o nosso país. Então nós precisamos que essa alternância comtemple a classe trabalhadora, as organizações sociais, comunidades negras, LGBTQI+, mulheres, mulheres negras. Porque o que a gente assiste é uma elite branca, mesmo naquele momento, é importante registrar que a gente elegeu, naquele momento, nessa época eu militava no PT, a gente imaginava que a classe trabalhadora fosse ocupar seu lugar nesses espaços de decisão, e não foi o que aconteceu. Precisamos refletir qual a representatividade das pessoas negras, das mulheres, das pessoas LGBT, das comunidades quilombolas e indígenas, então falta democracia e falta alternância de poder. Falta garantir que os setores da sociedade, os mais explorados e que mais precisam do estado não estão nesses espaços. Então as outras pessoas, da classe dominante, da elite brasileira e do Piauí, é que decidem as nossas vidas. 

Durante a oficialização da sua candidatura, a senhora falou sobre a importância de cuidar de mulheres. Como seria essa abordagem na prática, através de projetos?

Na verdade, nós temos projetos. Nós temos uma legislação muito rica, nossa Constituição é muito rica, ela contempla todas as nossas necessidades básicas, o que falta mesmo é vontade política. Então cuidar da mulher, onde uma sociedade é em maioria de mulheres, mulheres negras, que a maioria do eleitorado é de mulheres. No entanto, na grande parte das vezes, são os homens brancos que estão decidindo a nossa vida. Então, a gente construir e garantir uma sociedade feminista, porque o feminismo nunca matou ninguém. Uma sociedade feminista que possa descontruir o machismo estruturado dentro do capitalismo, que nós precisamos desconstruir a partir da participação da mulher, então cuidar da mulher é perceber a importância da mulher nos espaços de decisão, de poder. É perceber que a educação depende muito da mulher, nós mulheres estamos na educação básica, na educação infantil, superior, nos lares e ruas. E o estado precisa ter esse cuidado com a mulher, e acabar, por exemplo, não podemos permitir que continue esse ataque tão violento contra nós mulheres, como o feminicídio. O número de feminicídio aumentou muito no nosso estado, o Piauí é um dos estados que mais mata mulheres, quando temos o Brasil que é um dos país que mais nos mata. 

Nós temos várias escolas sucateadas, e isso ainda é muito pior no interior do estado. No campo educacional, como a senhora pretende melhorar?

Essa questão da educação é muito importante, e é mais importante ainda que as pessoas se preocupem com isso, porque o que estamos vivendo no ataque da educação é uma coisa lamentável. Não só com o sucateamento, com a destruição das escolas, mas também, como uma educação que não transforma, uma educação que não contribui para o avanço da sociedade, uma educação que vem cartas marcadas a partir de programas não representam as necessidades das pessoas, as necessidades sociais. Então nós precisamos agir, é importante isso que você falou do sucateamento e da destruição, é importante registrar. Nós estivemos em São Raimundo Nonato, no quilombo Lagoas, que são várias comunidades, onde as escolas estão fechadas e nós não compreendemos como é que um estado, inclusive um estado que mantém um nível de analfabetismo muito grande, tem coragem de fechar uma escola quando garante recursos muito elevados para a classe dominante, para os grandes latifundiários e para o agronegócio, para os banqueiros. É muito lamentável vivermos essa situação, mas queremos dizer que para nós a educação libertadora é aquela teorizada e praticada por Paulo Freire, onde ele diz “A sua cabeça pensa onde seus pés pisam”. Então não adianta essa educação que não representa, que não traz na a sua lógica, no seu modo de fazer, a realidade concreta das comunidades e da sociedade. 

O Anuário de Segurança Pública 2022 divulgou Teresina como a 4ª capital mais violenta do Brasil. Como a senhora pretende mudar essa realidade?

