Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) aumentaram 135% no Brasil as últimas três semanas em relação ao mesmo período de novembro, passando de 5,6 mil casos para 13 mil casos, informou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Há mais de um mês, o órgão não divulgava dados sobre a doença por causa do "apagão" no sistema de informações do covid-19 no Brasil. O espalhamento da variante ômicron tem lotado postos de saúde e provocado um tsunami de infectados no País.
Segundo o Boletim InfoGripe da instituição, divulgado neste sábado, 15, a velocidade com que o covid-19 se espalha entre a população brasileira cresceu, semanalmente, de 4% para 30% desde novembro. A escalada da SRAG ocorreu em todas as faixas etárias a partir de 10 anos, desde o final de novembro e início de dezembro até este mês, informou a Fiocruz.
"Os dados laboratoriais apontam que esse aumento foi consequência tanto da epidemia de gripe quanto pela retomada do crescimento de casos de covid-19", informou a Fiocruz. Foi registrado crescimento em todas as faixas etárias a partir de 10 anos, desde o final de novembro e início de dezembro até janeiro. O mesmo não ocorreu na faixa de 0 a 9 anos, que ao final de dezembro apresentou interrupção do crescimento da contaminação que se mantinha desde o mês de outubro de 2021.
De acordo com o pesquisador responsável pelo InfoGripe, Marcelo Gomes, na faixa entre 10 e 19 anos é possível que o País já tenha atingido patamares similares aos registrados nos picos de março e maio de 2021. Em relação às crianças de 0 a 9 anos, os resultados laboratoriais associados a esses casos apontam predomínio de vírus sincicial respiratório (VSR), com aumento de casos de Influenza A ao final de novembro e ao longo de dezembro de 2021. A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos começou somente nesta sexta-feira, 14, no Brasil, quase um mês após a aprovação do imunizante da Pfizer para este grupo.
Em todas as faixas etárias verifica-se aumento significativo de casos associados ao vírus influenza A (gripe) ao final de novembro e ao longo do mês de dezembro, tendo inclusive superado os registros de covid-19 em algumas destas semanas. No entanto, os dados relativos ao final de dezembro e à primeira semana de janeiro apontam para a retomada do cenário de predomínio da covid-19.
Com exceção de Roraima e do Rio de Janeiro, todos os Estados têm sinal de crescimento de casos de síndrome respiratória aguda na tendência de longo prazo, sendo que todos esses estão com o indicador em nível forte (probabilidade maior do que 95%): Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Entre esses Estados, apenas Amazonas e Rondônia apresentam sinal de estabilidade na tendência de curto prazo. Todos os demais apresentam sinal de crescimento, sendo este sinal moderado (probabilidade maior de 75%) no Amapá, Pará e Piauí, e forte em todos os demais. No Rio de Janeiro, a tendência é de crescimento expressivo no curto prazo, embora a tendência de longo prazo esteja em situação de estabilidade. O pesquisador observa que o cenário de aumento de casos graves de influenza e de covid-19, anteriores às festas de final de ano, sugere que tais eventos podem ter representado risco significativo para a população, especialmente em eventos com muitas pessoas.
"Esse fato torna fundamental a retomada de ações de conscientização da população e minimização de risco para mitigar o impacto ao longo do início do ano de 2022. Tais dados também deixam claro a importância do cancelamento de grandes eventos por parte das autoridades de diversas localidades, ainda que os dados de notificação estivessem apresentando problemas na sua divulgação", disse Gomes.
Os dados laboratoriais por unidades da Federação seguem quadro muito similar em praticamente todos os Estados, "sendo claro o início da epidemia de influenza A no Rio de Janeiro rapidamente se espalhando para o restante do País", comenta Gomes.Ele conclui chamando atenção para o fato de que "sempre há atraso entre a identificação de casos, o resultado laboratorial e a inserção do resultado no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe).
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