Sem partido e com um poderoso cacife eleitoral que rendeu quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010, a ex-senadora Marina Silva (AC) está na mira do tucanato mineiro. Na avaliação de integrantes do PSDB, uma aproximação com a ex-verde poderia impulsionar uma possível candidatura do senador tucano Aécio Neves à Presidência em 2014, além de uma virtual empreitada para a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem.
O primeiro passo dessa tentativa de aproximação foi dado pelo governador Antonio Anastasia (PSDB). Antes de embarcar no fim de semana para uma viagem oficial ao Japão, ele assinou decreto concedendo a Marina o título de cidadã honorária de Minas Gerais. O governo e a Assembleia Legislativa já planejam uma cerimônia para entrega do título à ex-senadora.
"Ainda estamos tentando contato com ela, mas haverá cerimônia com a presença do Anastasia", disse o deputado estadual Délio Malheiros (PV), que encaminhou pedido ao governo, em abril, para a concessão do título.
Apontado como possível candidato à Prefeitura da capital mineira, Malheiros afirma que não foi apenas o cacife eleitoral de Marina que pesou para ela se tornar cidadã mineira. "É respeito à pessoa dela e ao eleitorado mineiro", disse. O deputado ressalta que, no primeiro turno das eleições presidenciais, Marina liderou na capital e ficou em segundo no Estado, o que atesta "a afinidade e o apreço dos mineiros a esta grande personalidade".
Mas o parlamentar assume que o apoio de Marina também pode ajudar nos projetos em torno da Prefeitura, em 2012, e da Presidência, em 2014, apesar de ela ter se recusado a apoiar o então candidato do PSDB, José Serra, no segundo turno.
Boa relação. "O Serra é uma coisa bem diferente do Aécio. A Marina tem boa relação com Aécio, Anastasia e comigo. Ela poderá nos ajudar. Se o PSDB tiver preocupação com meio ambiente, nos termos que ela entende, acredito que ela pode apoiar", avaliou Malheiros. "Estamos num momento político que qualquer coisa que puder atrair Marina é ótimo."
Para isso, o PSDB e o PV - que faz parte da base aliada do governo em Minas - ainda têm outro percalço. Marina tem forte ligação com o candidato derrotado ao governo de Minas, o ex-deputado José Fernando Aparecido, que também deixou o PV no início do mês. Durante a campanha do ano passado, José Fernando atacou duramente o governo. "Ele se equivocou em muitas posições. Sua postura política criou arestas com Aécio Neves. Agora, terá que administrar os conflitos que criou. Mas ela não se envolveu nisso", declarou Malheiros.
Procurado pela reportagem, José Fernando não atendeu aos telefonemas. Mas o presidente do PV mineiro, Ronaldo Vasconcelos, confirmou que a ligação de Marina com o ex-deputado pode ser um empecilho nos planos dos tucanos. "É um exercício de futurologia, mas acho muito difícil um possível apoio a Aécio. O José Fernando é uma pessoa com muita dificuldade de relacionamento no governo. E ela é muito ligada a ele", analisou.
Vasconcelos concorda com a concessão do título de cidadã honorária a Marina "pelo que ela já fez pelo Brasil e por Minas Gerais", mas acredita ser mais provável a ex-senadora se candidatar novamente à Presidência em 2014.
"Se dependesse só dela no segundo turno, caminharia ao lado da Dilma", lembrou o presidente do PV mineiro, integrante do Conselho Nacional da legenda. "A homenagem é meritória. Quem vê possibilidade de aproximação pode se enganar. Como primeira intenção, é uma decisão correta. Se há segundas intenções, só o tempo vai dizer se foi acertada."
PARA LEMBRAR
Ela evita falar em partidos
Ao deixar o PV, no início do mês, a senadora Marina Silva anunciou que iria se dedicar à formação de um movimento suprapartidário - que, eventualmente, pode se tornar um partido político ainda no ano que vem. Nessa tarefa, ela tem tido contatos com políticos do PT (Alessandro Molón, do Rio), PDT (José Reguffe, do Distrito Federal) e PSB (Luiza Erundina, de São Paulo), além de Heloísa Helena, hoje vereadora do PSOL em Maceió.
Antes disso, sua vida parlamentar foi construída no PT do Acre, ao qual se filiou, nos anos 1980, e pelo qual foi senadora por 16 anos, até 2003. Em seguida, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula de 2003 até 13 de maio de 2008. Deixou o partido em junho de 2009 para se candidatar à Presidência da República pelo PV. Na disputa pelo Palácio do Planalto, em 2010, ficou em terceiro lugar, com 19,6 milhões de votos.
