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Saúde

Pandemia arrastará mais 130 milhões para pobreza, prevê ONU

Relatório da ONU prevê que população que viverá com menos de US$ 1,90 ao dia aumentará pela 1ª vez em 22 anos.

A pandemia de covid-19 e a crise econômica provocada pela doença farão com que mais 130 milhões passem a viver em extrema pobreza em 2020 e 2021, o que resultaria no primeiro aumento, desde 1998, da porcentagem da população mundial que vive nestas condições, segundo relatório da ONU divulgado na quinta-feira, 19.

Se em 2018 a proporção da população mundial vivendo em situação de extrema pobreza, com menos de US$ 1,90 por dia, era de 8,6% (cerca de 650 milhões de pessoas), até o fim deste ano pode chegar a 8,8%, de acordo com a projeção apresentada pela Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).


O relatório, que prevê um impacto muito mais duradouro da crise econômica do que a da sanitária, estima que quase 70 milhões de pessoas passarão a viver na pobreza extrema até o fim de 2020 e outras cerca de 60 milhões em 2021. A Unctad prevê uma retração de 4,3% do PIB mundial para 2020, projeção semelhante à do FMI, que em outubro estimou uma queda de 4,4%, ambas inferiores à divulgada pelo Banco Mundial, em junho (-5,2%).

“O vírus se beneficiou das interconexões e fragilidades derivadas da globalização, transformando uma crise sanitária em um choque econômico global que atingiu principalmente os mais vulneráveis”, explicou o secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi, na apresentação do relatório.

Em 2020, o estudo prevê que a pobreza extrema aumentaria especialmente na África subsaariana, com um crescimento relativo de 2,74% com base na população que vive atualmente nestas condições – 31 milhões de pessoas a mais. O sul da Ásia seria a segunda região mais afetada tanto em termos relativos, com um crescimento de 1,25% da pobreza extrema, quanto em números absolutos, com mais 23 milhões de pessoas nessa situação.

A Unctad também estima que, em 2020, mais 3,58 milhões passariam a viver na extrema pobreza na América Latina. No Oriente Médio e no Norte da África, esse número superaria 4,91 milhões, no Leste Asiático e no Pacífico, 4,41 milhões e, na Europa e na Ásia Central, 1,16 milhão. Os dados representam o primeiro retrocesso em três décadas: em 1990, a população mundial que vivia abaixo da linha da pobreza era de 35,9%, uma porcentagem que havia caído para um quarto atualmente.

O estudo mostra ainda uma grande disparidade na resposta à crise. Nos países desenvolvidos se investiu em média US$ 1.365 per capita em estímulos fiscais e outras medidas de recuperação econômica. Em nações em desenvolvimento, esse valor foi de US$ 76 per capita.

“A covid-19 causou dor e alterou o curso da história, mas pode ser um catalisador para uma mudança necessária”, destacou Kituyi, que julgou ser necessário “reformar as redes globais de produção e reiniciar a cooperação multilateral”.

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