O PSL rachou e agora a maioria da bancada decidiu aderir à candidatura do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) à presidência da Câmara. Presidido por Luciano Bivar (PE), o partido tem 52 parlamentares e havia anunciado apoio à campanha de Baleia Rossi (MDB-SP). O episódio marca mais um capítulo da crise no PSL e pode levar à expulsão dos dissidentes.
Partido que deu abrigo a Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, o PSL enfrenta uma sucessão de divergências internas desde que o presidente deixou suas fileiras, há pouco mais de um ano, para criar o Aliança pelo Brasil. A legenda, porém, nunca saiu do papel. Por causa dessa disputa entre Bolsonaro e Bivar, o PSL pediu à Câmara que 17 parlamentares fossem suspensos, entre eles Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, Major Vitor Hugo (GO) e Bia Kicis (DF) – todos integrantes do grupo anunciado nesta quinta-feira, 7.
No Twitter, Major Vitor Hugo disse que os parlamentares não aceitam participar de um bloco integrado por representantes de partidos de esquerda. “Era um absurdo que o PSL traísse seus eleitores e se ligasse a um bloco que congrega partidos como o PT, PCdoB, PSB, PDT e outros que defendem tudo contra o qual lutamos esses anos todos”, afirmou. “Organizei uma lista de adesão, 32 deputados federais do PSL deram apoio e, com isso, vamos para o bloco que apoiará a candidatura do Dep. Arthur Lira”, afirmou.
De acordo com a direção do PSL, desse grupo de 32 parlamentares, 17 estão suspensos – o que invalida suas assinaturas. Dois, segundo Bivar, já anunciaram a retirada de suas assinaturas: Lourival Gomes (RJ) e Loester Trutis (MS). Com isso, o grupo de insubordinados estaria reduzido a 13. Os deputados suspensos perdem as prerrogativas parlamentares referentes ao partido, como, por exemplo, assumir cargos em comissões. Eles mantêm, no entanto, o direito a voto.
“Essa ação, portanto, não tem nenhum sentido legal. A intenção é, apenas, conturbar o cenário político. O PSL está fechado com o bloco que sustenta a candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB) à presidência da Câmara e assim permanecerá até o fim”, disse Bivar, por meio de nota.
Vice-presidente nacional do PSL, o deputado Junior Bozzella (SP) afirmou que o partido vai expulsar os parlamentares suspensos. “Estou fazendo uma representação pedindo a expulsão desses deputados suspensos, pois são reincidentes em infidelidade partidária”, argumentou.
Se o partido decidir pela expulsão, os deputados podem mudar de sigla. Mas, se deixarem o PSL sem uma justificativa válida, como perseguição política, podem perder o mandato.
Major Vitor Hugo disse que a decisão sobre a validade das assinaturas desses parlamentares será da Mesa Diretora da Câmara. “Se Maia (Rodrigo Maia, presidente da Câmara e apoiador de Baleia Rossi) ou a cúpula do PSL resistirem e não reconhecerem nossas assinaturas, iremos judicializar”, declarou.
Consultado sobre o pedido de Major Vitor Hugo, o deputado Luís Tibé (Avante MG), que ocupa a função de procurador parlamentar, opinou pelo direito do bloco dissidente de opinar na formação da decisão do partido. “As penalidades impostas não atingem a manifestação, vontade nem a consideração numérica dos 17 deputados suspensos para efeito de quórum na deliberação quanto à eventual adesão aos blocos partidários”, disse ele, em parecer.
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) afirmou que o bloco de apoio a Lira foi registrado e inclui os 32 deputados do PSL que aderiram ao grupo. “Na próxima semana, teremos mais adesões”, prometeu Ramos, em mensagem postada no Twitter. Caso Lira seja eleito, o deputado deverá assumir a primeira vice-presidência da Câmara.
Os dissidentes são Bibo Nunes (RS), Bia Kicis (DF), Marcio Labre (RJ), Carlos Jordy (RJ), General Girão (RN), Alê Silva (MG), Carla Zambelli (SP), Sanderson (RS), Major Fabiana (RJ), Junio Amaral (MG), Aline Sleutjes (PR), Chris Tonietto (RJ), Helio Lopes (RJ), Daniel Silveira (RJ), Guiga Peixoto (SP), Soraya Manato (ES), Daniel Freitas SC), Coronel Amando (SC), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), Lourival Gomes (RJ), Dr. Luiz Ovando (MS), Coronel Chrisóstomo (RO), Caroline de Toni (SC), Filipe Barros (PR), Nelson Barbudo (MT), Léo Motta (MG), Eduardo Bolsonaro (SP), Marcelo Álvaro Antônio (MG), Marcelo Brum (RS), Coronel Tadeu (SP) e Loester Trutis (MS).
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