Infelizmente a violência é um dos problemas mais sérios que nós vivemos no Brasil, e no Piauí também. E a gente vê essa realidade onde o Piauí tem esse destaque porque ele já teve destaque como o estado que mais mata mulheres, como também, o primeiro entre os estados brasileiros de feminicídio, e agora aparece como 4ª lugar em violência. O que nós entendemos, é que são várias questões, a violência é alimentada pelo Governo Central. Nós temos um desgoverno na presidência da república, que alimenta a violência. E partir daí, traz para a sociedade, e também para o Piauí, que não é uma realidade separada, essa violência que se destaca como 4ª lugar de violência do Brasil. A questão da educação, não ter cultura, não ter incentivo à cultura, não ter esporte, as escolas não terem esporte, não ter lazer é um caos, nós não temos transporte público. As pessoas nessa pandemia foram afetadas, a mobilidade urbana reduziu demais, as pessoas não tinham como ir estudar, a gente viu o caos que é a questão do transporte público. Então a gente viu que todos esses elementos contribuem para que essa violência se destaque. É possível a partir do diálogo com as comunidades e com a juventude que é a maior prejudicada com toda essa situação porque está sendo tirada a perspectiva de futuro. Porque se a gente não tem presente, como é que vamos construir um futuro Entendemos que temos muito a fazer em relação à segurança, mas não apenas a segurança como algo abstrato, ela está a partir da célula familiar, a partir da escola, do trabalho, enfim. É uma segurança que contempla uma dimensão muito grande e conversar com a sociedade, dialogar para construir saídas, e construir, de fato, uma sociedade igualitária, segura e feliz.

 A alta carga tributária é um desafio para quem vai gerir o estado, porque além de custear a máquina estatal, custea também, os serviços públicos, como saúde e educação, e acaba que os pobres pagam mais, porque todo consumidor paga o mesmo valor de impostos. Como a senhora vê um projeto, caso eleita, tornar os impostos de forma mais justa?

Essa questão tributária é uma das maiores injustiças que os governos cometem contra a sociedade brasileira. Primeiro, como você disse, quem paga mais somos nós, a classe trabalhadora, as pessoas desempregadas. É um absurdo uma pessoa que está desempregada pagar o mesmo imposto ao adquirir qualquer produto ou serviço de um milionário. É uma injustiça muito grande, inclusive é um desrespeito muito grande a Constituição Federal de 88, que traz em um de seus artigos, cobrar impostos das grandes fortunas e que não é feito porque os ricos dominam o nosso país. Então, se a gente quer transformar a sociedade, inclusive na questão de garantir uma reforma tributária justa que cobre dos ricos, das grandes fortunas e que faça com que a sociedade seja desonerada, porque a classe trabalhadora não pode ficar responsável por manter o estado. Nós somos responsáveis por essa manutenção de forma injusta, como podemos mudar isso Apoiando a reforma tributária, nós precisamos garantir uma reforma progressista, quem tem mais paga mais e quem não tem, não paga. É importante, como você disse, os impostos que sustentam as políticas, somos nós sociedade que sustentamos o estado. O estado precisa arrecadar mas precisa arrecadar com justiça. Porque não existe políticas públicas, o que a gente vê é uma injustiça onde o estado arrecada, na sua grande maioria, da classe trabalhadora para beneficiar uma pequena elite. Ou seja, é a sociedade organizada que vai transformar essa situação injusta, inclusive da cobrança de impostos. 

A pandemia trouxe diversos impactos negativos, e o fechamento de empresas e a demissão em massa foram um dos impactos. Como a senhora pretende melhorar essa questão do desemprego?

