A polêmica sobre um comentário na rede social Facebook continua. O ator Marauê Carneiro que veio a Teresina com os atores Kayky Brito e Germano Pereira para apresentar a peça "Fica frio" escreveu, na noite da última quinta-feira (24), em seu Facebook que o Piauí é o c* do mundo.
No mesmo dia o jornalista e colunista da revista Veja, Reinaldo azevedo, escreveu um artigo criticando a atitude de Fábio Novo. Leia aqui
No sábado (26), o deputado Fábio Novo divulgou carta aos meios de comunicação respondendo ao jornalista Reinaldo Azevedo. Clique aqui para ler a carta
No domingo (27) Reinaldo Azevedo voltou a escrever um novo artigo em que responde o deputado Fábio Novo. Leia aqui
No mesmo dia Fábio Novo enviou aos meios de comunicação nova carta sobre o artigo do colunista da Veja. Clique aqui para ler a carta
Na madrugada desta segunda-feira (28), Reinaldo Azevedo escreveu seu terceiro artigo sobre o assunto.
Confira na íntegra o artigo abaixo ou clique aqui para ver o artigo direto na coluna do jornalista no site de VEJA:
Candidato a Saddam Hussein do Piauí quer aparecer. Tudo bem! Eu continuo a lhe dar aula de gramática e de tolerância!
O deputado estadual Fábio Novo (PT), presidente da Assembléia do Piauí, é mais antigo do que parece. Não pensem que ignoro que ele está jogando para a torcida, tentando aparecer às minhas custas, fazendo o jogo clássico do populismo, que consiste em apelar às massas para aviltar as leis e as instituições. Também gosta de um factóide. Os que tiverem alguma curiosidade procurem no Google seu nome associado a um acidente aéreo. Vocês verão como um pouso forçado de avião virou uma queda, da qual sobreviveu. Seus adversários andaram dizendo coisas estranhas à época sobre a aeronave. Há um monte de gente querendo me oferecer pencas de informação sobre seu jeito de fazer política. Seu modo muito particular de ser afoito parece não ser uma unanimidade no Piauí nem entre seus pares. Mas eu não me importo muito com essas coisas, não, gente! Deixo para os repórteres investigativos que se interessarem. Eu me aplico ao debate sobre democracia.
Prestei atenção, claro!, a sua salvação quase milagrosa! Um predestinado este rapaz ,que se diz também “jornalista” e “ator”, embora sua alfabetização não seja menos precária do que seu amor pela liberdade de expressão, inclusive a dos palcos! Já respondi a uma carta sua. Ele fez outra. Está encantado com o destaque que a mídia local tem lhe dado. Imaginem: o Santo Guerreiro (ele) contra o Dragão da Maldade (eu)!!! Que aproveite bem a onda! Volto a ele porque há uma questão gramatical em pauta. Aí vem o oblívio, salvo uma nova queda de avião, com a segunda ressurreição… Cristo se contentou com uma. Novo tem pinta de que pode optar por duas. Depois, se for o caso, volto a Caetano Veloso, que é Caetano porque é velho… Transcrevo a sua carta em vermelho e respondo em azul. Isso dispensa uma tal “Elzita” de ficar me mandando obsessivamente o texto. Espero que seja ao menos trabalho remunerado—- se é que “Elzita” não é um heterônimo…
CARTA ABERTA AO POVO DO PIAUÍ
Assisto perplexo a inversão dos valores, que se tenta a todo custo, imprimir nos últimos dias em relação ao episódio Marauê. Nosso Estado e nossa gente foram discriminados por um ator, aqui bem recepcionado, como ele mesmo disse ao pedir desculpas, após a besteira que fez. Se não bastasse um jornalista do sul do Brasil, a todo custo, defende e dissemina o preconceito e a discriminação. Quando nos levantamos contra esse sentimento medieval, a luz do direito e com elegância, sem argumentos o nobre jornalista parte para o ataque. Nos chama de analfabetos, coronel e se não bastasse, o mesmo jornalista, faz questão de tentar reduzir o Piauí a uma terra nada abonadora, segundo os indicadores do IBGE.
