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Saúde

Alemanha suspende vacina de Oxford/AstraZeneca a menores de 60 anos

Angela Merkel disse que não pode ignorar riscos de efeitos colaterais, incluindo trombose.

A Alemanha suspendeu a administração da vacina contra a covid-19 de Oxford/AstraZeneca a menores de 60 anos. A chanceler do país, Angela Merkel, justificou a decisão com base em recomendações de especialistas que, segundo ela, "não podem ser ignoradas", e tendo em conta os "riscos" de seus efeitos colaterais, incluindo trombose.

Ainda não há evidências de que o imunizante esteja relacionado com casos de trombose. Há duas semanas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) analisou o assunto e afirmou que os benefícios da vacina de Oxford/AstraZeneca superam em muito qualquer risco.


"Felizmente temos vacinas suficientes para podermos tomar essa decisão", disse a chanceler alemã, após encontro realizado com dirigentes regionais e chefes de Saúde do governo federal e dos estados federados.

A decisão envolverá uma "reestruturação" na campanha de vacinação. A vacina anglo-sueca somente será aplicada em casos excepcionais e após análise individualizada para grupos abaixo dos 60 anos, o que inclui profissionais da saúde e outros setores essenciais.

"É fundamental manter o princípio da confiança. E só pode haver tal confiança quando qualquer suspeita ou risco individual é cuidadosamente analisado", acrescentou a chanceler.

A medida segue recomendação da Comissão Permanente de Vacinação da Alemanha (Stiko), vinculada ao Instituto Robert Koch (RKI) de virologia, que cuida da imunização no país.

A decisão baseia-se em "dados existentes sobre efeitos colaterais raros, mas graves", disse à agência em um comunicado, onde estabelece a possibilidade de aplicar a vacina em pessoas abaixo dos 60 anos de idade após uma "avaliação individual de cada caso". Os efeitos colaterais podem se manifestar entre 4 e 16 dias após a vacinação, de acordo com a Stiko.

O encontro entre Merkel, líderes regionais e ministro da Saúde do governo federal e dos 16 estados federados foi convocado depois que alguns estados - incluindo a cidade-estado de Berlim - optaram por suspender a administração da vacina de Oxford/AstraZeneca em pessoas com menos de 60 anos.

A própria Merkel havia se manifestado no último domingo contra voltar a se reunir com os governadores antes da Páscoa. Há dois dias, ela fez duras críticas a algumas autoridades regionais por não aplicarem com o devido rigor as restrições previamente acordadas, enquanto os contágios aumentam.

A decisão do governo regional de Berlim foi seguida, em cascata, pela suspensão desta vacina para menores de 60 anos em Munique, Brandenburgo e Renânia do Norte-Vestfália.

O chefe de saúde do governo regional de Berlim, Dilek Kalayci, justificou sua decisão com base em novos dados sobre os efeitos colaterais do imunizante.

Um dos maiores hospitais de Berlim, o Charité, havia informado que "embora não tenha havido complicações após a vacinação com a Astrazeneca", queria agir com precaução.

O grupo de clínicas Vivantes, onde milhares de seus trabalhadores foram vacinados com o soro da farmacêutica anglo-sueca, juntou-se a eles.

O Charité emprega cerca de 19 mil pessoas, enquanto as clínicas Vivantes - que também administram lares para idosos - têm aproximadamente 17 mil funcionários.

De acordo com estimativas dos meios de comunicação de Berlim, dois terços dos funcionários do Charité foram vacinados, 70% deles com a vacina da AstraZeneca.

O Instituto Paul-Ehrlich, centro de referência para vacinação na Alemanha, detectou, de acordo com a revista "Der Spiegel", 31 casos de trombose em pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca, nove dos quais morreram.

Como em outros países europeus, a inoculação com o imunizante desse laboratório foi temporariamente suspensa na Alemanha por algumas semanas por causa de preocupações com efeitos colaterais, mas foi retomada no último dia 19.

De acordo com o RKI, cerca de 2,7 milhões de pessoas receberam a vacina na Alemanha. Até o momento, 10,8% da população do país foram imunizadas com a primeira dose; 4,8% receberam também a segunda.

Relembre

Vários países, principalmente da Europa, tinham suspendedido o uso da vacina contra a covid-19 de Oxford/AstraZeneca há algumas semanas. Alguns já voltaram a usar o imunizante, mas outros continuam sem aplicá-lo. O movimento começou com Dinamarca e Áustria, que logo foram seguidas por Islândia, Noruega, Bulgária, Tailândia, República Democrática do Congo, Alemanha, França, Espanha, Portugal e Itália. O motivo foi a constatação de alguns casos de trombose entre pessoas que receberam o imunizante.

Em seguida, a OMS e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmaram que a vacina é segura e não há indícios que ela esteja relacionada com casos de trombose. "É muito importante entender que, sim, devemos continuar usando a vacina da AstraZeneca", disse à época Margaret Harris, porta-voz da OMS.

A agência europeia afirmou que o número de casos registrados de trombose entre as pessoas imunizadas não é superior aos que ocorrem na população em geral. “Não há indícios de que a vacinação tenha causado o problema, que sequer é listado como efeito colateral dessa vacina”, informou a EMA no dia 11 de março. O órgão também recomendou que a vacina continuasse sendo usada.

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