Após ficar de fora de reunião do presidente Jair Bolsonaro com um grupo de médicos para tratar de cloroquina, nesta quarta-feira, 1º, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que só trabalha com ciência, enquanto "outros trabalham com critérios políticos".
"Só trabalho com a academia, só trabalho com a ciência. Existem pessoas que trabalham com critérios políticos, que são importantes também, deixem que eles trabalhem. Não me ofendem em nada. Eu trabalho com foco, disciplina e ciência", disse Mandetta ao ser questionado por jornalistas sobre o encontro, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
Pressionado a alinhar o discurso ao de Bolsonaro, que critica medidas de isolamento social, Mandetta disse que vai se pautar pela ciência "até o limite de tudo o que estiver na nossa frente".
"Se isso dá um barulho aqui ou ali, é secundário, terciário. Querem trazer sugestão de quem quer que seja? Tragam com ciência, pesquisa referendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que é quem vê questão de medicamento", afirmou. "Eu trabalho com critérios técnicos. O resto não analiso."
Nos últimos dias, Mandetta reafirmou diversas vezes que o uso da cloroquina para tratamento do novo coronavírus ainda não tem comprovação científica e que o medicamento só deve ser usado em casos graves com a devida orientação médica. Do contrário, pode ter consequências.
Bolsonaro, por sua vez, já chegou a dizer recentemente que o fármaco, usado para malária e outras doenças, tem tido efiácia de "100%" para tratar a covid-19.
Isolamento
Com quase 7 mil casos de covid-19 registrados no Brasil até esta quarta-feira, 1º, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estima que o número seja ainda maior. De acordo com ele, com o aumento da realização de testes, a quantidade de pessoas contaminadas deve aumentar na próxima semana. Considerando esse cenário e a falta de equipamentos para profissionais da saúde, Mandetta voltou a defender o isolamento social.
“Não é hora de relaxar, não é hora de fraquejar, a hora é de redobrar o cuidado", defendeu durante balanço do novo coronavírus no Palácio do Planalto. De acordo com ele, com o aumento no número de casos, a taxa de mortalidade, atualmente em 3,5%, deve cair. No País, há registros de 240 mortes por covid-19.
"O número de casos confirmados está menor do que os que estão circulando, o que aumenta muito mais os cuidados", disse o ministro. De acordo com ele, se o Brasil não tivesse adotado o isolamento social, a situação seria muito pior, já que o País não teria estrutura para atender a todos.
"Já estaríamos em espiral de casos se não estivéssemos em isolamento. Lembrando, o Brasil não fez lockdown, o que fez foi diminuição da circulação. Agora precisa redobrar o esforço, senão vamos ter problema de EPI (equipamentos de proteção individual)."
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