O Amazonas voltou a bater recorde de internações pelo novo coronavírus em um único dia, no domingo, 27, com 95 novas hospitalizações. É o maior número de internações em um dia desde maio, quando foram registradas 82 hospitalizações. O Estado chegou a anunciar medidas mais restritivas para o comércio para conter a transmissão do vírus, mas recuou após protestos do setor. O governo cogita também abrir um novo hospital de campanha para dar conta da demanda.
Segundo o boletim diário da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), houve aumento de 61% no número de internados, entre os dias 1º e 25 de dezembro. Para abrir novos leitos para pacientes, a Secretaria de Estado de Saúde tem reorganizado as unidades da rede pública.
Atualmente, o hospital de referência Delphina Aziz, em Manaus, opera com mais de 92% dos leitos de UTI destinados à covid-19 ocupados. Nos próximos dias, o número de leitos vai aumentar ainda mais e deve chegar a 150. Além disso, os hospitais 28 de Agosto e Platão Araújo também passaram a ter leitos destinados a pacientes com coronavírus.
Já os pacientes de outras doenças que estavam internados nesses hospitais foram realocados para o Hospital e Fundação Adriano Jorge, Hospital Universitário Getúlio Vargas, além de outras unidades incluídas no planejamento. A previsão é de que, nos próximos 20 dias, a rede pública de saúde receba maior pressão, e um novo pico da pandemia já é esperado.
O governo do Amazonas já discute, inclusive, a possibilidade de implantar um novo hospital de campanha em parceria com o governo federal para ampliar o atendimento. O Estadão entrou em contato com a SES-AM para saber mais detalhes sobre essa medida, mas ainda não obteve retorno.
Além do hospital de campanha, o Estado também pretende credenciar novos leitos na rede privada para atender à demanda da rede pública, embora os principais hospitais particulares já tenham comunicado oficialmente que estão com 100% dos leitos ocupados.
De acordo com o chefe da Infectologia da Unesp, Alexandre Barbosa, o índice de propagação do coronavírus está alto e já é praticamente igual ao dos primeiros meses da pandemia. O principal fator é o descumprimento das medidas de proteção: evitar aglomerações, além do uso de máscaras e do álcool em gel.
"Uma hora ou outra, a conta chega. Quanto mais aglomerações, mais pessoas próximas - sem uso de máscara, é mais fácil a transmissão. O R, que é o índice de transmissão, está praticamente igual ao que a gente viu nos primeiros meses. Essa situação no Amazonas é o reflexo da banalização das regras de prevenção, que infelizmente acontece no Brasil e que vai nos levar a um número maior de óbitos", disse.
O Amazonas chegou a 196.436 casos confirmados e o total de óbitos aumentou para 5.190, de acordo com boletim divulgado no último domingo, 27.
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