O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta segunda-feira, 1, que as próximas duas semanas serão as mais duras, graves e trágicas desde o início da pandemia de covid-19 no Brasil. Ele disse que os especialistas do Centro de Contingência continuam a avaliar as medidas adequadas para enfrentar o momento e que seguirá o que for definido pela maioria do grupo.
As declarações de Doria foram dadas em entrevista ao canal do Youtube My News. “Teremos as duas semanas mais duras e mais graves da pandemia desde 26 de fevereiro do ano passado. Serão sim as duas semanas mais trágicas e difíceis para todos os Estados brasileiros”, disse o governador.
Questionado sobre a possibilidade de adotar um lockdown no Estado ou outras medidas restritivas, ele reforçou que segue orientações dos especialistas. “Não sou eu quem decreta lockdown. Isto é uma decisão do Centro de Contingência. Eu aqui não imponho posições, eu aceito as posições”, acrescentou, dizendo não se tratar de uma decisão de natureza política.
Para Doria, os números de casos, internações e mortes em alta se deve a dois “impulsos”, como chamou: as festas clandestinas do réveillon e as aglomerações no período do carnaval. “Disseminou o vírus de uma maneira muito mais rápida”, disse.
Para piorar, pontuou o governador, a cepa de Manaus “trouxe um vírus com capacidade de infectabilidade muito maior, preocupando cientistas”. “Tudo isso levou a uma situação muito difícil. Hoje, temos que reconhecer, não só em São Paulo, mas em todo o País que a situação é mais difícil. Mais difícil que a fase mais dura da primeira onda da covid-19.”
Ele voltou a criticar a gestão do governo federal quanto à pandemia e cobrou apoio financeiro para leitos de UTI. Doria disse que o momento pede uma coordenação nacional com orientação única e medidas que possam atender todos os Estados.
“Quando mais precisamos, vem o governo Jair Bolsonaro e acusa os governadores de estarem gastando dinheiro e fazendo o que não deveriam, exatamente o oposto do que precisamos. Desde quando precisaríamos recorrer ao Supremo para garantir leitos de UTI diante de uma pandemia? Surreal uma situação como essa.”
A média móvel de mortes pela covid-19 ficou 1.223 nesta segunda-feira, 1º, e bateu recorde pelo terceiro dia consecutivo. De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o País somou mais 818 mortes e 40.479 casos pela doença nas últimas 24 horas. o País superou a marca de 255 mil vítimas e chegou aos 10.589.608 casos confirmados da doença.
Vivendo o pior momento da pandemia, o Brasil conta com 18 Estados somando mais de 80% de UTIs ocupadas. Segundo levantamento do Observatório Fiocruz Covid-19, os dados apontam para o risco iminente de colapso no sistema de saúde.
Diante da situação, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defendeu a adoção imediata de lockdown nos Estados em que a ocupação dos leitos de covid-19 tenha alcançado mais de 85%. O Conass também defendeu a adoção de um toque de recolher nacional, das 20h às 6h, inclusive nos finais de semana, e a suspensão do funcionamento das escolas.
Estado mais afetado pelo vírus em números absolutos, São Paulo chegou ao total 59.546 óbitos e 2.044.699 casos confirmados durante toda a pandemia. Entre o total de casos diagnosticados, 1.830.423 pessoas estão recuperadas. As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 74,3% na Grande São Paulo e 73,2% no Estado. O número de pacientes internados é de 15.977, sendo 8.701 em enfermaria e 7.276 em unidades de terapia intensiva.
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