Imagem: Foto: Ueslei Marcelino/Reuters Governo conta com 200 dos 513 deputados na Câmara
Na tentativa de barrar a tramitação de um possível impeachment da presidente Dilma, o governo federal passou os dias contando os votos que possui no Congresso. A maior preocupação agora é com o enfraquecimento do relacionamento com Michel Temer, vice-presidente, que comanda o PMDB, e com a bancada do partido. A presidente conversou mais uma vez por telefone, na última segunda-feira (14), com Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal. A noite ela reuniu 17 governadores e 2 vice-governadores da base aliada para um jantar no Palácio da Alvorada.
O encontro foi uma maneira de pedir apoio às medidas de austeridade fiscal, com corte de 26 bilhões de reais, congelamento de salários do funcionalismo e reedição da CPMF, o governo tentou aparentar que está reagindo bem à crise. Ficou claro ainda que Dilma espera que os governadores sejam contra a tentativa de derrubá-la.
Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil e Giles Azevedo, assessor especial da Presidência, estão na linha de frente do monitoramento dos aliados. Eles têm mantido conversas reservadas com senadores, deputados, empresários, governadores e também com advogados.
Contagem de votos
Mercadante fez ainda na última segunda (14), antes do anúncio do corte de gastos do Orçamento, mapeamento dos votos que o governo pode contar na Câmara e no Senado. A Câmara é onde mais preocupa, pois o Planalto tem em média 200 dos 513 votos. Esses votos não são suficientes para frear um eventual pedido de afastamento de Dilma.
Lula vê risco
Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma perdeu base social por conta do ajuste fiscal e corre o risco de ter o mandato abreviado.
Em “pé de guerra”
Deputados da oposição do PSDB, Solidariedade, PPS e por dissidentes da base aliada, entre os quais o PMDB, acreditam que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), rejeitará qualquer pedido de impeachment. Assim, um deputado deverá apresentar recurso ao plenário da Casa. Desse modo, a votação é feita por maioria simples. O governo não tem esse apoio.
O PMDB e PT estão em pé de guerra e uma rede de intrigas alimenta a crise política. Alguns petistas lembram que a Operação Lava Jato atingirá Temer e outros membros do PMDB. Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eduardo Cunha já foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro.
Temer está em Moscou com outros cinco ministros do PMDB. Kátia Abreu e Jaques Wagner iriam se juntar à comitiva, mas a pedido de Dilma eles ficaram no Brasil. Oficialmente a explicação foi a presença nas reuniões de cortes de gastos, mas auxiliares de Dilma afirmaram que não seria conveniente que os ministros mais próximos da presidente viajassem em uma comitiva do PMDB.
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