Em mais um gesto de aproximação do Palácio do Planalto com o Centrão, o presidente Jair Bolsonaro vai entregar o comando do Banco Nacional do Nordeste (BNB) para um nome indicado pelo Partido Liberal (PL), sigla liderada pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto. No lugar do atual presidente do banco, Romildo Rolim, assumirá Alexandre Borges Cabral, que já foi presidente da Casa da Moeda entre julho de 2016 e junho de 2019 por indicação de outra legenda do bloco, o PTB.
A troca é vista como uma nova sinalização da disposição de Bolsonaro em sedimentar a aliança com os partidos do Centrão e construir uma base aliada no Congresso Nacional na tentativa de barrar um eventual processo de impeachment.
O Banco do Nordeste é um ativo político valioso, devido à sua forte presença junto a empresas, produtores rurais e pequenos empreendedores na região – a única onde Bolsonaro perdeu as eleições de 2018 para o candidato do PT, Fernando Haddad. A instituição também participa em financiamentos à infraestrutura, incluindo expansão de aeroportos em capitais nordestinas concedidos à iniciativa privada. No ano passado, o banco desembolsou R$ 42,16 bilhões em mais de 5,3 milhões de operações. Para se ter uma ideia, o valor é 74,4% do total desembolsado em 2019 pelo BNDES, banco de desenvolvimento que opera em todo o Brasil.
O BNB também é o responsável por operacionalizar recursos bilionários do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). Em abril, o governo lançou uma linha de crédito com juros subsidiados para socorrer microempreendedores e trabalhadores informais com recursos dos fundos constitucionais. O BNB ficou com a operação de R$ 3 bilhões de um total de R$ 6 bilhões disponibilizados para o programa.
A indicação de Cabral deve ser anunciada oficialmente nesta segunda-feira, 1º. Com a posse do novo presidente, a expectativa é que ao menos três diretorias do banco também sejam loteadas com indicações políticas. Entre os diretores que devem ser substituídos estão o de Administração, Cláudio Freire Lima, e o de Planejamento, Perpétuo Cajazeiras, ambos funcionários de carreira do banco. O novo diretor de Administração deve ser Haroldo Lima.
Cabral é funcionário de carreira do BNB, onde ocupou diversos cargos como gerente, superintendente e assessor executivo da Presidência. Ele também atuou como coordenador na Secretaria de Turismo do Ceará entre 2004 e 2007.
Segundo apurou o Estadão, as indicações para os cargos no Banco no Nordeste partiram do deputado Júnior Mano (PL), eleito pelo Ceará, Estado onde fica a sede do banco. A reportagem não conseguiu fazer contato com o parlamentar. As nomeações foram avalizadas pelo líder do PL na Câmara, deputado Wellington Roberto (PB).
Outras indicações feitas pelos partidos do Centrão devem ser concretizadas ao longo do mês de junho, entre elas a nomeação de Marcelo Lopes da Ponte, chefe de gabinete de Ciro Nogueira (PP-PI), para o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O fundo é alvo de cobiça do bloco por ter um orçamento significativo (R$ 29,4 bilhões neste ano) e atuar em todo o País.
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