As palavras de Novo são mentirosas! Não chamei os piauienses de “analfabetos”. Novo, ele sim, é, sem dúvida, precariamente alfabetizado, o que a sua segunda carta revela ainda com mais clareza porque, desta vez, nota-se um esforço para escrever direito. Caramba!!! Embora o Piauí tenha a pior renda per capita do Brasil, um deputado estadual de lá ganha o mesmo que seu homólogo em São Paulo: R$ 20.250! Tem ainda direito a R$ 45 mil por mês para contratar assessores e uma verba não-declarada para custos de transportes. Quero dizer com isso que Novo tem grana para contratar alguém plenamente alfabetizado para escrever suas cartas. Que importância isso tem??? Ele se diz jornalista. Tentou, inclusive, me ensinar a profissão, e isso implica algumas obrigações com a língua — dele, só aceito dicas de como sobreviver à queda de um monomotor e influenciar pessoas.
Novo não é “o povo do Piauí”. Não há nada mais ridículo do que querer mobilizar “nosso estado” e “nossa gente”, como ele escreve, contra um ator e contra um “jornalista do Sul do Brasil”, incentivando, ele sim, o preconceito regional. Trata-se de uma manipulação típica do antigo coronelismo, que é o que o PT e as esquerdas estão recriando no Nordeste. Estabelece-se uma espécie e cinturão mental na região, de sorte que “ninguém de fora” pode fazer indagações sobre os métodos que as elites políticas, de que ele faz parte, empregam para exercer o mando.
Também é mentira que tenha decidido cassar a licença da peça “à luz do direito” — com crase, jornalista! À luz do direito, ele violou os artigos 5º e 220 da Constituição. E ainda teve o péssimo gosto de evocar a Constituição Estadual. Constituições estaduais, municipais ou estatutos de clube e de condomínio não podem se sobrepor à Constituição Federal, rapaz! Se repetem o que vai na Carta maior, são redundantes; se negam, são inconstitucionais. Não têm valor normativo. Entendeu, ou preciso desenhar, já que sua relação com as palavras parece um tanto hostil?
O nobre jornalista avoca a Constituição Americana, que não se aplica no Brasil, pois somos uma nação com particularidades e leis diferentes, para decantar a liberdade de expressão.
Nobre” é a vovozinha! Eu sou plebeu! Você tentou ser demagogo ou é mesmo ignorante? Recorri à famosa Primeira Emenda da Constituição Americana como exemplo de texto que consagra a liberdade de expressão. Mas eu entendo: Novo é do tipo que acha que a gente ainda não está preparado para tanta liberdade! Citei aquele caso para demonstrar que, nos EUA, até mesmo legislar sobre liberdade de expressão, liberdade religiosa, direito de associação e direito de… reclamar direitos é proibido!
Que diabos quer dizer “Decantar a liberdade de expressão”? Como diria Paulo Francis, é coisa que merece chicote — metafórico, Excelência, metafórico!!! De toda sorte, saiba o deputado, a combinação dos Artigos 5º e 220 da Constituição Federal tem o efeito prático da Primeira Emenda. Isso quer dizer que o senhor e seus pares violaram a Constituição quando cassaram a licença de uma peça. Só isso! Os senhores disseram que, no Piauí, a Constituição Federal só tem validade se vocês decidirem. O senhor se comportou como o Saddam Hussein do Piauí! ISSO NÃO TORNA MENOS IDIOTA O QUE DISSE O TAL ATOR. Essa á uma falsa questão a que recorrem demagogos para transformar a política numa chanchada de indignados.
Aqui no Piauí defendemos liberdade de expressão, direitos individuais e como no restante do Brasil, condenamos quem ao arrepio da lei, pratica e destila preconceito e discriminação contra qualquer cidadão. Toda e qualquer pessoa tem o direito de se expressar, mas quando atinge a honra de um povo de forma depreciativa, também dentro da lei, responde pelos atos praticados.
Palavras também mentirosas! O senhor não tomou uma providência legal. Se decidisse processar o ator, certamente a ação não prosperaria porque nem mesmo se pode dizer que ele atacou pessoas: fez uma piada infeliz com uma cidade. O seu tipo é muito conhecido, sr. Novo! A literatura está cheia! Quantos foram, ao longo da história, os que, mobilizando sentimentos nativistas e afins, conduziram populações para o desastre? A demagogia é um dos degraus mais baixos da política, ali, bem pertinho da corrupção. Ninguém, no seu estado ou fora dali, recorreria contra a decisão, especialmente depois que, também ao arrepio da lei, o tal rapaz foi até ameaçado de prisão.
Ao declamar que “Teresina é o c. do mundo” o ator foi depreciativo com todos os teresinenses.
Isso é juízo de valor de político interessado em faturar com a causa. Os paulistanos maldizem sua cidade vinte vezes por dia. Falo porque vivo aqui. Seria lícito vedar a um não-paulistano uma fala facultada aos nativos da cidade? Tenha senso de ridículo, por favor!
