O governo do Paraná deve publicar até quarta-feira, 2, um novo decreto restritivo para impor, entre outras medidas, toque de recolher noturno na região leste do Estado. É uma tentativa de resposta à escalada de casos de covid-19 que sobrecarrega o sistema integrado de saúde de Curitiba, região Metropolitana e litoral. A Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba disse na segunda, 30, que já havia fila de espera por UTI de 50 pacientes. O Estado admite dificuldades, mas nega haver falta de atendimento médico.
Diante do pior momento da pandemia desde março, a Secretaria de Estado da Saúde se apressa para reabrir as vagas de UTI e de enfermaria, fechadas após o pico da doença registrado entre julho e agosto. Até meados de dezembro, o Paraná voltará a contar com 1.130 leitos exclusivos de UTI para a doença. Hoje, os 1.041 leitos apresentam taxa média de ocupação de 84%. Na região leste do Paraná, onde vive quase metade da população, a ocupação era de 93% na segunda.
Para o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, a prioridade no momento é interromper a cadeia de transmissão dovírus. “De nada vai servir abrirmos leitos se não conseguirmos cessar esse contágio tão alto que registramos na capital nas últimas quatro semanas”, afirmou ele ao Estadão.
No último dia de novembro, a rede pública municipal de Saúde de Curitiba registrava ocupação de 94% nos 344 leitos reservados para covid-19. Um mês atrás, eram 285 leitos exclusivos, com ocupação de 76%. Conforme o Portal da Transparência do Governo do Paraná, seis hospitais de referência em Curitiba, região metropolitana e litoral não têm mais UTIs livres, seja para covid-19 ou para qualquer atendimento de alta complexidade.
O secretário da Saúde disse que ainda não há pacientes sem ajuda médica. “Mas vai chegar um momento – e pode ser nessa semana, ou na semana que vem – que não vai ter leito. Podemos ter, sim, falta de vagas na região leste do Paraná”, alertou Preto.
CRM do Paraná emite alerta máxima
Nesta terça-feira, 1º, o Conselho Regional de Medicina do Paraná publicou alerta máximo para a capacidade operacional do sistema de saúde. Segundo a entidade, os profissionais de saúde estão no limite físico e emocional, e “afastamentos decorrentes de covid-19 são necessários aos que adoecem nas equipes”.
Em nota, o conselho afirma que as próximas semanas serão críticas, e pede atenção às orientações de prevenção, distanciamento social e isolamento domiciliar. Sobre a possibilidade e de colapso do sistema público de Saúde, Beto Preto disse não possível ser prever uma data. “Estamos muito próximos dessa linha vermelha [colapso]. Podemos ampliar um pouco mais, mas os recursos são finitos”, concluiu.
Ao fim de novembro, a média móvel de novos casos da doença chegou a 3.220 – o maior número desde março. Em 31 de outubro, a média era 944 infecções diárias. O Paraná acumula 6.099 mortes e 277.424 diagnósticos de covid-19.
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