O governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), declarou nesta sexta-feira, 8, que não vai “desistir de combater a Cracolândia”. Ele se manifestou quando foi questionado sobre saques registrados na região da Santa Ifigênia, no centro da capital. “A gente sabe que isso, às vezes, causa transtornos, mas nós não vamos fechar os olhos para esse problema que é de décadas. Vamos continuar com as ações conjuntas.”
Garcia também avaliou que as ações têm sido efetivas. “Se a gente fizer uma análise do que evoluiu de janeiro até o mês de julho, temos menos de 1/3 das pessoas que hoje são dependentes químicas e estão no centro de cidade”, falou. “Significa que temos conseguido avançar em relação à Cracolândia, prendendo os bandidos e traficantes, e dando tratamento aos dependentes. Vamos continuar perseverando.”
O governador ainda lembrou que na quarta-feira determinou que o comandante geral da polícia, junto com os guardas metropolitanos, reforçasse o policiamento na região. “Para que a gente não tenha aquelas cenas com os comerciantes repetidas.”
'Não é ação de usuários desesperados porque estão sem pedra', diz Soninha Francine
Soninha Francine, secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, disse que saques na região da Santa Ifigênia, provocados pela dispersão de usuários, não podem ser atribuídos apenas à abstinência e sugere que cenas foram comandadas pelo tráfico.
"Essa não é uma ação de usuários desesperados porque estão sem pedra. Não é deles, não é espontâneo”, disse ao Estadão. Na quinta-feira, 7, o prefeito Ricardo Nunes atribuiu os conflitos à escassez de droga.
“Qualquer um que já acompanhou ou que tem proximidade com um usuário de crack, sabe que, em momentos de abstinência eles podem ficar agressivos, mas isso acontecia no fluxo original da Dino Bueno, da Helvétia, acontece, não é por causa da dispersão que existe mais agressividade em momentos de abstinência”, explicou a secretária.
Ela destaca que a dispersão dos usuários é uma consequência de desmantelar controle do tráfico em um território. “O que a gente tem nos fluxos originais é um controle, todo mundo sabe que na Cracolândia tem o ‘disciplina’. Um agente do crime organizado que bota ordem e que manda correr e tumultuar.”
Nos últimos dias, o fluxo vem se concentrando na Rua dos Gusmões, perto da Santa Ifigênia, importante polo de comércio de eletroeletrônicos da região central de São Paulo. Depois de uma operação policial, usuários se dispersaram e alguns tentaram saquear estabelecimentos comerciais. Imagens feitas pelos próprios comerciantes mostram o momento em que suspeitos fogem com bebidas e até uma TV de um bar na Rua Guaianazes. Segundo a polícia, quatro pessoas foram presas.
Soninha destacou a importância da presença de ações de política pública de saúde e assistencial próximas aos usuários. Ela comemora medidas já tomadas, como a presença de um consultório de saúde 24h na esquina da Helvétia com a São João, que, segundo ela, tem também seis banheiros. “É pouco, mas antes não era nada.”
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