Incorreu em preconceito e discriminação, segundo nossa lei vigente.
Qual lei vigente? Prove! Essas palavras são pura mistificação! Mais: se ele incorreu, a punição, então, não poderia ter sido aquela. O senhor deveria tê-lo processado! Cassar o teatro, por mais imbecil que ele seja, nunca! O senhor não é dono da lei! Não é dono da Constituição da República Federativa do Brasil. Ainda que consiga mobilizar milhões de piauienses com a sua cantilena, agiu ao arrepio da lei, como um tiranete.
Ao pedir desculpas a emenda saiu pior que o soneto, pois o ator se justificou achando que aquela expressão fazia parte da “cultura do Piauí.”
O fato de ele eventualmente ser bobo não lhe dá, Novo, o direito de usar a Constituição como achar melhor. A Carta vale também para os bobos.
Lamento que o nobre jornalista da VEJA defenda que o ator poderia vomitar o quem bem quisesse, em outras palavras, agredir sem nenhuma reação em troca. Existe uma lei física. A cada ação corresponde uma reação.
Nobre uma ova! Sou plebeu! De novo! Sim, ele poderia “vomitar” o que bem quisesse, ARCANDO COM AS CONSEQÜÊNCIAS LEGAIS, NÃO COM AS ILEGAIS! Entendeu, Novo? Você entendeu! Pode se fingir de bobo, mas a gente nota que é bem esperto. Isso está mais para Lei de Talião do que para Newton. Um e outro são maus operadores do Direito. Você é uma autoridade, rapaz! SÓ PODE FAZER O QUE A LEI PERMITE! O outro é um comum. Pode fazer tudo o que a lei não proíbe. A lei não o proíbe, ao ator, de dizer besteira. E a lei NÃO lhe permite, a você, Novo, cassar a licença para o espetáculo, motivado por um delito de opinião.
Novo, você é fraco nisso! Os piauienses fiquem tranqüilos. Não tomarei o deputado como média da forma como se opera o direito ou se debate no Piauí.
O Piauí reagiu!
Seria mais correto dizer que há pessoas manipulando a reação.
Reagimos firme e com serenidade.
Reagiu violando a Constituição Federal.
Não tentamos desqualificar ninguém, pois mesmo “analfabetos” e sem o nível intelectual elevado - assim nos acusa o jornalista - não faltamos com a educação.
Não seja ridículo! Você é precariamente alfabetizado e, vê-se, tem nível intelectual sofrível. O Piauí já deu grandes inteligências ao Brasil e dá ainda, em vários setores e de vários matizes. Comece lendo a minha grande paixão literária desde os 18 anos, o Mário Faustino, presente em epígrafe neste blog, desde sempre. O artífice jurídico da abertura política foi Petrônio Portella, do Piauí.
Não chamamos ninguém de coronel, bobocas, deputadozinho ou de canalhas caipiras. Nem mandamos ninguém se danar. Exigimos apenas respeito!
Você se comportou como um coronel, disse e diz coisas bobocas, atua como um deputadozinho quando tenta mobilizar o rancor contra da população. De canalha, não o chamei. Há canalhas enchendo o meu saco nos comentários, inclusive prometendo me cobrir de porrada para lavar a honra aviltada do Piauí. Você sabe muito bem que tipo de sentimento mobiliza com a sua pantomima regionalista, contra o “sul do Brasil”…
O nobre jornalista da VEJA em verdade perdeu o equilibrou, pois viu sua caixa de mensagens entupida de manifestações contrárias ao seu infeliz comentário.
Você não conhece este plebeu! Até parece que é a primeira vez…
Sem argumentos, desceu o salto da boa educação e partiu para o ataque. Foi tão deselegante, quanto o ator. Ficou tão nervoso que escorregou na língua portuguesa, pois não se apercebeu que o “taxar” que me refiro é ao ato de julgar. Neste caso cabe a grafia com “x” e não “ch”.
Olhem quem fala em escorregão na língua portuguesa. Seu texto é um gramaticocídio permanente. O “taxar” usado por você está errado, sim!, em que pese o debate se, por sentido associado, poderia se fazer também essa escolha. Claramente você empregou a palavra no sentido de “pôr tacha”, de apontar um defeito: quis dizer “tachado”. Até 2004, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa admitia, por exemplo, “xícara” e “chícara”. Quem escrevesse a palavra com “ch”, a rigor, não estava cometendo um erro. E como é que se distinguiria o eventual erudito, conhecedor das duas grafias, do ignorante rematado? Aí seria preciso ver o conjunto do texto. Uma “chícara” cercada de um gramaticocídio seria certamente uma evidência a mais de ignorância; ornada com a língua mais escorreita, provável prova de erudição. No seu caso, Novo, o que você acha que aconteceu: o seu “taxar” estaria no melhor jardim da “Última Flor do Lácio” ou cercado de ervas daninhas por todos os lados? Eu chamei o seu “taxar” de cereja da ignorância, não de manifestação única de incultura.
