O presidente Jair Bolsonaro decidiu manter o comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com o DEM, mas dividirá as diretorias da estatal entre outros partidos do Centrão. A empresa é uma das mais cobiçadas no Nordeste, principalmente em um ano eleitoral como este, por ser responsável pela realização de obras de infraestrutura em regiões carentes.
Depois de tentar isolar o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), com quem vive às turras, Bolsonaro tenta construir pontes com o partido. Na tarde desta quinta-feira, 23, por exemplo, o presidente se reuniu com o prefeito de Salvador, ACM Neto, que comanda o DEM. Disse, ainda, que pretende se reaproximar do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que é filiado à legenda. Antes aliado de primeira hora, Caiado rompeu com Bolsonaro no mês passado, após ataques feitos por ele a governadores que, como o goiano, defendem o isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus.
Embora tenha perdido o Ministério da Saúde com a demissão de Luiz Henrique Mandetta, o DEM ainda controla as pastas de Cidadania (Onyx Lorenzoni) e da Agricultura (Tereza Cristina). Mesmo assim, não integrará a nova aliança costurada pelo Palácio do Planalto, assim como o MDB, que decidiu ficar fora da base de sustentação bolsonarista.
Mudança
Sem apoio no Congresso, Bolsonaro mudou o modelo de articulação política adotado até aqui e passou a distribuir cargos para o Centrão, em troca de votos. O mapa do “toma lá, dá cá” ainda não está totalmente fechado, mas as negociações avançaram bastante.
O PP do senador Ciro Nogueira e do deputado Arthur Lira (AL) ficará agora com o comando do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dncos) e a presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), além de uma diretoria da Codevasf.
Na outra ponta, o PL de Valdemar Costa Neto, por sua vez, terá o controle do Banco do Nordeste e da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, cargo que formula estratégias de combate ao coronavírus. Já o Republicanos do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, deverá ocupar uma secretaria no Ministério do Desenvolvimento Regional. O PSD de Gilberto Kassab está dividido sobre o apoio ao governo e há resistências ao acordo, principalmente no Senado. Mesmo assim, o Planalto prometeu entregar ao partido a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
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