O presidente Jair Bolsonaro descartou a possibilidade de haver vacinas contra a covid-19 para toda a população brasileira até o final de 2021. O chefe do Executivo fez a afirmação nesta quinta-feira, 17, ao defender o voto do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento que autorizou Estados e municípios a imporem restrições a quem não se vacinar contra a covid-19.
"A vacina não vai chegar de uma hora para outra. Vamos supor que comece no final de janeiro (a vacinação). Não temos como conseguir a vacina para todo mundo até o final do ano. Então, não vai ter medida restritiva nenhuma. O cara pode falar: 'quero tomar, mas não tem'", disse.
O presidente usou parte da transmissão semanal que faz ao vivo do Palácio da Alvorada para, irritado, sair em defesa do magistrado que escolheu para substituir Celso de Mello na Suprema Corte.
Na votação, realizada nesta quinta, Nunes Marques concordou com a maioria dos colegas, mas colocou uma série de requisitos para a medida entrar em vigor. O indicado de Bolsonaro exigiu que o Ministério da Saúde fosse ouvido e frisou que a vacinação compulsória deveria ser a "última medida de combate" contra o novo coronavírus, após campanha de vacinação e "esgotamento de todas as formas menos gravosas de intervenção sanitária".
Na transmissão, Bolsonaro chamou de "direita burra", "fedelhos" e "imbecis" os internautas que o criticam pela escolha de Nunes Marques. Nas redes sociais, bolsonaristas rotulam o magistrado como "traidor" por entenderem que o ministro precisaria acompanhar Bolsonaro em todos os posicionamentos.
Ao defender Nunes Marques, Bolsonaro minimizou o voto do magistrado a favor do ex-presidente Lula em um embargo de declaração, no primeiro contato com casos envolvendo o petista.
"Esculhambam a gente, não sabem o que foi votado. Lógico que a esquerda bate palma para adireita burra, direita idiota. 'Kassio votou a favor do Lula'. Foi num embargo de declaração. Procura saber o que é, depois você me critica", afirmou.
Nunes Marques votou a favor de manter a decisão da Segunda Turma do STF que determinou a retirada da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci em uma ação penal que mira o Instituto Lula.
Bolsonaro ainda elogiou o voto do ministro no julgamento que decidiu que amante não tem direito a dividir pensão com a viúva. "Por 6 a 5, o STF decidiu que a amante não tem direito a pensão. Você sabe como foi o voto do Kassio? Procura saber. Se tivesse lá o Celso de Mello, teria sido aprovado o direito da amante", declarou.
Em julgamento no plenário virtual concluído na última segunda-feira, Nunes Marques entendeu que amantes não têm direito à pensão por morte, endossando o entendimento da maioria do STF. O ministro não divulgou voto.
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