Com relação a minha vida profissional não necessito de nenhum minuto de fama, afinal sou feliz com o que conquistei, tanto como profissional da comunicação ou na minha carreira política. Graças a Deus isso é bem resolvido em mim.
Como “profissional de comunicação”, é? Desculpe a curiosidade: fazia o quê? Não vá me dizer que vivia de escrever!
Por fim, lamento que o Nobre jornalista não acompanhe de perto a evolução do Piauí.
“Acompanhar de perto”, creio, é obrigação dos piauienses. Mas os dados sobre o passado recent não são secretos.
De fato ainda há muito que se fazer, mas avançamos a passos largos. Nosso PIB é o que mais cresce do Brasil, segundo o IBGE, em 2008 avançamos 8,8%. O número de geração de empregos é recorde. Muitas empresas se instalam por aqui. Nossa produtividade de soja é a maior do Brasil. O IPEA também divulgou recente estudo que aponta o Piauí deixando a condição de estado mais pobre e a renda crescendo. Em outros estados os piauienses que disputam concursos se tornaram notáveis. Temos até a melhor escola do Brasil. Este é o Piauí que defendo e que não aceito, enquanto estiver na vida pública ou fora dela, como cidadão, o deboche, por quem quer que seja.
Fábio Novo
Deixe de demagogia! O “avanço a passos largos” deve estar ligado ao… partido que governa o Piauí! Acertei? Eu sou bidu mesmo! Por isso, fazer críticas ao estado, agora, passou a ser pecado. A cada dado positivo, como em qualquer lugar, poder-se-ia opor uma mazela. Isso nunca esteve em debate! Ainda que o Piauí fosse hoje uma potência superior à China, nada lhe dá o direito, rapaz, de atuar como o chefe do Partido Comunista Chinês, especialmente nessa linguagem que apela, você sim, ao confronto entre regiões, ao preconceito contra as pessoas do Sul, tudo isso que o seu partido tão bem manipula no Nordeste.
Novo quer me tratar como um “jornalista do Sul”, tentando me demonizar no seu estado. Não cola, não! Eu moro na segunda maior cidade nordestina do Brasil, que é São Paulo — só perde para Salvador. Por aqui, meu senhor, o preconceito se perdeu faz tempo! Aliás, a marca tem sido a diversidade. Esta capital “do Sul” (sic) que você abomina já elegeu para a Prefeitura um mato-grossense (Jánio), uma nordestina (Erundina), um santista (Mário Covas), um negro (Celso Pitta), um filho de imigrantes libaneses (Maluf). Até paulistano já se fez prefeito por aqui!!! Não entro no mérito das respectivas administrações! Estou falando sobre tolerância.
E o estado? Já foi governado, na República Velha, por um carioca (Washington Luiz) e por um alagoano (Albuquerque Lins), ambos premiados com nomes de estradas, ruas, praças etc. Jânio, o mato-grossense, também ocupou o cargo. Na ditadura getulista, teve até um interventor pernambucano: José Alberto Lins de Barros, aí eleito por ninguém — como, diga-se, o piauiense Francelino Pereira em Minas, durante a ditadura militar. Getúlio Vargas, o gaúcho, tornou-se senador por São Paulo, onde também fez carreira o pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva.
Venha ter aula de tolerância em São Paulo, Novo! Há muitos idiotas discriminadores por aqui, sim! Mas eles costumam apanhar da imprensa e não chegam ao poder! Sabe por quê? Daqui não se vê “quem sobe ou desce a rampa”, como bem sintetizou Caetano Veloso, antes de se deixar contaminar pela intolerância, caminho certo para a burrice e para a vigarice intelectual! Preconceituoso é você! Intolerante é você! Arrogante é você! Pior: numa atiude covarde, vai para o debate tentando “arrastar o povo”. Tenha a hombridade de debater com seus próprios instrumentos.
Você não é o primeiro a violar a Constituição alegando bons motivos. É só aquele que tem os argumentos mais pueris.
