O presidente Michel Temer disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada nesta segunda-feira (22), que não renunciará ao cargo porque isso seria um atestado de culpa. “Se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa”, afirmou.
A crise política do governo Temer teve início após revelação das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS. Em delação premiada, Joesley afirma que Temer concordou com os pagamentos para silenciar o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
- Foto: Albery Santini/Futura Press/Estadão ConteúdoMichel Temer
Sobre o episódio, temer disse que sua frase foi dada quando Joesley afirmava: “Olhe, tenho mantido boa relação com o Cunha”. “[E eu disse]: “Mantenha isso”. Além do quê, ontem mesmo o Eduardo Cunha lançou uma carta em que diz que jamais pediu [dinheiro] a ele [Joesley] e muito menos a mim”.
Em relação a sua possível culpa, Temer diz que foi a ingenuidade. “Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento”. O presidente afirmou ainda desconhecer que Joesley era investigado e minimizou o fato de receber o empresário tarde da noite, em um encontro que não constava na agenda oficial. “Você sabe que muitas vezes eu marco audiências e recebo 15 pessoas. Às vezes à noite, portanto inteiramente fora da agenda”, disse.
O presidente voltou a criticar a maneira como foi gravado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista. “Ele não teve uma informação privilegiada, ele produziu uma informação privilegiada. Ele sabia, empresário sagaz como é, que no momento em que ele entregasse a gravação, o dólar subiria e as ações de sua empresa cairiam. Ele comprou US$ 1 bilhão e vendeu as ações antes da queda”.
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