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Saúde

Rio Grande do Sul tem maior média móvel de mortes pela covid-19

Cidades do interior adotam barreiras sanitárias e até lockdown; Estado tem hospitais superlotados.

Com a confirmação de mais 77 mortes pela covid-19 nesta sexta-feira, 26, o Rio Grande do Sul atingiu a média móvel de 80 óbitos nas últimas duas semanas, 51% a mais que no período anterior. A partir deste sábado, 27, todo o Estado deverá seguir os protocolos da bandeira preta, a mais restritiva, até o dia 7 de março, conforme decreto do governador Eduardo Leite (PSDB). Cidades do interior estão indo além e adotando lockdown e barreiras para restringir a circulação de pessoas.

O governador suspendeu temporariamente a cogestão regional, que dava autonomia às regiões do Estado para definir normas próprias relativas à pandemia. Com a medida, todas deverão seguirsau os protocolos da bandeira preta definidos pelo governo estadual. Leite considerou o “crescimento exponencial de contágio do coronavírus e do pico de internações em leitos hospitalares, o que levou ao esgotamento de UTIs em algumas regiões”, informou o governo.


A taxa de ocupação de leitos de UTI chegou a 94% nesta sexta, com 2.552 pacientes em tratamento intensivo nos 299 hospitais do Estado, que dispõem de 2.716 leitos. Alguns hospitais estão superlotados e com leitos improvisados, como o hospital de Boqueirão do Leão, no Vale do Rio Pardo, com 175% de ocupação de leitos de UTI.

Conforme o governador, o surto atingiu seu nível de maior incidência, impondo um modelo de distanciamento controlado em todos os municípios. Em rede social, ele avaliou a situação como muito crítica e pediu o comprometimento da população. "Peço a adesão dos prefeitos, preciso de cada um. Não adianta o governador bater sozinho sobre o que tem que fazer se as pessoas não entenderem. A gente precisa derrubar essa taxa de contato, só liberando o que for estritamente essencial."

Em Porto Alegre, a ocupação hospitalar está acima da média estadual, com 97,3% dos leitos em uso. Nesta sexta, ao menos 124 pacientes com covid aguardavam vagas para internação. Cinco hospitais da capital - Moinhos de Vento, Vila Nova, São Lucas (PUC-RS), Restinga e Santa Ana - estavam com lotação igual ou maior do que 100%.

Em vídeo publicado em redes sociais, o prefeito Sebastião Melo (MDB) criticou as medidas anunciadas pelo governo. “Manifesto minha discordância do senhor governador que fechou a cidade. Salvar vidas é o que estamos fazendo todos os dias aqui na prefeitura de Porto Alegre”, disse. Em mais de uma ocasião, Melo defendeu a manutenção da atividade econômica com cuidados. O presidente Jair Bolsonaro também é forte opositor das medidas de isolamento e tem desrespeitado protocolos sanitários, como uso de máscara e evitar aglomerações.

Gramado monta barreiras sanitárias

No interior, as prefeituras recorrem a medidas drásticas na tentativa de conter o vírus. A prefeitura de Gramado, uma das principais cidades turísticas gaúchas, montou barreiras nos principais acessos para restringir a entrada de turistas. Conforme o secretário de Saúde, Jefferson Moschen, a força-tarefa vai descontaminar os veículos e orientar os ocupantes sobre as regras da bandeira preta. “Ninguém terá seu direito de ir e vir restringido, mas vamos nos certificar de que as pessoas não tenham sintomas visíveis da doença e estejam usando máscaras”, disse.

No Vale do Taquari, as prefeituras de Lajeado, Venâncio Alves e Santa Cruz do Sul decretaram lockdown, restringindo a circulação de pessoas e veículos. A mesma medida foi adotada em Pelotas, no sul, e em Boqueirão do Leão.

Na bandeira preta, só haverá ensino presencial em escolas infantis e nos dois primeiros anos do ensino fundamental. Os demais ciclos e ensino superior só funcionarão de forma remota. No serviço público, apenas as áreas de saúde, segurança pública e de fiscalização atuam com 100% das equipes. Os demais serviços podem ter no máximo 25% dos trabalhadores no atendimento presencial.

Os restaurantes podem funcionar apenas com tele-entrega. Salões de beleza, academias de dança ou esporte, comércio atacadista não essencial, incluindo em shoppings, não podem abrir. O transporte coletivo municipal e metropolitano de passageiros poderá operar com 50% da capacidade dos veículos, com janelas abertas.

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