O presidente eleito Jair Bolsonaro defendeu um aprofundamento da reforma trabalhista durante reunião com a bancada do MDB na Câmara, na tarde desta terça-feira, 4. Segundo participantes do encontro, Bolsonaro disse que "é horrível ser patrão" no País. Ele não mencionou, no entanto, as reformas previdenciária e tributária.
Jair Bolsonaro pediu apoio a seu governo e disse que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, não tem como resolver tudo sem respaldo do Congresso. "O Paulo Guedes não vai fazer milagre sozinho", afirmou Bolsonaro, em encontro com a bancada do MDB na Câmara.
Nos encontros com os deputados, Bolsonaro disse que sua equipe tem como destravar a economia, mas ressalvou esperar a colaboração de todos. Na sua avaliação, se a administração seguir na mesma toada do passado, o Brasil vai virar uma Grécia. Em uma referência indireta ao PT ele afirmou ainda que, "se o governo não der certo, vocês sabem quem vai voltar".
- Foto: Walterson Rosa/FramePhoto/Estadão ConteúdoPresidente Jair Bolsonaro em Brasília
Depois de dizer na campanha que não queria negociar com o Congresso nem com dirigentes de partidos, mas apenas com frentes parlamentares, Bolsonaro mudou de estratégia. Nesta terça, tentou se aproximar dos deputados e pediu ajuda para a aprovação de propostas. "É um apelo que faço, embora nem precise fazer. Cada um é consciente", declarou. Na reunião com o MDB, Bolsonaro não deu destaque para a reforma da Previdência.
A tendência do MDB é integrar a base aliada do presidente eleito no Congresso. "As articulações serão fundamentais para a aprovação de projetos importantes em 2019", resumiu o líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP). Até agora, o MDB foi contemplado com o Ministério da Cidadania, que será ocupado pelo deputado Osmar Terra (RS), também presente à reunião desta terça.
"Bolsonaro disse que o governo será reformista, desregulamentador, moderno e que precisa do MDB", comentou o deputado Darcísio Perondi (RS).
No encontro com bancada do PRB, Bolsonaro também destacou que vai precisar de todos para governar. "Queremos que o Brasil dê certo e que volte a crescer e a gerar empregos",afirmou o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira (SP), indicando aval à nova gestão.
Previdência
Integrantes do futuro governo tem dado sinais de pessimismo sobre a aprovação da reforma da Previdência. Na segunda-feira, 3, o senador eleito e deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou que o envio da proposta não será o primeiro ato da gestão de seu pai.
"Nossa vontade original é que fosse aprovada este ano, mas a avaliação política é de que seria arriscado. A ideia é que se aprove a reforma da Previdência em 2019. Há uma burocracia do processo legislativo que a gente tem que respeitar. Mas, não digo no primeiro mês de governo, mas o mais cedo possível, vai ser enviada ao Congresso a nova reforma da Previdência."
O atual ministro da transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou ontem que a reforma da Previdência não será feita no "afogadilho", acrescentando que será preciso ter "paciência". "Temos quatro anos para garantir o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos", chegou a dizer.
Na semana passada, outro filho do presidente eleito, o deputado Eduardo Bolsonaro, disse que o governo “talvez não consiga” votos para aprovar a reforma da Previdência no Congresso. No encontro organizado pelo Brazil-US Business Council, nos Estados Unidos, o parlamentar fez um discurso para passar uma perspectiva otimista sobre o País, mas admitiu a dificuldade no que classificou como uma das prioridades do governo.
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