O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta sexta-feira, 8, que ‘não teve nada de mais’ na reunião em que, segundo o ex-ministro Sérgio Moro, o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado a troca no comando da Polícia Federal e acesso a relatórios de inteligência. O encontro, no dia 22 de abril, no Palácio do Planalto, reuniu ministros e presidentes de bancos públicos.
O encontro foi citado pelo ex-ministro como o momento em que o presidente teria ameaçado demiti-lo caso se recusasse a trocar o comando da Polícia Federal. Após Moro citar o encontro no depoimento, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), requisitou a cópia da íntegra do vídeo da reunião.
“A reunião do dia 22 de abril não teve nada de mais e o presidente, eu acho, já tomou as providências para entregar o vídeo que está sendo requerido”, disse Mourão após deixar o Ministério da Defesa na tarde desta sexta.
Na noite de quarta-feira, 6, o governo pediu que Celso de Mello reconsiderasse o pedido do vídeo por se tratar de “assuntos sensíveis de Estado.” Conforme o Estadão informou, o Planalto também cogitou alegar não ter o conteúdo na íntegra mas apenas trechos da reunião, pois as gravações são “pontuais e curtas”.
Na quinta, 7, a defesa do governo pediu para enviar somente trechos do vídeo e, nesta sexta, pediu pra saber quem teria acesso à gravação quando as imagens fossem enviadas à Corte.
Nesta sexta-feira, 8, Celso de Mello deu prazo de 24 horas para o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestar sobre os três pedidos de reconsideração apresentados pela AGU contra a entrega do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril.
Como revelou o Estadão, o encontro do dia 22 foi marcado por palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente de demissão “generalizada” a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.
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