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Política

OAB-PI elabora relatório para entregar à Comissão da Reforma Política

O primeiro expositor da tarde foi o Secretário Geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado, que descreveu com clareza os vieses do financiam

As duas últimas pautas do Debate sobre Reforma Política promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil – secção Piauí em parceria com o Instituto de Direito Eleitoral se estenderam até a noite desta segunda-feira (28), o que pode ser justificado pelos temas, considerados dentre os mais polêmicos: “financiamento eleitoral e partidário” e “coligação na eleição proporcional e cláusula de desempenho dos partidos”.
Imagem: Divulgação/GP1OAB-PI elabora relatório para entregar à Comissão da Reforma Política(Imagem:Divulgação/GP1)OAB-PI elabora relatório para entregar à Comissão da Reforma Política
Os trabalhos renderam um relatório que será entregue à Comissão Especial da Reforma Política do Congresso. Mas a OAB-PI foi além e, numa proposta ousada, propôs uma votação para que o documento fosse o mais preciso e contundente possível, com o objetivo de ajudar na construção do sistema político brasileiro.

Caso a decisão estivesse nas mãos das autoridades sentadas à mesa de debates da OAB-PI, as coligações proporcionais seriam extintas, uma vez que essa posição foi aceita quase que unanimemente. A cláusula de desempenho seria aprovada, mas o voto facultativo ainda dividiu opiniões. Já o financiamento público foi eleito como a forma mais democrática e transparente de bancar as campanhas.

Financiamento

O primeiro expositor da tarde foi o Secretário Geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado, que descreveu com clareza os vieses do financiamento eleitoral e partidário. “Ou o Brasil faz uma reforma política que diminua os gastos de campanha ou teremos o falecimento da atividade política com a completa perda de credibilidade dos políticos. A campanha política está muito cara. Qual a origem desses recursos? Qual a intenção de quem financia?”, pontuou.
Imagem: Divulgação/GP1OAB-PI elabora relatório para entregar à Comissão da Reforma Política(Imagem:Divulgação/GP1)OAB-PI elabora relatório para entregar à Comissão da Reforma Política
O conselheiro criticou ainda a quantidade de partidos e candidatos. “Estamos em situação de perplexidade. Temos 27 partidos políticos em um quadro ideológico em que talvez 7 ou 8 fossem necessários. Nosso atual sistema permite 600 candidaturas a deputado estadual. 600 contas, campanhas e propagandas a fiscalizar no estado inteiro. Não há como a Justiça Eleitoral fiscalizar campanha no quadro atual. Não há como o eleitor entender. Dentro da perplexidade, vota no Tiririca e elege 6 em lista oculta”, argumentou ao defender a lista fechada, à qual prefere chamar de lista da transparência.

Furtado criticou ainda uma possível reforma política que não seja atrelada a uma reforma partidária. “Fala-se pouco sobre a visão dos partidos e eles não podem ser menosprezados”, frisou. O conselheiro foi um dos fortes defensores à proibição de doações feitas por empresas a candidatos. “O que vão cobrar em troca?”, ressaltou.

O deputado estadual Luciano Nunes criticou o “personalismo” como enfraquecedor dos partidos. “É uma relação de causa e efeito, sempre atrelada à existência de caixa 2. Hoje, o financiamento público existe da forma mais obscura que se possa imaginar. Quem financia a campanha é o poder público através de obras superfaturadas e contratos escusos”, acrescentou. Nunes finalizou apoiando o voto facultativo.

O deputado Firmino Filho apontou três problemas como os mais graves do atual sistema político. “O primeiro é a crise de legitimidade da representação popular. O segundo é que as eleições estão ficando cada vez mais caras, o que gera consequências nefastas. Só participa quem tem muito dinheiro ou quem tem capacidade de se financiar. E, por fim, a personificação da campanha, que enfraquece os partidos”, afirmou. Nessa linha de raciocínio, defendeu o sistema distrital.

Para o deputado Kléber Eulálio, é preciso envolver as entidades para conscientizar e mudar a opinião pública. Caso contrário, qualquer mudança encontrará a resistência do eleitor. “Sou cético em relação ao que vai acontecer, embora haja uma mobilização muito grande. O eleitor quer votar na pessoa, embora não lembre em quem votou. Isso é um absurdo”, salientou. O parlamentar acredita que a melhor alternativa é o financiamento público com lista transparente.

O juiz suplente Luiz Gonzaga Viana Filho representou o Tribunal Regional Eleitoral e destacou que “as reformas até aqui conseguidas foram reformas que o executivo quis. É chegada a hora de uma reforma gerada no seio do parlamento. Os próprios parlamentares se voltam contra sistema, o que demonstra a importância dessas mudanças para a população. É preciso criar regras que gerem equilíbrio na disputa e que facilitem a fiscalização”, salientou.

Coligação e desempenho

O segundo palestrante foi o Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, William Guimarães, que apoiou as coligações proporcionais e a cláusula de desempenho como formas de fortalecer os partidos.
Imagem: Divulgação/GP1Público no debate sobre Reforma Política (Imagem:Divulgação/GP1)Público no debate sobre Reforma Política
O deputado federal Jesus Rodrigues, conhecido por defender no Congresso o voto facultativo, ao qual prefere chamar de voto livre, discursou em favor dessa bandeira. “O voto livre representa o direito das pessoas de não participarem do processo eleitoral. Por que devemos obrigar as pessoas a votar? Uma minoria gostaria de não participar e deveria ser respeitada”, afirmou.

O parlamentar também se declarou favorável à extensão da coligação proporcional com o objetivo de oxigenar as lideranças partidárias, mas foi contrário à cláusula de barreiras. Por fim, o petista lançou duas propostas: a possibilidade de revogar o mandato por um percentual da população e a fidelidade programática, uma espécie de plano a ser seguido pelo legislador, a exemplo do plano de metas do executivo.

Para o deputado federal Osmar Júnior, a reforma política deve se concentrar em construir um modelo de financiamento transparente e com instrumentos de fiscalização. “Não dá para continuar numa situação em que as campanhas eleitorais crescem em termos de volume e não se tem uma fiscalização eficaz”, argumentou.

Já o deputado Hugo Napoleão destacou que qualquer mudança deve levar em consideração, antes de tudo, o povo. O democrata também defendeu a coligação proporcional e a cláusula de desempenho, obedecendo o mínimo de 5% de votos considerados em todo o país.
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