O diretório nacional do Cidadania aprovou na manhã deste sábado, 19, a formação de uma federação partidária com o PSDB e com isso tirou a pré-candidatura presidencial do governador João Doria (PSDB) do isolamento. "Essa decisão é um sinal de que as forças políticas do centro estão se unindo e saindo do isolamento. Pode haver um candidato único desse campo e o partido vê isso como fundamental", disse o ex-deputado Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania.
A decisão foi comemorada no grupo de Doria no PSDB, que vive um momento interno turbulento. Um grupo de tucanos abriu uma dissidência pública contra a candidatura do governador, que venceu as prévias no ano passado contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Em nota, a assessoria de Doria disse que o acordo é o primeiro movimento formal em volta do nome de João Doria, mas Freire ressaltou que ainda é cedo para falar sobre quem será o candidato e lembrou que o senador Alessandro Vieira também é pré-candidato ao Palácio do Planalto.
A aliança com o PSDB não foi unanimidade no encontro do diretório nacional do Cidadania. A votação final foi apertada: 56 votos a favor da federação com os tucanos e 47 votos por uma união com o PDT, do pré-candidato Ciro Gomes. Havia também no evento uma ala que defendia uma aliança com o Podemos do ex-ministro Sergio Moro.
Houve sete abstenções. Uma delas é do senador Alessandro Vieira, pré-candidato do Cidadania ao Planalto, que já manifestou oposição à união com os tucanos. “(A federação) não é fundamental para o Cidadania, é fundamental para deputados que não fizeram trabalho de base e têm medo de não se reeleger. E é fundamental também para quem quer manter um cartório partidário”, declarou ao Estadão.
Presidente do PSDB em São Paulo, o deputado estadual Marco Vinholi comemorou a decisão por meio de sua conta no Twitter. “Belissima notícia a aprovação do Cidadania para a federação com o PSDB ! Vamos apresentar um caminho de desenvolvimento para o Brasil”, escreveu.
De acordo com Vieira, a negociação para decidir quem será o candidato da federação, Doria ou ele, "virá mais adiante". Antes, é necessário aprovar um estatuto comum e registrar oficialmente a aliança. "Não é uma coisa simples", enfatizou. Já a assessoria do governador disse, em nota, que o acordo foi costurado em torno do nome de Doria, que é um dos maiores entusiastas da federação entre PSDB e Cidadania. Nas últimas semanas, o governador se reuniu duas vezes com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), cotada para ser vice na chapa do tucano.
No próprio PSDB, contudo, há preocupação com o fato de Doria não decolar nas pesquisas para a eleição de outubro. Além disso, tucanos da velha guarda, como o ex-senador Aloysio Nunes, têm feito acenos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao Estadão, Aloysio disse que o PSDB não é mais uma referência nacional e afirmou que as movimentações de Lula são legítimas. O senador José Serra, por sua vez, classificou o diálogo de seu partido com o petista como "natural".
Em levantamento da Genial/Quaest divulgado no último dia 9, Doria aparece em quinto lugar, com 2% de intenção de voto para o Planalto. Lula, com 45%, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 23%, lideram a pesquisa. O ex-governador Ciro Gomes (PDT) e o ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) aparecem com 7% cada um.
Na quarta-feira, 16, o Cidadania já havia aprovado, por 66 votos a 44, a possibilidade de se federar, mas sem definir com qual sigla. A federação partidária cria uma "fusão temporária" entre os partidos e precisa durar, pelo menos, quatro anos, desde as eleições até o final do mandato seguinte. De acordo com novo prazo estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as legendas têm até o dia 31 de maio para registrar federações.
Com a criação da federação, o PSDB e o Cidadania terão que estar juntos nas eleições majoritárias e proporcionais em todo País, além de atuarem juntos na próxima legislatura e nas eleições municipais.
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