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Política

PL resiste a romper com Doria, mesmo com filiação de Bolsonaro

Partido de Costa Neto tem cargos no governo paulista e não quer trocar apoio a Garcia por Tarcísio.

A entrada de Jair Bolsonaro no PL, marcada para o próximo dia 22, já começou a provocar problemas para a montagem de palanques com aliados do presidente. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, o PL apoiará a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes, embora Bolsonaro quisesse que seu novo partido lançasse o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, à sucessão de João Doria.

A equação política para esse impasse não está fechada. Uma das alternativas aventadas agora pela cúpula do PL é lançar Tarcísio como candidato ao Senado por Goiás. Mesmo assim, em conversas reservadas, bolsonaristas avaliam que costurar um acordo com Garcia equivale a ajudar Doria, ferrenho adversário do presidente, e tentam barrar esse acerto. Se o apoio do PL à candidatura de Garcia for mantido, deputados federais de São Paulo, aliados de Bolsonaro, já avaliam a possibilidade de não entrar no novo partido do presidente.


"Nós estamos de braços abertos a todos que quiseram vir para o PP”, disse o presidente interino do Progressistas (antigo PP), deputado André Fufuca (MA). O Progressistas, no entanto, também integra a base de sustentação do governo Doria.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, avisou Bolsonaro que deu a palavra a Doria de que vai aderir à campanha de Garcia. O PL integra o Centrão, tem indicações no governo de São Paulo na área de infraestrutura e comanda estruturas como o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

Não é apenas a aliança com Doria que complica a situação do PL com Bolsonaro no Estado. Costa Neto também vê com reserva o nome de Tarcísio. Motivo: o ministro da Infraestrutura demitiu pessoas ligadas ao PL. Durante anos, a área de transportes foi feudo do partido chefiado por Costa Neto, condenado e preso no escândalo do mensalão.

Em uma sinalização pública de conflito com Tarcísio, o presidente do PL chegou a publicar um vídeo, em setembro, no qual afirmou ser contra o leilão dos aeroportos de Congonhas (SP) e de Santos Dumont (RJ), que deve ocorrer no primeiro semestre de 2022. Na ocasião, Costa Neto disse que o “liberalismo social do partido não combina com privatizações”.

Na última quarta-feira, 10, antes de conversar com o presidente do PL e bater o martelo sobre a filiação, Bolsonaro afirmou que faltava fechar "um detalhe" para anunciar a entrada na legenda. Depois, em entrevista a uma rádio do Espírito Santo, o chefe do Executivo disse que queria ter a liberdade de escolher o candidato a governador em São Paulo.

Um dia depois da reunião e já com o anúncio da entrada no PL fechado, Bolsonaro comentou a situação, em tom de queixa. "Quando você fala em São Paulo, por exemplo, e em vários Estados no Brasil, há dificuldade de escolher candidato. Não tem. Ali, a gente não vê nome em São Paulo", disse ele a apoiadores.

As divergências, porém, não se resumem a São Paulo. O PL e Bolsonaro têm obstáculos a superar em outros Estados, como Piauí e Alagoas – onde o partido de Costa Neto deve apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – e no Amazonas. Lá, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), é adversário de Bolsonaro e ameaça sair do PL. (https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,apos-entrada-de-bolsonaro-ala-do-pl-exige-autonomia-para-apoiar-pt-e-mdb-em-disputas-regionais,70003893795) .

Partido espera "festão" durante filiação de Bolsonaro

Se com Tarcísio a situação não é das melhores, com o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, há uma maior afinidade. Hoje no DEM, Onyx também deve migrar para o PL, partido pelo qual pretende lançar sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul, em 2022.

Apesar dos problemas nos Estados, a cúpula do PL aguarda com expectativa a filiação de Bolsonaro e planeja um megaevento em Brasília. Tanto que mobilizou todos os diretórios estaduais e pediu para que deputados levem o maior número de convidados à cerimônia do dia 22. A data foi escolhida porque 22 é o número do PL.

"Vai ser um festão, um movimento grande. Vão vir os representantes de todos os deputados, não só os do PL, mas também aqueles ligados a Bolsonaro que vão se filiar ao partido”, afirmou o deputado José Rocha (PL-BA), ex-líder da legenda.

Parte dos deputados bolsonaristas do PSL já avisou que pretende se filiar ao partido em março de 2022, na próxima janela partidária, quando um parlamentar pode trocar de sigla sem perder o mandato. Carlos Jordy (PSL-RJ), Bia Kicis (PSL-DF) e Bibo Nunes (PSL-RS) são exemplos de deputados que vão acompanhar o presidente.

Filiado ao Patriota há menos de seis meses, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) deve puxar a fila e entrar no PL junto com o pai, no dia 22. Já o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), hoje no PSL, somente mudará de partido em março.

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