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Veja como atuava organização criminosa alvo da Operação Inventário

Foram presas 11 pessoas na operação, no entanto, oito são apontados como os principais membros.

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (27) sobre a “Operação Inventário”, a Polícia Civil do Piauí explicou como atuava a organização criminosa especializada em fraudes a inventários a fim de obter patrimônio de pessoas falecidas.

Foram presas 11 pessoas na operação, no entanto, oito são apontados como sendo os principais membros da organização criminosa. São eles: D.S.S., preso em Ribeirão Preto (SP); A.C.V.O., presa em Ribeirão Preto (SP); D.G.O.A., preso em Teresina (PI); N.M.S., presa em Guaraqueçaba (PR); D.G.M., preso em João Pessoa (PB); E.L.M.S., L.E.S. e E.M.A., presos em Teresina (PI).


D.S.S.

Preso em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, ele foi apontado como sendo o líder da organização criminosa.

Segundo o delegado Anchieta Nery, D.S.S. era empresário e tinha informação privilegiada sobre os falecidos. “Ele é uma pessoa que se apresentava em Teresina como empresário. Tinha como propriedade de fato duas empresas, uma em Teresina e uma em São Paulo. Ele optou por colocar essas empresas em nome de terceiros. Ele se apresentava como uma pessoa de grandes posses financeiras, passeios de embarcações, veículos de luxo. A partir da obtenção dessas informações privilegiadas, ele passou a procurar advogados com acessos suficientes para o andamento desses processos em uma velocidade diferente da normal e com cuidados aquém do normal”, explicou.

A.C.V.O.

Ela também foi presa em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo. A empresária, que é esposa de D.S.S. e mãe de D.G.O.A., era responsável por receber valores dos advogados contratados.

D.G.O.A.

Preso em Miguelópolis, no estado de São Paulo, é filho de A.C.V.O. e enteado de D.S.S.. Ele também era responsável por receber valores dos advogados contatados por D.S.S. e repassar o dinheiro a ele.

N.M.S.

Presa em Guaraqueçaba, no Paraná, era uma das advogadas contratadas por D.S.S.. Ela era responsável por peticionar ações fraudulentas junto ao Poder Judiciário.

D.G.M.

O guarda municipal de Caxias, D.G.M., foi preso em João Pessoa, na Paraíba. Ele é neto de uma juíza e figura como investigado pelo fato de ter recebido valores financeiros de D.S.S. para facilitar ou agilizar o despacho do processo na comarca de Demerval Lobão.

E.L.M.S.

Ele foi preso em Teresina, no Piauí, e é um dos advogados contratados por D.S.S. responsável por peticionar ações fraudulentas junto ao Poder Judiciário.

L.E.S.

Ela foi presa em Teresina com cerca de R$ 30 mil em dinheiro e uma pistola roubada de um perito da Polícia Federal. Ela é esposa de E.L.M.S. e também atuava na organização criminosa, peticionando ações fraudulentas na Justiça.

E.M.A

A advogada E.M.A. também foi presa em Teresina. Ela era responsável por peticionar ações fraudulentas no Poder Judiciário em favor de D.S.S.

Operação Inventário

Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (27), na seda da Delegacia Geral da Polícia Civil do Piauí, o delegado Matheus Zanatta, um dos titulares do inquérito policial, detalhou como se deu o início das investigações até se chegar à fase ostensiva da ação policial, ocorrida nessa quarta-feira (26), nos estados do Piauí, Paraíba, São Paulo e Paraná.

“Isso começou a ser investigado no final do ano passado, quando chegou uma denúncia de um processo fraudulento de inventário em Demerval Lobão, onde lá foram expedidas algumas decisões fazendo o bloqueio de ativos financeiros do inventariado, levantado alvarás judiciais no valor de quase R$ 500 mil. No decorrer das investigações, descobrimos outros quatro processos trabalhistas em Barra do Corda-MA, todos eles no mesmo modo de operação, eram ações trabalhistas fraudulentas onde tinha a confecção de acordos trabalhistas fraudulentos. Esses acordos eram homologados pelo juiz, era feito o bloqueio de ativos financeiros e, mediante decisão judicial, era feito o levantamento de alvarás judiciais e dos valores. Importante frisar que dessas quatro ações trabalhistas, três tinham o mesmo reclamado, que é o seu Rui Santiago Porto, e também era o mesmo inventariado da ação de Demerval Lobão”, contou o delegado.

Foto: Alef Leão/GP1Delegado Matheus Zanatta
Delegado Matheus Zanatta

No decorrer das investigações, a Polícia Civil do Piauí conseguiu identificar indícios de fraudes em outras cidades do interior do estado, com atuação do mesmo grupo criminoso.

“Continuando as investigações, descobrimos outros processos fraudulentos, um na comarca de São Pedro do Piauí e mais outro na comarca de Demerval Lobão, todos eles feitos pela mesma organização criminosa, uma organização que existia uma divisão de tarefas onde tinha advogados que protocolavam as ações, existia a figura do líder que tinha informação privilegiada, tinha também as pessoas que pegavam o dinheiro ilícito e lavavam esse dinheiro comprando carros de luxo, imóveis e investindo em pessoas jurídicas”, destacou.

Velho golpe

De acordo com o delegado Anchieta Nery, o golpe percebido pela Polícia Civil é bastante comum no Brasil e tem cada vez mais sido alvo de ações das polícias em todo o território nacional.

Foto: Alef Leão/GP1Delegado Anchieta Nery
Delegado Anchieta Nery

“Esse é um tipo de golpe que existe há anos no Brasil, o Poder Judiciário não tem condições técnicas de, imediatamente, identificar como falso um documento apresentado por uma pessoa certificada e que tem fé pública para isso como, por exemplo, um advogado. A maioria dos alvos são pessoas que falecem com um patrimônio milionário, mas essa organização criminosa, dessa vez, escolheu uma pessoa do Paraná, acreditando que essa pessoa não tinha herdeiros quando, na verdade, essa pessoa tinha família, que necessitava desses recursos, família diligente, assistida por um advogado, que conseguiu identificar esse crime e o Poder Judiciário acionou a Polícia Civil”, pontuou.

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