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Política

Paulo Marinho deixa PSDB e troca Doria por Janones

Dono de uma empresa de consultoria, ele foi vice presidente do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil.

Aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro em 2018 e hoje desafeto do presidente, o empresário Paulo Marinho, de 70 anos, mudou seu domicílio eleitoral do Rio de Janeiro para São Paulo, se desfiliou do PSDB e entrou de cabeça na pré-campanha presidencial do deputado mineiro André Janones (Avante) após ensaiar uma aliança com Sérgio Moro (Podemos).

Há quatro anos, a casa de Marinho no Rio foi o quartel general da modesta campanha presidencial de Bolsonaro e serviu de estúdio para as gravações do então candidato. Tornou-se suplente do senador Flávio Bolsonaro (PL). “Quando cheguei, o núcleo duro da campanha de Bolsonaro cabia numa Kombi – eram basicamente o Gustavo Bebianno e o deputado Julian Lemos e eu”, disse. “Mas me afastei da família logo na primeira hora. Não tenho arrependimento disso, pelo contrário.”


O empresário recebeu a reportagem em uma sala da sua empresa de consultoria no bairro Jardim Paulista, em São Paulo, localizada no mesmo prédio onde está o escritório do advogado Anderson Pomini, que é um ponto de encontro informal dos ex-governadores Márcio França e Geraldo Alckmin, ambos do PSB.

'Química'

O empresário conheceu Janones em janeiro no evento de filiação de integrantes do MBL ao Podemos, por meio do filho – o humorista André Marinho, conhecido pelas imitações de Bolsonaro. Deu química. “Eu conhecia o Janones nas redes sociais. Fiquei absolutamente encantado com o plano dele para essa eleição.”

Naquele momento, Marinho era oficialmente aliado de João Doria (PSDB) – seu amigo “há décadas” –, mas estava se aproximando de Sérgio Moro (Podemos), com quem havia jantado várias vezes e mantinha contato frequente pelo WhatsApp. Foi Doria quem articulou a ida do empresário, então filiado ao PSL para o PSDB, em 2019. Naquele ano, Marinho assumiu o comando do diretório fluminense do PSDB e chegou a ensaiar candidatura a prefeito do Rio. A desfiliação foi na semana passada. “Ele (Doria) ficou triste, mas entendeu as razões. Disse que vamos chegar no mesmo destino por caminhos diferentes.”

Após se aproximar de Janones – que tem 2% das intenções de votos – Marinho tornou-se seu interlocutor com empresários e um dos principais coordenadores da pré-campanha. Janones pretende montar comitê em São Paulo.

“Ele é um nome nacional devido à projeção nas redes sociais, mas é um político regional. Não tem trânsito no mundo empresarial”, disse. A leitura de Marinho é que Janones é o único com chance de tirar votos tanto de Bolsonaro quanto de Lula. Apesar das articulações erráticas, o empresário diz que pretende ajudar a unir as forças de centro. “Quero fazer uma boa intriga entre os candidatos da terceira via. Em algum momento eles terão que ter uma agenda em comum. Quando estou com Moro, eu falo bem do Doria, e vice versa."

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