Sem que tivesse vindo à tona qualquer ruído sobre a saída do governo do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro decidiu falar sobre o assunto e negar o que ninguém havia afirmado.
Em evento realizado na terça-feira, 18, no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que Guedes seguirá até o fim do governo. A declaração ocorreu dias após o ministro causar polêmica ao chamar os servidores públicos de “parasitas”, o que o levou a fazer sucessivos pedidos de desculpas e a esclarecer que desejava chamar o “Estado” de parasita.
“Se Paulo Guedes tem alguns problemas pontuais e sofre ataques, é muito mais pela sua competência do que por possíveis deslizes, que eu também já cometi muito no passado. O Paulo não pediu para sair, tenho certeza de que de que ele vai continuar conosco até o último dia. Ele não é militar, mas foi um jovem aluno do colégio militar de Belo Horizonte”, afirmou Bolsonaro, durante a cerimônia de posse de ministros.
Bolsonaro evitou esclarecer por que mencionou a permanência de Guedes no discursos e disse a jornalistas que “é só ver o vídeo” de suas declarações. Na semana passada, Guedes causou outra polêmica ao afirmar que o dólar mais barato estava prejudicando as exportações e permitindo que “todo mundo”, incluindo empregadas domésticas, pudessem ir para a Disney.
A afirmação de Bolsonaro sobre a permanência de Guedes no governo não foi gratuita. A equipe econômica está insatisfeita com a demora do Palácio do Planalto no envio da reforma administrativa para o Congresso e pressiona Bolsonaro a anunciar a medida ainda esta semana. O texto está na gaveta do presidente Bolsonaro desde o ano passado.
Outro ponto de atrito é a negociação das mudanças no orçamento impositivo. A equipe econômica se queixa de falta de entendimento da ala política em relação ao impacto dessas alterações, que vão dificultar a administração das despesas e o bloqueio para o cumprimento da meta fiscal. “Há muita desinformação”, diz um integrante do time de Guedes.
Na terça à tarde, Bolsonaro reuniu ministros em seu gabinete para discutir os detalhes finais da proposta do Orçamento. Para auxiliares do ministro, a declaração do presidente foi um afago em Guedes, após declarações recentes dele, que tiveram repercussão negativa.
Sinal
Na terça, Bolsonaro quis dar um sinal de comprometimento com as reformas, depois de ser criticado por titubear sobre o envio das medidas ao Congresso. Ele disse que passaria a noite estudando a proposta de reforma administrativa que o governo quer encaminhar ao parlamento ainda nesta semana.
“Vou papirar (estudar) hoje à noite. Vou estudar a noite toda, peguei o consolidado agora”, disse o presidente ao chegar ao Palácio da Alvorada. Bolsonaro chegou a cancelar um evento sobre o Programa Mais Brasil para discutir a reforma com sua equipe. O cancelamento foi anunciado cerca de meia hora antes, quando os convidados chegavam ao Palácio.
No fim do dia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o governo sinalizou que enviará a proposta com mudanças nas regras dos servidores públicos nesta quinta-feira. Em São Paulo, Maia demonstrou que está confiante na aprovação das reformas tributária e administrativa até o fim do primeiro semestre, antes, portanto, das eleições municipais. Antes disso, Maia havia rejeitado a possibilidade de a administrativa ficar para o ano que vem, atraso que poderia ocorrer em razão do calendário apertado e do número de propostas em discussão em outras áreas, como a reforma tributária e a PEC emergencial.
Ver todos os comentários | 0 |