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Lima da Creche diz que não houve irregularidades em convênio

"Nossa entidade tem 32 anos, ela nunca cometeu irregularidades, sempre recebemos dinheiro de fora e sempre prestamos contas, tudo direitinho", garantiu.

O presidente da Fundação Centro de Apoio ao Menor Carente (FCAMC), Lima da Creche, esteve no GP1, na tarde desta quarta-feira (23), para se defender das irregularidades apontadas pela Controladoria Geral do Estado.

O controlador Nuno Kauê dos Santos Bernades Bezerra encaminhou ao Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) irregularidades que foram encontradas na Tomada de Contas Especial instaurada com o objetivo de investigar dano ao erário público no valor de R$ 1.445.758,23 milhão decorrente de Convênio de nº 119/2014 firmando entre a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e a fundação.


“Quero que me prove o que significa essa multidão de gente, todas essas pessoas que foram atendidas no projeto (disse mostrando fotos), se foi simplesmente brincadeira, porque aqui são ações que foram desenvolvidas de acordo com o plano de trabalho”, declarou.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Lima da Creche Lima da Creche

Lima afirmou ainda que chegou a pedir para que fossem fiscalizar o projeto: “Quando o Kauê foi nomeado e assumiu, eu fui lá, levei toda documentação solicitando deles que fossem até nós para fazer uma averiguação na execução, porque o certo é isso, é acompanhar na execução porque se tiver alguma coisa que não esteja de acordo com aquilo que eles estão solicitando, há tempo de corrigir, mas, eles não foram e se não foram é porque acham que está correto”, contou.

O presidente falou também que mesmo depois do fim do convênio com a Sesapi o projeto continuou: “Desde o mês de janeiro deste ano tem gente que ainda não recebeu porque o período de execução do convênio com a secretaria [estadual da Saúde] se encerrou, mas a gente continuou porque é uma ação que há 30 anos a gente desenvolve independente de Sesapi”.

“Se eu soubesse que eles queriam me usar como ‘massa de manobra’, eu não teria feito porque isso é manipulação, porque quando o Antônio da Sesapi foi fazer a visita, que eu chamei ele, almoçou conosco, e olhou tudo, eu disse pra ele que faltava ir até o local pra olhar direito o material e ele disse que não precisava”, relatou.

Lima da Creche confirmou que fez pagamento através de cheque avulso: “O pagamento avulso eu fiz porque a lei garante, a lei não diz que é obrigado eu pagar com cheque nominativo não, a lei abre precedente pra isso. Estou com as contas abertas, tanto da instituição quanto as minhas”.

“Você fica de cabelo branco, trabalhando para buscar recursos fora o tempo todo e no dia que pega convênio daqui [Estado] o pessoal quer explorar a gente. A primeira vez que eles liberam o dinheiro, ele já vem logo acusando a pessoa, que é isso?”, questionou.

Lima convidou as autoridades responsáveis a visitarem a sede da fundação na hora que eles quiserem ir para verificarem a existência dos equipamentos e tudo que tinha no plano de trabalho do convênio.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Lima da Creche, presidente da Fundação Centro de Apoio ao Menor Carente (FCAMC)Lima da Creche, presidente da Fundação Centro de Apoio ao Menor Carente (FCAMC)

Sobre a informação de que empresa A R 3 Comércio e Serviços Ltda ME não existia, Lima garantiu que ela existe: “Essa empresa existe, se ela apresentou a documentação, concorreu e executou os serviços, através dos contratos, eu não tenho nada a ver com a irregularidade dela ou não, porque eu não sou auditor fiscal, cabe a eles, que é o papel deles não deixar funcionar as empresas irregulares, mas essa aqui eu tenho certeza que funciona, sei que existe, conheço o dono e sei que tem uma conduta ilibada”.

Já em relação à Empreendimentos Cerqueira, o presidente disse que chegou a denunciá-la à polícia: “ A de Timon eu não digo nada porque ele sumiu, inclusive a gente denunciou ele na polícia, porque ele ganhou, nós pagamos, cumpriu o contrato e fez um trabalho bem feito, só que a nota fiscal deles, depois que prestamos contas ao TCE, lá me disseram que a empresa nos ludibriou porque não recolheu as notas fiscais”, explicou.

“Podem fazer um levantamento nas minhas contas, saber quanto entrou nesses anos. Eu moro só, não tenho testa de ferro, e eles podem averiguar e fazer levantamentos saber onde está o dinheiro”, reafirmou.

Segundo Lima, a fundação nunca cometeu nenhuma irregularidade: “Nossa entidade tem 32 anos, ela nunca cometeu irregularidades, sempre recebemos dinheiro de fora e sempre prestamos contas, tudo direitinho. Trabalhamos no Mocambinho por 27 anos, a gente atendia as pessoas, eram mais de 500 alunos na pré-escola e ensino fundamental, e nós deixamos porque foi municipalizado aí a gente deixou de trabalhar com a escolarização, porque a gente não era da política da assistência nós éramos da educação, depois voltamos com o trabalho voltado para crianças, adolescentes e idosos, dentro da prerrogativa constitucional que tá na lei”.

“Não foi só o projeto Vida Saudável lá da secretaria da Saúde, foram quatro projetos, tenho a documentação de tudo que foi executado. Eu quero saber onde é que estão as irregularidades, foi pago cheque avulso? Foi sim e fui eu que assinei, mas chegar e dizer que há desvirtuamento e falta de cumprimento das ações e que foi um desrespeito com relação à legislação, não posso aceitar um negócio desses, podem verificar nos últimos 30 anos tudo o que entrou e saiu nas minhas contas, que aí vão constatar que não existiu isso”, justificou.

O presidente disse que se sente ferido: “São coisas que ferem a gente, você ter uma intenção e depois vem uma contradição. A minha repulsa é exatamente em relação a isso, as pessoas chegarem e dizer que não existiu, que não funcionou. A irregularidade consiste em quando você não cumpre, tudo isso foi material adquirido (afirmou mostrando fotos)”.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Projeto vida saudável Projeto vida saudável

“Existe uma miopia muito grande com relação a esses ranços de autoridades que desconhecem a realidade da base porque não andam na periferia, eles vivem enclausurados nos gabinetes e a realidade nua e crua do campo é diferente de ficar no gabinete, no ar-condicionado, escrever e falar, a realidade é outra e é por isso que a cada dia cresce a violência em Teresina”, criticou.

Lima da Creche elogiou o marco regulatório que estabelece o acompanhamento de ações: “O marco regulatório vem estabelecendo que não se faz fiscalização só lendo papel não, tem que acompanhar, é na execução das ações, e isso é que me deixa chateado, porque quando a gente convida, faz o ofício pedindo que eles acompanhem é porque não é pra eles ficarem sentados o tempo todo não”.

“A partir de 2018 vai ter o acompanhamento no começo, meio e fim, porque se eu erro alguma coisa, ele vai lá e corrige logo. Eu me sinto ferido de vir de outro estado e passar 40 anos trabalhando em prol disso aqui, e hoje ver meu nome exposto envolvido em irregularidades”, finalizou.

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