Por Reinaldo Azevedo
Imagem: ReproduçãoFábio Novo
Na sexta-feira (25), o deputado e presidente interino da Assembléia Legislativa do Piauí, Fábio Novo, cancelou a peça “Fica Frio” que seria apresentada no Cine Teatro da Assembléia, após comentário no facebook.No mesmo dia o jornalista e colunista da revista Veja, Reinaldo azevedo, escreveu um artigo criticando a atitude de Fábio Novo. Leia aqui
No sábado (26), o deputado Fábio Novo divulgou carta aos meios de comunicação respondendo ao jornalista Reinaldo Azevedo. Clique aqui para ler a carta
No domingo (27) Reinaldo Azevedo voltou a escrever um novo artigo em que responde o deputado Fábio Novo. Leia aqui
No mesmo dia Fábio Novo enviou aos meios de comunicação nova carta sobre o artigo do colunista da Veja. Clique aqui para ler a carta
Na madrugada desta segunda-feira (28), Reinaldo Azevedo escreveu seu terceiro artigo sobre o assunto.
Confira na íntegra o artigo abaixo ou clique aqui para ver o artigo direto na coluna do jornalista no site de VEJA:
Candidato a Saddam Hussein do Piauí quer aparecer. Tudo bem! Eu continuo a lhe dar aula de gramática e de tolerância!
O deputado estadual Fábio Novo (PT), presidente da Assembléia do Piauí, é mais antigo do que parece. Não pensem que ignoro que ele está jogando para a torcida, tentando aparecer às minhas custas, fazendo o jogo clássico do populismo, que consiste em apelar às massas para aviltar as leis e as instituições. Também gosta de um factóide. Os que tiverem alguma curiosidade procurem no Google seu nome associado a um acidente aéreo. Vocês verão como um pouso forçado de avião virou uma queda, da qual sobreviveu. Seus adversários andaram dizendo coisas estranhas à época sobre a aeronave. Há um monte de gente querendo me oferecer pencas de informação sobre seu jeito de fazer política. Seu modo muito particular de ser afoito parece não ser uma unanimidade no Piauí nem entre seus pares. Mas eu não me importo muito com essas coisas, não, gente! Deixo para os repórteres investigativos que se interessarem. Eu me aplico ao debate sobre democracia.
Prestei atenção, claro!, a sua salvação quase milagrosa! Um predestinado este rapaz ,que se diz também “jornalista” e “ator”, embora sua alfabetização não seja menos precária do que seu amor pela liberdade de expressão, inclusive a dos palcos! Já respondi a uma carta sua. Ele fez outra. Está encantado com o destaque que a mídia local tem lhe dado. Imaginem: o Santo Guerreiro (ele) contra o Dragão da Maldade (eu)!!! Que aproveite bem a onda! Volto a ele porque há uma questão gramatical em pauta. Aí vem o oblívio, salvo uma nova queda de avião, com a segunda ressurreição… Cristo se contentou com uma. Novo tem pinta de que pode optar por duas. Depois, se for o caso, volto a Caetano Veloso, que é Caetano porque é velho… Transcrevo a sua carta em vermelho e respondo em azul. Isso dispensa uma tal “Elzita” de ficar me mandando obsessivamente o texto. Espero que seja ao menos trabalho remunerado—- se é que “Elzita” não é um heterônimo…
CARTA ABERTA AO POVO DO PIAUÍ
Assisto perplexo a inversão dos valores, que se tenta a todo custo, imprimir nos últimos dias em relação ao episódio Marauê. Nosso Estado e nossa gente foram discriminados por um ator, aqui bem recepcionado, como ele mesmo disse ao pedir desculpas, após a besteira que fez. Se não bastasse um jornalista do sul do Brasil, a todo custo, defende e dissemina o preconceito e a discriminação. Quando nos levantamos contra esse sentimento medieval, a luz do direito e com elegância, sem argumentos o nobre jornalista parte para o ataque. Nos chama de analfabetos, coronel e se não bastasse, o mesmo jornalista, faz questão de tentar reduzir o Piauí a uma terra nada abonadora, segundo os indicadores do IBGE.
