O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez nesta sexta-feira, 11, uma avaliação sobre o futuro do sistema de saúde brasileiro para o período posterior à pandemia do novo coronavírus e defendeu adotar uma "agenda de reformas para criar um sistema de saúde mais inclusivo e sustentável”.
Segundo fontes do mercado financeiro ouvidas pelo Estadão/Broadcast, ele afirmou que a crise atual “exacerbou problemas estruturais” tanto do sistema público quanto do sistema privado de saúde.
Queiroga esteve reunido pela manhã com executivos de alguns dos principais bancos na sede da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, à convite da instituição. Além dele, estava presente no encontro o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Queiroga fez uma apresentação de cerca de 20 minutos.
Na plateia, estavam o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, o vice-presidente do Santander, Alessandro Tomao, e o vice-presidente do Banco do Brasil, João Carlos Pecego, entre outros. Ao todo, 17 alto executivos de bancos estiveram com Queiroga e Campos Neto.
Queiroga apresentou uma tabela com um diagnóstico sobre os desafios do setor e os problemas que foram exacerbados durante a pandemia. Ao tratar diretamente das reformas pós-pandemia, ele defendeu a regionalização da assistência à saúde, com consequente redução do número de hospitais pequenos.
Conforme as fontes, Queiroga também apontou a necessidade de integração dos serviços e subsistemas de saúde. Segundo o ministro, o foco vai recair sobre a atenção primária como “regulador do sistema”.
Por fim, ele citou a necessidade de reforma do financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). A lógica a ser adotada, conforme as fontes ouvidas pela reportagem, seria a do “dinheiro que segue o paciente”. Para isso, seria preciso diminuir a renúncia fiscal e minimizar a judicialização na área de saúde, conforme Queiroga. Ele também defendeu a definição de um marco regulatório para as Parcerias Público-Privadas (PPPs) no setor de saúde.
O ministro afirmou ainda que o setor de saúde tem “papel crescente” no valor adicionado à economia, no total das remunerações no Brasil e no total das ocupações.
Pandemia
Segundo Queiroga, entre as ações prioritárias do governo estão acelerar a vacinação contra a covid-19, assegurar a assistência à saúde durante a pandemia e estabelecer medidas para um retorno seguro das atividades.
Fontes do setor financeiro que participaram do encontro disseram que Queiroga também voltou a garantir que o governo já contratou vacinas suficientes para vacinar toda população adulta até o fim de 2021.
Aos executivos de bancos, o ministro afirmou ainda que a diversificação no portfólio de vacinas contratadas pelo governo minimiza o risco de atrasos nas entregas. Pelos dados apresentados por ele, 33% das vacinas contratadas são da Oxford/AstraZeneca; 20% do Instituto Butantan/Sinovac/Coronavac; 32% da Pfizer/BioNtech; 7% do consórcio Covax; 6% da Janssen/Pharmaceutica/Bel; e 2% da Fiocruz/AstraZeneca. Já foram contratadas 622,2 milhões de vacinas. Por enquanto, apenas 109,3 milhões foram distribuídas - ou seja, foram entregues pelos fabricantes e enviadas aos entes federativos.
As fontes ouvidas pela reportagem afirmaram ainda que, conforme Queiroga, 33% da população com mais de 18 anos já recebeu a primeira dose da vacina e 15%, as duas doses.
Queiroga também fez uma defesa, entre os executivos de bancos, dos dados de vacinação. Segundo ele, o Brasil está entre os países com mais doses aplicadas e também entre as nações com maiores porcentuais de doses aplicadas na população, considerando apenas a primeira dose.
Em outro momento, o ministro tratou da expansão do programa de testagem para covid-19. Em sua apresentação, afirmou que o governo está desenvolvendo estratégias de testagem, parâmetros e protocolos, além de um roteiro para digitalização e rastreamento.
Os objetivos do programa de testagem, disse Queiroga aos representantes de bancos, são reduzir o tempo de testagem, instituir um “cuidado adequado” considerando possíveis diagnósticos e otimizar a ocupação de leitos.
Conforme Queiroga, o programa de testagem buscará também direcionar “de forma mais adequada” as medidas restritivas de circulação e “permitir a retomada das atividades econômicas com segurança”. Segundo Queiroga, o objetivo é obter uma “expansão significativa” da testagem.
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