Doses de reforço das vacinas contra a covid-19 restauram significativamente a proteção contra quadros leves da doença causada pela variante Ômicron. Em partes, revertendo uma queda acentuada na eficácia dos imunizantes, disse a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) na sexta-feira, 10.
Essas primeiras descobertas preliminares de uma análise do mundo real são alguns dos primeiros dados sobre a proteção contra a nova cepa que não vêm de estudos de laboratório - que também mostraram atividade neutralizante reduzida.
"Esses resultados devem ser tratados com cautela, mas indicam que alguns meses após a segunda dose, há um risco maior de contrair a variante Ômicron em comparação com a cepa Delta", disse a Mary Ramsay, chefe de imunização do UKHSA.
Ela também afirmou que, com uma injeção de reforço, se espera que a proteção contra doenças graves seja elevada. "Os dados obtidos indicam que o risco é diminuído após uma vacina de reforço, por isso incentivo todos a tomarem sua dose de reforço quando elegíveis."
Uma análise de 581 pessoas infectadas pela Ômicron mostrou que duas doses da vacina da AstraZeneca ou da Pfizer proporcionaram níveis mais baixos de proteção contra infecção sintomática da nova cepa em comparação com a Delta.
No entanto, com uma dose de reforço da Pfizer, a proteção contra a infecção sintomática subiu para 70% para pessoas que receberam inicialmente AstraZeneca, e para 75% para aquelas que receberam Pfizer.
A proteção contra a Delta após injeção adicional é de cerca de 90%.
A agência britânica reforçou que a Ômicron é mais transmissível do que a Delta. Com a nova cepa, o risco de reinfecção é de três a oito vezes maior, apontou.
Segundo o órgão, dois estudos do Reino Unido, ainda não publicados ou analisados por pares, e três internacionais sugerem que os títulos (quantidade) de anticorpos neutralizantes contra a Ômicron reduzem entre 20 a 40 vezes nos em comparação ao vírus original - usado para desenvolver as vacinas.
Embora nenhum caso da nova cepa tenha resultado em hospitalização ou morte até o fim da semana passada, disse a agência, os dados disponíveis são insuficientes para avaliar a gravidade da Ômicron.
Com as taxas de crescimento atuais, Ômicron pode ser responsável por mais de 50% de todas as infecções pelo coronavírus em meados de dezembro, disse o órgão. Por conta disso, o Reino Unido pode ultrapassar um milhão de casos até o final do mês, à medida que novas medidas entram em vigor na Inglaterra para desacelerar a propagação da variante.
"O aumento de casos da variante Ômicron, junto aos novos dados de hoje, deve ser um alerta para aqueles que ainda não receberam seu reforço ou nenhuma vacina", disse o diretor-médico do Serviço de Saúde Nacional, Stephen Powis.
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