As palavras de Novo são mentirosas! Não chamei os piauienses de “analfabetos”. Novo, ele sim, é, sem dúvida, precariamente alfabetizado, o que a sua segunda carta revela ainda com mais clareza porque, desta vez, nota-se um esforço para escrever direito. Caramba!!! Embora o Piauí tenha a pior renda per capita do Brasil, um deputado estadual de lá ganha o mesmo que seu homólogo em São Paulo: R$ 20.250! Tem ainda direito a R$ 45 mil por mês para contratar assessores e uma verba não-declarada para custos de transportes. Quero dizer com isso que Novo tem grana para contratar alguém plenamente alfabetizado para escrever suas cartas. Que importância isso tem??? Ele se diz jornalista. Tentou, inclusive, me ensinar a profissão, e isso implica algumas obrigações com a língua — dele, só aceito dicas de como sobreviver à queda de um monomotor e influenciar pessoas.
Novo não é “o povo do Piauí”. Não há nada mais ridículo do que querer mobilizar “nosso estado” e “nossa gente”, como ele escreve, contra um ator e contra um “jornalista do Sul do Brasil”, incentivando, ele sim, o preconceito regional. Trata-se de uma manipulação típica do antigo coronelismo, que é o que o PT e as esquerdas estão recriando no Nordeste. Estabelece-se uma espécie e cinturão mental na região, de sorte que “ninguém de fora” pode fazer indagações sobre os métodos que as elites políticas, de que ele faz parte, empregam para exercer o mando.
Também é mentira que tenha decidido cassar a licença da peça “à luz do direito” — com crase, jornalista! À luz do direito, ele violou os artigos 5º e 220 da Constituição. E ainda teve o péssimo gosto de evocar a Constituição Estadual. Constituições estaduais, municipais ou estatutos de clube e de condomínio não podem se sobrepor à Constituição Federal, rapaz! Se repetem o que vai na Carta maior, são redundantes; se negam, são inconstitucionais. Não têm valor normativo. Entendeu, ou preciso desenhar, já que sua relação com as palavras parece um tanto hostil?
O nobre jornalista avoca a Constituição Americana, que não se aplica no Brasil, pois somos uma nação com particularidades e leis diferentes, para decantar a liberdade de expressão.
Nobre” é a vovozinha! Eu sou plebeu! Você tentou ser demagogo ou é mesmo ignorante? Recorri à famosa Primeira Emenda da Constituição Americana como exemplo de texto que consagra a liberdade de expressão. Mas eu entendo: Novo é do tipo que acha que a gente ainda não está preparado para tanta liberdade! Citei aquele caso para demonstrar que, nos EUA, até mesmo legislar sobre liberdade de expressão, liberdade religiosa, direito de associação e direito de… reclamar direitos é proibido!
Que diabos quer dizer “Decantar a liberdade de expressão”? Como diria Paulo Francis, é coisa que merece chicote — metafórico, Excelência, metafórico!!! De toda sorte, saiba o deputado, a combinação dos Artigos 5º e 220 da Constituição Federal tem o efeito prático da Primeira Emenda. Isso quer dizer que o senhor e seus pares violaram a Constituição quando cassaram a licença de uma peça. Só isso! Os senhores disseram que, no Piauí, a Constituição Federal só tem validade se vocês decidirem. O senhor se comportou como o Saddam Hussein do Piauí! ISSO NÃO TORNA MENOS IDIOTA O QUE DISSE O TAL ATOR. Essa á uma falsa questão a que recorrem demagogos para transformar a política numa chanchada de indignados.
Aqui no Piauí defendemos liberdade de expressão, direitos individuais e como no restante do Brasil, condenamos quem ao arrepio da lei, pratica e destila preconceito e discriminação contra qualquer cidadão. Toda e qualquer pessoa tem o direito de se expressar, mas quando atinge a honra de um povo de forma depreciativa, também dentro da lei, responde pelos atos praticados.
Palavras também mentirosas! O senhor não tomou uma providência legal. Se decidisse processar o ator, certamente a ação não prosperaria porque nem mesmo se pode dizer que ele atacou pessoas: fez uma piada infeliz com uma cidade. O seu tipo é muito conhecido, sr. Novo! A literatura está cheia! Quantos foram, ao longo da história, os que, mobilizando sentimentos nativistas e afins, conduziram populações para o desastre? A demagogia é um dos degraus mais baixos da política, ali, bem pertinho da corrupção. Ninguém, no seu estado ou fora dali, recorreria contra a decisão, especialmente depois que, também ao arrepio da lei, o tal rapaz foi até ameaçado de prisão.
Ao declamar que “Teresina é o c. do mundo” o ator foi depreciativo com todos os teresinenses.
Isso é juízo de valor de político interessado em faturar com a causa. Os paulistanos maldizem sua cidade vinte vezes por dia. Falo porque vivo aqui. Seria lícito vedar a um não-paulistano uma fala facultada aos nativos da cidade? Tenha senso de ridículo, por favor!
