O ministro Luiz Fux defendeu a prisão e a anulação dos benefícios concedidos aos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud na sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira (06). De acordo come ele, os executivos atentaram contra a dignidade da Justiça. A mensagem foi feita como uma sugestão direta ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, presente na sessão, já que cabe ao Ministério Público Federal pedir à Justiça a prisão.
“Eu verifico que esse episódio de ontem, que foi difundido de forma transparente pelo excelentíssimo senhor Procurador-Geral da República, revelou que esses partícipes do delito, que figuraram como colaboradores, eles ludibriaram o Ministério Público, eles degradaram a imagem do País no plano internacional, eles atentaram contra a dignidade da Justiça e eles revelaram a arrogância dos criminosos do colarinho branco”, afirmou Fux.
- Foto: Walterson Rosa/FramePhoto/Estadão ConteúdoJanot e Fux
“De sorte que eu deixo ao MP a opção de fazer com que esses participantes dessa cadeia criminosa que confessaram diversas corrupções, que eles passassem do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”, afirmou o ministro, mencinando o complexo penitenciário sediado no Distrito Federal.
“Gostaria de sugerir isso aqui em meu nome pessoal e eventualmente daqueles que concordam com a minha indignação”, acrescentou Fux.
Antes da sessão, Fux já havia feito a primeira sugestão pela prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud. “Benefícios devem ser cassados”, afirmou também o ministro a repórteres. Um dos pontos que mais incomodou o ministro foi a menção a ministros do Supremo.
“Eles procuraram degradar a imagem do Supremo Tribunal Federal através de uma bravata e eles causaram enorme prejuízo ao Brasil no plano internacional”, afirmou o ministro.
Procurada, a assessoria de imprensa da J&F enviou uma nota em defesa de Joesley Batista e Ricardo Saud.
“Os colaboradores apresentaram, dentro dos prazos legais estabelecidos, as informações e documentos que complementam os esclarecimentos prestados previamente à Procuradoria-Geral da República e continuam à disposição para cooperar com a Justiça”, diz a nota dos delatores da J&F.
Na segunda-feira, Janot revelou conteúdos “gravíssimos” encontrados em áudio gravado pelos colaboradores e abriu um procedimento administrativo na PGR para apurar suspeitas de omissão de fatos criminosos por delatores da JBS e de que o ex-procurador da República Marcelo Miller teria atuado em favor da empresa nos preparativos para o acordo de colaboração enquanto ainda não havia sido exonerado do Ministério Público Federal (MPF).
O ministro Edson Fachin, relator do caso, decidiu tirar o sigilo nesta terça-feira, 5, e aguarda novo pedido de providências da PGR em relação ao caso.
Se eventualmente receber um pedido da PGR neste sentido, o relator Edson Fachin deverá ou decidir monocraticamente (sozinho) ou levar o tema para julgamento com os demais ministros.
Alguns ministros do Supremo, reservadamente, se mostram favoráveis a que a discussão sobre a revisão do acordo da JBS seja feita no plenário. Sobre esse tema, Fux não se posicionou. “O ministro vai saber”, disse.
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