Governo abandona delegacias em Picos e paga R$ 5 mil mensais por aluguel de casa de aliado

Alheio ao aumento nos índices de violência na cidade, o governo do estado do Piauí abandonou as três delegacias de polícia que existiam em Picos e que funcionavam em prédios próprios e alugou uma mansão de um aliado, onde fez a fusão de todos os distritos e também instalou a sede da Delegacia Regional de Polícia Civil.

A casa fica situada na Avenida Severo Eulálio, área nobre da cidade, e pertence ao oftalmologista Weimar José Neiva de Moura Santos, irmão do deputado e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico Warton Santos (PMDB). Pelo aluguel o proprietário do imóvel recebe cinco mil reais por mês.
Segundo o diretor regional do Sinpolpi, Joel Joaquim dos Santos, essa parceria celebrada entre o governo do estado e um particular, contrasta com a realidade da estrutura das delegacias de Picos, que é caótica, vergonhoso. E para piorar, ano passado as delegacias foram fundidas em um prédio só e que não pertence ao patrimônio público.

“O 1º DP, o 2º DP e o 3º DP, que são patrimônios do estado, se encontram fechados e o governo vem desde a gestão passada alugando casas para funcionar os distritos, como por último alugaram uma mansão na avenida Severo Eulálio, cuja reforma teve um custo de quase 100 mil reais e ainda pagam um aluguel de 5 mil reais por mês”, denunciou Joel Santos.
Apesar do alto valor da reforma e do preço do aluguel mensal, o sindicalista disse que a casa não é adequada para funcionar os distritos e a delegacia regional. “É muito grande, tem departamentos sobrando, a reforma foi mal feita, existe muita infiltração e além do mais não é patrimônio do estado. O essencial seria reformar as delegacias que pertencem ao poder público ao invés de alugar casas de particulares, prática comum aqui em Picos”, aconselhou.

Situação caótica

Já a Central de Flagrantes, cujo prédio foi construído dentro de uma escola, também funciona de forma precária. Lá existem duas celas com capacidade cada uma para abrigar quatro presos provisórios e, no momento, estão 27 recolhidos e vivendo em condições desumanas, com riscos de ocorrer uma rebelião a qualquer momento ou mesmo morte entre eles numa briga desesperada por espaço, alerta o Delegado Roberto Santos.
Além de todos esses problemas, o diretor do Sinpolpi Joel Joaquim dos Santos denuncia que a falta de combustível continua, tendo em vista que o valor de 100 reais para uma viatura por mês não é suficiente, um caso absurdo que compromete o trabalho dos policiais, principalmente quando precisam sair em diligência.

Joel Santos concluiu dizendo que não enxerga no governo nenhuma preocupação em sair do aluguel. Prova disso é que o 1º distrito está interditado há mais de sete anos, o 2º DP já está completando dois anos abandonado, o prédio servindo de motel e para abrigar marginais e o 3º DP está fechado há um ano e as providências não são tomadas.