O primeiro passo dessa tentativa de aproximação foi dado pelo governador Antonio Anastasia (PSDB). Antes de embarcar no fim de semana para uma viagem oficial ao Japão, ele assinou decreto concedendo a Marina o título de cidadã honorária de Minas Gerais. O governo e a Assembleia Legislativa já planejam uma cerimônia para entrega do título à ex-senadora.
"Ainda estamos tentando contato com ela, mas haverá cerimônia com a presença do Anastasia", disse o deputado estadual Délio Malheiros (PV), que encaminhou pedido ao governo, em abril, para a concessão do título.
Apontado como possível candidato à Prefeitura da capital mineira, Malheiros afirma que não foi apenas o cacife eleitoral de Marina que pesou para ela se tornar cidadã mineira. "É respeito à pessoa dela e ao eleitorado mineiro", disse. O deputado ressalta que, no primeiro turno das eleições presidenciais, Marina liderou na capital e ficou em segundo no Estado, o que atesta "a afinidade e o apreço dos mineiros a esta grande personalidade".
Mas o parlamentar assume que o apoio de Marina também pode ajudar nos projetos em torno da Prefeitura, em 2012, e da Presidência, em 2014, apesar de ela ter se recusado a apoiar o então candidato do PSDB, José Serra, no segundo turno.
Boa relação. "O Serra é uma coisa bem diferente do Aécio. A Marina tem boa relação com Aécio, Anastasia e comigo. Ela poderá nos ajudar. Se o PSDB tiver preocupação com meio ambiente, nos termos que ela entende, acredito que ela pode apoiar", avaliou Malheiros. "Estamos num momento político que qualquer coisa que puder atrair Marina é ótimo."
Para isso, o PSDB e o PV - que faz parte da base aliada do governo em Minas - ainda têm outro percalço. Marina tem forte ligação com o candidato derrotado ao governo de Minas, o ex-deputado José Fernando Aparecido, que também deixou o PV no início do mês. Durante a campanha do ano passado, José Fernando atacou duramente o governo. "Ele se equivocou em muitas posições. Sua postura política criou arestas com Aécio Neves. Agora, terá que administrar os conflitos que criou. Mas ela não se envolveu nisso", declarou Malheiros.
Procurado pela reportagem, José Fernando não atendeu aos telefonemas. Mas o presidente do PV mineiro, Ronaldo Vasconcelos, confirmou que a ligação de Marina com o ex-deputado pode ser um empecilho nos planos dos tucanos. "É um exercício de futurologia, mas acho muito difícil um possível apoio a Aécio. O José Fernando é uma pessoa com muita dificuldade de relacionamento no governo. E ela é muito ligada a ele", analisou.
Vasconcelos concorda com a concessão do título de cidadã honorária a Marina "pelo que ela já fez pelo Brasil e por Minas Gerais", mas acredita ser mais provável a ex-senadora se candidatar novamente à Presidência em 2014.
"Se dependesse só dela no segundo turno, caminharia ao lado da Dilma", lembrou o presidente do PV mineiro, integrante do Conselho Nacional da legenda. "A homenagem é meritória. Quem vê possibilidade de aproximação pode se enganar. Como primeira intenção, é uma decisão correta. Se há segundas intenções, só o tempo vai dizer se foi acertada."
PARA LEMBRAR
Ela evita falar em partidos
Ao deixar o PV, no início do mês, a senadora Marina Silva anunciou que iria se dedicar à formação de um movimento suprapartidário - que, eventualmente, pode se tornar um partido político ainda no ano que vem. Nessa tarefa, ela tem tido contatos com políticos do PT (Alessandro Molón, do Rio), PDT (José Reguffe, do Distrito Federal) e PSB (Luiza Erundina, de São Paulo), além de Heloísa Helena, hoje vereadora do PSOL em Maceió.
Antes disso, sua vida parlamentar foi construída no PT do Acre, ao qual se filiou, nos anos 1980, e pelo qual foi senadora por 16 anos, até 2003. Em seguida, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula de 2003 até 13 de maio de 2008. Deixou o partido em junho de 2009 para se candidatar à Presidência da República pelo PV. Na disputa pelo Palácio do Planalto, em 2010, ficou em terceiro lugar, com 19,6 milhões de votos.
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