Deputados do PDT que votaram a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios se reuniram na noite desta segunda-feira, 8, para alinhar uma posição na votação de segundo turno na Câmara, marcada para hoje, 9. Durante jantar na casa do deputado Mario Heringer (PDT-MG), os congressistas decidiram mudar de posição e votar contra a proposta. Na primeira votação, 15 dos 24 representantes da sigla foram a favor do texto.
Hoje à noite, por maioria, decidimos mudar a posição da bancada na votação em segundo turno da PEC 23.
A decisão se deu em nome da preservação da nossa unidade partidária. #PEC23 #PDTnaCâmara
— Wolney Queiroz ???????? (@WolneyQueirozM) November 9, 2021
O partido passou por uma crise pública após apoiar a proposta governista. Ciro Gomes, escolhido pela legenda para disputar a Presidência em 2022, que anunciou nas redes sociais a suspensão da pré-candidatura enquanto a sigla não mudasse a posição sobre o texto. O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, declarou que os votos favoráveis "maculam" a imagem do partido como oposição e trabalhou para reverter a posição.
A Executiva Nacional da legenda convocou para hoje uma reunião com as bancadas da sigla na Câmara e no Senado para tratar da PEC. Aliados de Ciro esperam que ele participe do encontro pelo menos de forma virtual e têm a expectativa de que ele retome a pré-candidatura ao Palácio do Planalto. "Isso nunca se cogitou", disse o deputado André Figueiredo (PDT-CE) sobre Ciro não estar no pleito em 2022.
Convocação
Como forma de ampliar os votos na legenda a favor do texto, o partido convocou Mauro Benevides Filho (CE) para retornar ao seu mandato na Câmara e participar da votação. Benevides é secretário de Planejamento do Ceará e seu suplente, Aníbal Gomes (DEM-CE), havia votado favorável à PEC no primeiro turno.
Dos 15 deputados que votaram a favor da PEC, nove participaram do jantar na casa de Heringer. Além do anfitrião e do líder da legenda, estiveram presentes os deputados André Figueiredo, Leonidas Cristino (CE), Eduardo Bismarck (CE), Subtenente Gonzaga (MG), Silvia Cristina (RO), Dagoberto Nogueira (MS) e Fabio Henrique (SE).
Apesar disso, a posição contrária ao texto não vai ser unânime no segundo turno. Eduardo Bismarck afirmou que não vai seguir a orientação da legenda e citou acordo construído na semana passada envolvendo precatórios da educação. "Não tenho nenhum motivo para mudar o voto uma vez que fechou-se um acordo", disse ao Estadão. Apesar da orientação contrária, não foi fechada questão contra o texto, ou seja, eventuais dissidências não correm o risco de serem punidas pela legenda.
Por outro lado, André Figueiredo, vice-presidente nacional do PDT e ex-líder do partido na Câmara, disse que vai mudar o voto e ser contra a PEC mesmo afirmando não concordar com a decisão.
"A gente tomou essa decisão. Cada um vota com sua consciência. Eu particularmente acho um equívoco por conta do texto que foi negociado e é benéfico para a educação, mas é a decisão do partido e a orientação do presidente Ciro Gomes", declarou.
Além do PDT, o PSB também teve dissidências no primeiro turno e 10 deputados de uma bancada de 32 votaram a favor do texto. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que, se necessário, a sigla irá fechar questão contra a proposta no segundo turno. Com a pressão sobre os partidos de oposição, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), busca aumentar a presença de deputados e o apoio nos partidos de centro, como PSDB, DEM, PSD e MDB, que também deram votos favoráveis à PEC na semana passada.
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