Nós tivemos um grande impacto na pandemia, no comércio, na produção, na indústria, porque de fato as pessoas precisavam ficar em isolamento social. Infelizmente, nem isso eles fizeram, por exemplo, o governo central, se quer reconheceu essa pandemia como devastadora, como de fato foi. E a gente vê como uma política intencional de nos matar, ele nega a vacina e nega também o incentivo as pequenas empresas que foram fechadas, afetadas pela pandemia. São fechadas porque naquele momento, o governo central e também do Piauí, preferiu manter a proteção aos ricos. Tanto é que os banqueiros, os grandes latifundiários e o agronegócio continuam lucrando, não existe pandemia e nem crise para esse setor. Percebemos que foi uma política intencional que se aproveitou da pandemia para atacar o emprego das pessoas, tirar as condições de vida e para piorar a situação da classe trabalhadora, que estão em uma situação muito difícil. Nós precisamos sabermos como retomamos e não tem outra forma, se não através de políticas públicas, de incentivo, de empréstimo. Não cobrando esses juros absurdos, mas de empréstimos que dê condições das pessoas retomarem a sua vida e sua produção. 

Na parte da infraestrutura, os piauienses convivem com ruas esburacadas, escolas sucateadas e falta de hospitais. Quais suas propostas para essa área?

Como a gente vem insistindo, essa é uma política intencional. Não falta dinheiro para os ricos, nós temos um estado muito rico. Essa história que o Piauí é pobre, é mentira. O Piauí é muito rico, o Brasil é muito rico. O Brasil é uma das maiores riquezas do mundo. Aqui no Piauí, o que a gente pode perceber é o descaso dos governos, da prefeitura. Inclusive, a gente vê a greve dos municípios, a falta de preocupação que a prefeitura e o estado tem com a sociedade, com a educação do nosso estado. A questão dos ônibus que está um caos, a gente já pontuou antes que é um absurdo. Precisamos perceber que tem dinheiro, o Piauí é rico. O que tem é uma intenção de tirar recursos do setor público para incentivar o setor privado. Toda essa infraestrutura depende do estado, depende da vontade política. Nada justifica ruas esburacadas, nada justifica um hospital que não pode atender a sociedade. Não justiça nós pagarmos e não termos um serviço púbico de qualidade. Não vamos permitir que essa situação permaneça como algo natural. 

A senhora pretende reduzir o número de secretarias, cargos e gastos com pessoal, caso eleita?

De forma nenhuma, nós não podemos reduzir gastos com pessoal. Porque é exatamente o que está sendo dito, o serviço público precisa ser fomentado, precisa ser valorizado, então está faltando servidor público, nós vamos garantir concurso público, vamos garantir que o estado funcione a partir do serviço público. Nós não podemos desvalorizar o servidor, que é a lógica da política neoliberal, que diz que o estado precisa ser pequeno, precisa ser reduzido, mas para nós trabalhadores, desempregados. É exatamente para quem precisa do estado, o estado não alcança as periferias, as comunidades. Na maioria das vezes, alcança com violência, o próprio estado matando as pessoas. Nós temos a polícia que mais mata e consequentemente a que mais morre também, isso é um absurdo. Enquanto ele tira o estado de nós, ele mantém o estado forte para os ricos, a gente tem um sistema de dívidas que tira metade dos recursos para pagamento de juros. Então é uma situação que não pode continuar. Eles querem dizer que é porque o estado precisa ser reduzido, diminuir o número de servidores, mas não é esse o problema. O problema é o contrário, nós precisamos é fomentar o serviço público, garantindo os direitos dos servidores. Nós entendemos que o estado existe para investir os recursos na própria sociedade. 

Considerações finais da candidata 

Primeiro, gostaria de agradecer o espaço para esse diálogo.  Foram trazidos elementos muito importantes que a sociedade precisa participar. Para nós, nesse minuto final, queremos dizer para nos organizarmos como classe trabalhadora, vamos nos organizar enquanto mulheres, nós precisamos transformar essa realidade. Não podemos culpar apenas os outros, nós como sociedade não podemos permitir que o estado exista para beneficiar poucos, o estado é mantido por nós, com nossos impostos. Precisamos cobrar políticas públicas que atendam nossos direitos, então chamo atenção para o nosso papel transformador dentro da sociedade.

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