Os três irmãos presos na Operação Juros Altos, deflagrada na manhã desta quarta-feira (21), pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, já debocharam do delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO, após terem sido alvos de outra ação em maio deste ano, no município de São Raimundo Nonato, que teve o objetivo de desarticular uma célula do PCC.
Durante a Operação DRACO 117, os irmãos Tomaz Oliveira Gomes, Joel de Oliveira Gomes e Luís Gonzaga de Oliveira Gomes foram encaminhados para a sede da delegacia de São Raimundo Nonato, onde prestaram esclarecimentos acerca do material encontrado e foram liberados.
Após serem soltos, os três gravaram um vídeo rindo do delegado Charles Pessoa. “Bora Charlin. Solto e livre, hein Charles! Somos a [inaudível]”, disseram os irmãos.
Esbanjador
Antes da Operação DRACO 117, Tomaz Oliveira Gomes gravou um vídeo e expôs na rede social ostentando R$ 60 mil (sessenta mil reais) em notas de R$ 100,00 e R$ 50,00 dentro de um carro de luxo, em uma aposta política no município de Dirceu Arcoverde.
No vídeo obtido pela Coluna do jornalista Brunno Suênio, na época, ele aparece contando os volumosos maços de dinheiro vivo. “Eu falei para ir por 50 e os 50 pau tá aqui [sic], tem mais trocado, tem tudo, entendeu? Tô com 60 pau aqui para apostar no Carlão do Feijão”, diz trecho.
Operação Juros Altos
O Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) deflagrou a Operação “Juros Altos” em São Raimundo Nonato, Teresina, Timon-MA e São Paulo, na manhã desta quarta-feira (21) com o objetivo de desarticular um núcleo criminoso familiar na região Sul do estado, responsável por uma série de crimes como organização criminosa, usura, extorsões, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 13 treze mandados de busca e apreensão, além de 24 medidas cautelares, incluindo o bloqueio de bens e valores em dinheiro, e a apreensão de veículos de luxo contra os alvos que integram um núcleo familiar que, além de compor uma organização criminosa, praticava diversos crimes na região de São Raimundo Nonato, com foco na extorsão violenta e cobrança de dívidas impagáveis através da usura.
Entre os investigados, destacam-se: - J. O. G: Principal responsável pela lavagem de dinheiro, utilizava-se de agiotagem e extorsão para dissimular os recursos oriundos de atividades criminosas. - I. G. O: Companheira de J.O.G, atuava na ocultação de patrimônio e administração dos recursos ilícitos. - D. G. O (vulgo "Tan Tan"): Envolvido na aquisição e ocultação de veículos de luxo, usados para camuflar o enriquecimento ilícito. - T. O. G: Executor das ordens do grupo, conhecido por sua violência extrema nas ações de cobrança de dívidas. - L. G. O (vulgo "Cabeludo"): Líder local da organização, comandava as operações de cobrança com uso de ameaças e violência. - J. F. S: Esposa de L.G.O, intermediária nas transações financeiras ilícitas.
Áudios
O GP1 obteve, nesta quarta-feira (21), áudios extraídos pela Polícia Civil do Piauí com autorização judicial que mostram como agiam os alvos da Operação Juros Altos, deflagrada nesta manhã com o objetivo de desarticular um núcleo criminoso familiar na região sul do estado, responsável por uma série de crimes como organização criminosa, usura, extorsões, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Nos áudios, os investigados ameaçam e extorquem as vítimas. Um dos alvos chegou a ir até à casa da mãe de um devedor, mas soube que ela havia se mudado para São Paulo, enquanto outro ameçou chamar ajuda de faccionados do PCC.
“Olha galega, tu fala para esse ‘noia’ do teu marido aí, que eu já fui na casa da mãe dele e as vizinhas me falaram que ela foi para São Paulo para onde o marido, e vocês se mudaram daí, mas eu vi ele na rua, mas na hora que eu ver ele na rua o que ele tiver eu vou tomar, ou carro ou moto, eu vou tomar, para ele pagar a minha dívida, para ele dar parte [à polícia] e a gente resolver você pode botar fé na minha palavra. Ele tem que pagar o meu dinheiro”, afirmou.
Em outra conversa, o alvo ameaça acionar membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Zelito, se tu não vier me acertar, eu vou mandar os caras do PCC atrás de tu, entendeu? E na hora que eu te ver, tu vai ver”, disse.
Já em outro áudio, ele diz que está na frente da casa de um devedor e que a pessoa não paga porque é miserável. “Eu tô bem aqui na sua casa entendeu? Você tem dinheiro para pagar e não paga porque de ruim que é, de miserável que é, porque você tem moto, tem carro, aqui [...] e você vai me pegar meu dinheiro [...] mesmo que a gente se mate, nós dois, porque não tô nem ai com minha vida [...]”, ameaçou.
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