Após demitir três ministros da Educação em um ano e meio de governo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 2, que a situação da educação brasileira está "horrível". Em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, pela manhã, Bolsonaro também disse que "talvez escolha hoje" o novo titular da pasta, que está vaga desde a demissão do professor Carlos Alberto Decotelli, na terça-feira, 30.
Segundo Bolsonaro, "deu problema" com Decotelli, que ficou apenas cinco dias como ministro e nem sequer chegou a tomar posse após polêmicas sobre inconsistências em seu currículo. "Talvez eu escolha hoje o ministro da Educação", disse o presidente aos apoiadores, sem adiantar qualquer nome.
O presidente passou os últimos dias analisando o currículo de candidatos à vaga. Um dos nomes na lista é o do atual reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Correa. Ele presidiu em 2019 a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao MEC, quando foram cortadas milhares de bolsas de mestrado e doutorado.
Decotelli havia sido escolhido na semana passada para substituir Abraham Weintraub, que acumulou uma série de polêmicas em seus 14 meses de passagens pelo MEC. Ao anunciar o nome do professor, Bolsonaro destacou nas suas redes sociais o vasto currículo do então novo integrante do governo, que incluía doutorado na Argentina e um pós-doutorado na Alemanha. Nos dias seguintes, porém, as instituições contestaram os títulos apresentados, o que incomodou o presidente.
O agora ex-ministro confirmou, em entrevista à CNN, que a gota d’ água para o pedido de demissão foi a nota da Fundação Getúlio Vargas (FGV) desmentindo que ele seria professor da instituição, como o Estadão adiantou. Segundo ele, a fundação mentiu. Procurada, a FGV disse que “foi professor colaborador dos cursos de formação executiva”, mas não fazia parte dos quadros da fundação.
Coronavírus
Na conversa com apoiadores na manhã de hoje no Alvorada, Bolsonaro também voltou a distorcer decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e responsabilizou governadores por adotar medidas de combate a pandemia do coronavírus. A Corte, no entanto, julgou que Estados e municípios têm autonomia para tomar medidas, mas não exime a União de també atuar.
"Vou passar para o governador", reagiu Bolsonaro após dois apoiadores pedirem para apresentar uma proposta de retomada das aulas presenciais em instituições do setor privado. Em seguida, eles responderam que a proposta já foi levada ao governador do seu Estado, sem citar qual, e insistiram que o texto fosse repassado ao MEC.
"O Supremo Tribunal Federal decidiu que quem trata desse assunto não sou eu. Eu entendo vocês, me coloco no lugar de vocês. A educação está horrível no Brasil", declarou o presidente. "Pode entregar (o texto) que eu mando para a Educação ou para o Ibaneis (Rocha, governador do DF)", reagiu Bolsonaro diante da insistência.
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