Incorreu em preconceito e discriminação, segundo nossa lei vigente.
Qual lei vigente? Prove! Essas palavras são pura mistificação! Mais: se ele incorreu, a punição, então, não poderia ter sido aquela. O senhor deveria tê-lo processado! Cassar o teatro, por mais imbecil que ele seja, nunca! O senhor não é dono da lei! Não é dono da Constituição da República Federativa do Brasil. Ainda que consiga mobilizar milhões de piauienses com a sua cantilena, agiu ao arrepio da lei, como um tiranete.
Ao pedir desculpas a emenda saiu pior que o soneto, pois o ator se justificou achando que aquela expressão fazia parte da “cultura do Piauí.”
O fato de ele eventualmente ser bobo não lhe dá, Novo, o direito de usar a Constituição como achar melhor. A Carta vale também para os bobos.
Lamento que o nobre jornalista da VEJA defenda que o ator poderia vomitar o quem bem quisesse, em outras palavras, agredir sem nenhuma reação em troca. Existe uma lei física. A cada ação corresponde uma reação.
Nobre uma ova! Sou plebeu! De novo! Sim, ele poderia “vomitar” o que bem quisesse, ARCANDO COM AS CONSEQÜÊNCIAS LEGAIS, NÃO COM AS ILEGAIS! Entendeu, Novo? Você entendeu! Pode se fingir de bobo, mas a gente nota que é bem esperto. Isso está mais para Lei de Talião do que para Newton. Um e outro são maus operadores do Direito. Você é uma autoridade, rapaz! SÓ PODE FAZER O QUE A LEI PERMITE! O outro é um comum. Pode fazer tudo o que a lei não proíbe. A lei não o proíbe, ao ator, de dizer besteira. E a lei NÃO lhe permite, a você, Novo, cassar a licença para o espetáculo, motivado por um delito de opinião.
Novo, você é fraco nisso! Os piauienses fiquem tranqüilos. Não tomarei o deputado como média da forma como se opera o direito ou se debate no Piauí.
O Piauí reagiu!
Seria mais correto dizer que há pessoas manipulando a reação.
Reagimos firme e com serenidade.
Reagiu violando a Constituição Federal.
Não tentamos desqualificar ninguém, pois mesmo “analfabetos” e sem o nível intelectual elevado - assim nos acusa o jornalista - não faltamos com a educação.
Não seja ridículo! Você é precariamente alfabetizado e, vê-se, tem nível intelectual sofrível. O Piauí já deu grandes inteligências ao Brasil e dá ainda, em vários setores e de vários matizes. Comece lendo a minha grande paixão literária desde os 18 anos, o Mário Faustino, presente em epígrafe neste blog, desde sempre. O artífice jurídico da abertura política foi Petrônio Portella, do Piauí.
Não chamamos ninguém de coronel, bobocas, deputadozinho ou de canalhas caipiras. Nem mandamos ninguém se danar. Exigimos apenas respeito!
Você se comportou como um coronel, disse e diz coisas bobocas, atua como um deputadozinho quando tenta mobilizar o rancor contra da população. De canalha, não o chamei. Há canalhas enchendo o meu saco nos comentários, inclusive prometendo me cobrir de porrada para lavar a honra aviltada do Piauí. Você sabe muito bem que tipo de sentimento mobiliza com a sua pantomima regionalista, contra o “sul do Brasil”…
O nobre jornalista da VEJA em verdade perdeu o equilibrou, pois viu sua caixa de mensagens entupida de manifestações contrárias ao seu infeliz comentário.
Você não conhece este plebeu! Até parece que é a primeira vez…
Sem argumentos, desceu o salto da boa educação e partiu para o ataque. Foi tão deselegante, quanto o ator. Ficou tão nervoso que escorregou na língua portuguesa, pois não se apercebeu que o “taxar” que me refiro é ao ato de julgar. Neste caso cabe a grafia com “x” e não “ch”.
Olhem quem fala em escorregão na língua portuguesa. Seu texto é um gramaticocídio permanente. O “taxar” usado por você está errado, sim!, em que pese o debate se, por sentido associado, poderia se fazer também essa escolha. Claramente você empregou a palavra no sentido de “pôr tacha”, de apontar um defeito: quis dizer “tachado”. Até 2004, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa admitia, por exemplo, “xícara” e “chícara”. Quem escrevesse a palavra com “ch”, a rigor, não estava cometendo um erro. E como é que se distinguiria o eventual erudito, conhecedor das duas grafias, do ignorante rematado? Aí seria preciso ver o conjunto do texto. Uma “chícara” cercada de um gramaticocídio seria certamente uma evidência a mais de ignorância; ornada com a língua mais escorreita, provável prova de erudição. No seu caso, Novo, o que você acha que aconteceu: o seu “taxar” estaria no melhor jardim da “Última Flor do Lácio” ou cercado de ervas daninhas por todos os lados? Eu chamei o seu “taxar” de cereja da ignorância, não de manifestação única de incultura.
