Com a crescente pressão pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou qualquer tentativa de afastamento do chefe do Executivo a uma “sabotagem” à democracia brasileira.
“Isso é uma tentativa de descredenciamento, uma sabotagem à democracia brasileira. O presidente foi eleito com 60 milhões de votos, é um homem popular, e todo dia desde o início, tem conversa, primeiro impeachment porque derrubou um passarinho, depois é impeachment porque deu um tapa na cabeça da ema (animal comum no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente), depois é impeachment porque teve um assassinato lá no Maranhão, depois é impeachment porque morreu um indígena, agora é impeachment... isso é um descredenciamento da democracia brasileira”, disse Guedes nesta terça-feira, 26, em evento promovido pelo banco Credit Suisse.
O ministro da Economia, escalado para fazer a defesa do chefe, chegou a dizer que a insistência no afastamento do presidente pode atrapalhar a retomada do crescimento brasileiro.
No último fim de semana, diversas capitais registraram uma carreata pelo impeachment de Bolsonaro. No Congresso, o movimento também ganha adeptos. Além de 57 pedidos de afastamento que já estão na gaveta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à espera de apreciação, a gestão do governo no combate à crise da covid-19 tem incitado novos pedidos.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, líderes evangélicos e católicos vão aumentar essa pressão e, em um movimento que será apresentado como uma “frente de fé”, um grupo de religiosos formalizará nesta terça um pedido de afastamento de Bolsonaro. O argumento é que o presidente foi negligente na condução da pandemia de covid-19, agravando a crise.
Ainda no evento, Guedes emendou críticas indiretas a Maia, com quem já travou diversos embates públicos. “Tem um pessoal que se diz democrata, mas não sabe perder eleição. Acreditar que precisa se eleger quatro vezes seguidas é achar que presidente (Bolsonaro) pode também”, afirmou o ministro, em referência à tentativa, sem sucesso, do atual presidente da Câmara de buscar respaldo legal para se reeleger ao comando da Casa. “Tem que saber perder a eleição, espera a próxima, pega a senha e tenta ganhar”, disse Guedes.
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