Com relação a minha vida profissional não necessito de nenhum minuto de fama, afinal sou feliz com o que conquistei, tanto como profissional da comunicação ou na minha carreira política. Graças a Deus isso é bem resolvido em mim.
Como “profissional de comunicação”, é? Desculpe a curiosidade: fazia o quê? Não vá me dizer que vivia de escrever!
Por fim, lamento que o Nobre jornalista não acompanhe de perto a evolução do Piauí.
“Acompanhar de perto”, creio, é obrigação dos piauienses. Mas os dados sobre o passado recent não são secretos.
De fato ainda há muito que se fazer, mas avançamos a passos largos. Nosso PIB é o que mais cresce do Brasil, segundo o IBGE, em 2008 avançamos 8,8%. O número de geração de empregos é recorde. Muitas empresas se instalam por aqui. Nossa produtividade de soja é a maior do Brasil. O IPEA também divulgou recente estudo que aponta o Piauí deixando a condição de estado mais pobre e a renda crescendo. Em outros estados os piauienses que disputam concursos se tornaram notáveis. Temos até a melhor escola do Brasil. Este é o Piauí que defendo e que não aceito, enquanto estiver na vida pública ou fora dela, como cidadão, o deboche, por quem quer que seja.
Fábio Novo
Deixe de demagogia! O “avanço a passos largos” deve estar ligado ao… partido que governa o Piauí! Acertei? Eu sou bidu mesmo! Por isso, fazer críticas ao estado, agora, passou a ser pecado. A cada dado positivo, como em qualquer lugar, poder-se-ia opor uma mazela. Isso nunca esteve em debate! Ainda que o Piauí fosse hoje uma potência superior à China, nada lhe dá o direito, rapaz, de atuar como o chefe do Partido Comunista Chinês, especialmente nessa linguagem que apela, você sim, ao confronto entre regiões, ao preconceito contra as pessoas do Sul, tudo isso que o seu partido tão bem manipula no Nordeste.
Novo quer me tratar como um “jornalista do Sul”, tentando me demonizar no seu estado. Não cola, não! Eu moro na segunda maior cidade nordestina do Brasil, que é São Paulo — só perde para Salvador. Por aqui, meu senhor, o preconceito se perdeu faz tempo! Aliás, a marca tem sido a diversidade. Esta capital “do Sul” (sic) que você abomina já elegeu para a Prefeitura um mato-grossense (Jánio), uma nordestina (Erundina), um santista (Mário Covas), um negro (Celso Pitta), um filho de imigrantes libaneses (Maluf). Até paulistano já se fez prefeito por aqui!!! Não entro no mérito das respectivas administrações! Estou falando sobre tolerância.
E o estado? Já foi governado, na República Velha, por um carioca (Washington Luiz) e por um alagoano (Albuquerque Lins), ambos premiados com nomes de estradas, ruas, praças etc. Jânio, o mato-grossense, também ocupou o cargo. Na ditadura getulista, teve até um interventor pernambucano: José Alberto Lins de Barros, aí eleito por ninguém — como, diga-se, o piauiense Francelino Pereira em Minas, durante a ditadura militar. Getúlio Vargas, o gaúcho, tornou-se senador por São Paulo, onde também fez carreira o pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva.
Venha ter aula de tolerância em São Paulo, Novo! Há muitos idiotas discriminadores por aqui, sim! Mas eles costumam apanhar da imprensa e não chegam ao poder! Sabe por quê? Daqui não se vê “quem sobe ou desce a rampa”, como bem sintetizou Caetano Veloso, antes de se deixar contaminar pela intolerância, caminho certo para a burrice e para a vigarice intelectual! Preconceituoso é você! Intolerante é você! Arrogante é você! Pior: numa atiude covarde, vai para o debate tentando “arrastar o povo”. Tenha a hombridade de debater com seus próprios instrumentos.
Você não é o primeiro a violar a Constituição alegando bons motivos. É só aquele que tem os argumentos mais pueris.
Por Reinaldo Azevedo
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